Atingido
pelo corte de gastos no governo federal, o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) encolheu o questionário do censo agropecuário, que
começa em outubro.
Racismo Ambiental
- A pesquisa, que deveria ocorrer a cada dez anos para obter uma radiografia do
campo no Brasil, seria feita em 2015, mas foi adiada.
SECA 1
O
número de recenseadores também diminuiu: dos 80 mil previstos, serão
contratados 26 mil. Um documento interno sobre o censo admite que “é sensível
que a redução do questionário foi drástica, […] contudo ele atende minimamente
à demanda de atualização”. Questões sobre agricultura familiar, uso de
agrotóxicos e raça das pessoas, por exemplo, sumiram.
SECA 2
“Haverá um prejuízo irrecuperável para a
série histórica de alguns itens”, afirma Dione Oliveira, do sindicato de
servidores do instituto. O IBGE, via assessoria, diz que o censo foi
“redesenhado” para ser “exequível” com o orçamento de R$ 505 milhões (50% do
esperado). E que são seguidas recomendações internacionais “para preservar as informações essenciais”.
Reações
A
professora, educadora e pesquisadora da FAE/UFMG e que já exerceu a função de Ministra
das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos do
Brasil no governo de Dilma Rousseff, Nilma Lino Gomes foi uma das primeiras a
comentar o fato. Ao compartilhar a matéria em sua página, ela indagou: “Lembram-se de quando falei que o governo
golpista mataria as políticas de igualdade racial e demais políticas sociais,
dos últimos 13 anos, por inanição”? Para Nilma Lino, "cortar o quesito raça
e outros importantes para se compreender a desigualdade brasileira do Censo Rural
faz parte dessa estratégia" e é categórica ao realçar:
“Uma das primeiras afirmações que um dos
ministros do golpe falou é que no governo deles teria "menos pesquisa
" e mais ação.
Ora, sem dados que ajudem a comprovar
as denúncias históricas de desigualdades e racismo, realizadas pelos movimentos
sociais, ficará fácil para os golpistas implementarem o seu projeto de poder e
de retrocesso de direitos”.