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Tragédia em escola de São Paulo estaria relacionada a caso de racismo

 

Mãe de uma das professoras feridas deixa a escola após o crime – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.

Após tragédia que aconteceu na Escola Estadual Thomazia Montoro (SP), um aluno relatou a repórteres que estavam no local, que a ação estaria relacionada a um caso de racismo ocorrido na semana passada, que gerou uma briga entre o autor e outro estudante.

“Ele e o menino começaram a brigar porque ele chamou o menino de preto, macaco. O menino não gostou e partiu para cima dele. Ai a Beth, que é a professora, separou. Hoje, esse menino que chamou o outro de macaco veio com uma faca e esfaqueou várias vezes”, contou o garoto em frente à escola.

A professora citada pelo aluno, é Elisabete Tenreiro, de 71 anos. Ela teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário, da USP na manhã desta segunda-feira (27). Além dela, mais três professoras e um aluno foram atingidos e encaminhados para os hospitais das Clínicas, Bandeirantes, Universitário e São Luís. Um aluno foi socorrido em estado de choque, mas sem ferimentos.

O agressor, um aluno de 13 anos do oitavo ano na escola, foi desarmado por outras professoras, até ser apreendido por policiais e levado para o 34° DP, onde o caso foi registrado. Em entrevista a TV Globo, pais que estavam na porta da escola relataram que agressões físicas e denuncias de casos de bullying são frequentes na escola.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse em suas redes sociais que lamenta a tragédia ocorrida em São Paulo.

“Tristeza profunda pela tragédia de São Paulo que deixou uma professora morta, após ser esfaqueada por um aluno do oitavo ano. Além dela, pelo menos outras três pessoas foram feridas. Sou professora e me solidarizo muito com essa colega, com as famílias e toda comunidade escolar. Estamos disponíveis e vamos trabalhar para que as escolas sejam lugares seguros para crianças, jovens e toda a comunidade escolar”, conclui o post.

Educação como instrumento antirracista

Lavini Castro, é Educadora Antirracista Idealizadora e Coordenadora da Rede de Professores Antirracistas, e disse ao Noticia Preta sobre a importância, lei 10.639/2003, hoje alterada para a Lei 11.645/2006, que torna obrigatória a aprendizagem nas escolas, sobre o reconhecimento da pluralidade do povo brasileiro evidenciando as contribuições dos grupos raciais colocados em segundo plano ao inserir a valorização das histórias e culturas afro-brasileiras e indígenas.

Ela destaca que a aplicação da lei ajuda é uma forma de reconhecer a importância dos grupos sistematicamente excluídos e que tais leis tratam de estimular a produção de conhecimentos, gerar a valorização da cultura negra e indígena, a fim de desenvolver a noção de pertencimento étnico-racial, visando a construção de uma nação democrática, onde todos possam ter seus direitos garantidos e sua identidade valorizada.

“Na prática, busca enriquecer o currículo escolar a fim de possibilitar o reconhecimento da positivação da imagem negra através de sua história e cultura, promovendo assim condições de empoderamento e ampliação da participação de tais grupos em diferentes espaços sociais”, destaca.

Apesar da obrigatoriedade da lei, Lavini conta que a mesma ainda não vigora em boa parte das escolas do país, conforme pesquisas da área.

“Tal fato se deve a um conjunto de fatores, tais como a carência de disciplinas nas universidade para a formação de professores habilitados a discutir a temática racial e das histórias e culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas”. 

Ela também destaca que os princípios da lei devam ser aplicados pelos professores pertencentes a esse grupo racial para alunos desse mesmo grupo, muitas vezes a desculpa é “mas não temos alunos negros ou indígenas então não precisamos aplicar tal lei”, muito embora seja um problema da sociedade, mas não é visto assim.
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Com informações do Notícia Preta.

Estudante negra é proibida de entrar na escola por não ter cabelo liso

(FOTO | Reprodução).


Por causa dos cabelos crespos, a estudante Eloah Monique Tavares, 13 anos, foi impedida de entrar na escola militarizada onde estuda, por um funcionário também negro e militar reformado. O episódio aconteceu no Colégio Municipal Doutor João Paim, em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador, no dia 21 de março, e está sendo acompanhado pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA). A unidade de ensino e as demais do gênero na Bahia poderão agora ser obrigadas a rever as regras de ingresso nos estabelecimentos. A família da estudante registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e, segundo o advogado da mesma, ações nas áreas criminal e cível já estão em andamento. O episódio gerou uma série de denúncias do mesmo teor, que também serão apuradas.

Segundo Eloah, que cursa a 7º ano do ensino fundamental, a cena protagonizada por ela aconteceu na porta da escola e foi testemunhada por outros estudantes e pais de alunos, que nada fizeram, se limitando a acompanhar tudo em silêncio. “Quando cheguei na entrada do colégio, o inspetor falou que meu cabelo estava muito ‘inchado’ e que eu não estava adequada para assistir as aulas”, disse a estudante ao Correio.

Segundo ela, mesmo argumentando que morava longe, o inspetor de ensino insistiu nas ofensas. “Ele disse que eu precisava alisar o meu cabelo porque estava fora dos padrões. Quando fui embora, chorando, bastante estressada, e já atravessando a rua, ele começou a gritar comigo, dizendo que se eu não me adequasse, minha mãe teria que pedir minha transferência para outro colégio”.

Regras

O motivo da polêmica, segundo a estudante, foi a falta de “redinha” de prender o cabelo, acessório obrigatório para os estudantes, segundo o regulamento.Eu sempre usei essa redinha, tenho consciência das regras, mas perdi a minha e avisei que isso tinha acontecido. Fui duas vezes pra aula sem essa rede para o cabelo e só na terceira aconteceu esse problema todo.”

Monique considera que foi vítima de racismo e afirma que vai continuar frequentando a mesma escola. “Eu e minha mãe decidimos isso. Sei que não é o colégio que faz as regras, mas o regime militar. Infelizmente, fui vítima de racismo sim. O jeito que o inspetor falou comigo foi muito agressivo, muito ofensivo”, lamenta.

A vigilante Jaciara Tavares, 31, mãe de Eloah, também considera que a filha foi alvo de “preconceito rasgado”. Ela admite que a única falha da filha foi não usar a rede que cobre o coque, mas argumenta que nada justificaria a não aceitação de cabelo crespo, “que é naturalmente mais volumoso, mesmo quando preso”. “Proibir o estudante de ter acesso à escola só porque ele tem cabelo duro é indignante, constrangedor. Eu e minha filha nunca passamos por situação parecida antes, pelo menos dessa forma , tão descarada”, lamenta. A possibilidade de mudar a filha de escola, segundo ela, chegou a ser cogitada, mas ambas chegaram ao consenso de que Eloah é, agora, “porta-voz de todas as meninas negras”.

Tortura

Para o advogado da família, Marcos Alan Hora, trata-se de indiscutível prática de racismo. “É crime emblemático impedir o acesso de um estudante a qualquer estabelecimento de ensino, sobretudo público, simplesmente por causa de seu cabelo e, principalmente, quando a vítima é menor de idade”, disse.

De acordo com Horta, a conduta do policial reformado que trabalha na escola é respaldada por uma decisão interna da instituição e que, por isso, cabe um termo de ajuste de conduta (TAC) para alterar ou eliminar as regras vigentes. “Esperamos que essas regras, pelo menos, mudem. O próprio movimento negro da Bahia está atuando para que isso ocorra, e que o fato seja devidamente apurado e reparado. É degradante julgar uma pessoa por sua origem genética no afã de atender a uma norma ou formalidade. Além de racismo, é uma prática de tortura”, assevera.

Ele afirma que na esfera cível cabe indenização por danos moral e material e, na criminal, o autor do delito deverá responder por prática de racismo. E cita o artigo 6º da Lei 7.716, que estabelece que a recusa, negação ou impedimento a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau prevê reclusão de três a cinco anos e que a pena pode ser agravada se o crime for cometido contra menor de idade.

O combate ao racismo começa com a denúncia. Trata-se de uma prática executada no dia a dia de forma natural. É um sentimento malévolo, degradante para uma pessoa negra, experimentar esse tipo de violência. Por isso, é imprescindível denunciar, buscar punição para os agressores”, defende Hora.

Injúria

A Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) etá acompanhando o processo. A defensora Eva Rodrigues engrossa o coro dos que consideram o caso como racismo, e solicitou à escola esclarecimentos sobre a conduta do funcionário. A DPE-BA instituiu neste ano o selo “escola antirracista” e também lançou um livro com histórias e orientações voltadas aos pais, além de indicar publicações correlatas, visando diminuir as práticas racistas nas escolas.

Infelizmente, crianças e adolescentes negros sofrem racismo de maneira cotidiana, das mais diversas formas, também no ambiente escolar. Essa que a aconteceu São Sebastião do Passé é uma situação, muito provavelmente, de injúria racial”, declarou a defensora Larissa Rocha.

A escola informou que no momento da matrícula os estudantes, pais ou responsáveis são orientados sobre as normas disciplinares da instituição, e a eles são fornecidas cartilhas e cópias do regimento interno. Alegou aina que o colégio segue o “regimento padrão do ensino militar”, que inclui regras disciplinares e normas sobre vestimentas, penteados, cortes de cabelo, fardamento, uso de calçados e outros itens. Além disso, informou que, por três dias consecutivos, Eloah foi alertada sobre o penteado indevido, e que lhe foi dado um prazo para que ela procedesse os devidos ajustes.

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Com informações do Correio Braziliense e do Geledés.

"Saudade de quando preto era escravo": garoto é vítima de racismo por colegas de escola

 

Garoto é vítima de racismo na escola(FOTO/ Getty Images).

Um garoto de 14 anos foi alvo de ataques racistas pelos próprios colegas de classe, em uma escola de Belo Horizonte. As mensagens dos alunos em um grupo de WhatsApp chegaram a citar conteúdos como "saudades de quando preto era escravo". O caso aconteceu com alunos do Colégio Cristão Ver, na região noroeste de Belo Horizonte, nessa semana.

Ao Uol, o pai contou que o grupo foi criado pelos próprios alunos da escola para estudarem conteúdo de uma prova que seria aplicada. Segundo ele, logo depois de criado, seu filho começou a ser excluído e isolado das conversas. O garoto decidiu sair do grupo e, logo em seguida, começaram os ataques racistas. "Que bom que o 'neguin' não tá, já não aguentava mais preto naquele grupo", disse um dos alunos. Outro disse "nem sabia que preto estudava". Em determinado momento, um aluno em questão disse que "nem sabia que preto podia ter celular" e "sdds [saudades] de quando preto só era escravo", sendo respondido com "e sempre trabalhava".

O garoto, vítima de ataques racistas, recebeu os prints de um colega que viu as mensagens e o alertou. Logo em seguida o menino contou para o pai. "Eu fiquei estarrecido, o dia acabou para mim", contou o pai, que, ao procurar a escola, disse que eles se solidarizaram e marcaram uma reunião. "Pensei que seria apenas eu, só que os pais dos outros alunos também estavam", disse. Ele relatou que alguns dos pais presentes na reunião tentaram minimizar o caso de racismo.

"Eles se desculparam, mas o leite já foi derramado", disse o pai. Segundo ele, o garoto está com sintomas de depressão. "Eles bateram muito forte não só na minha família, mas no meu filho também. Hoje [ele] não foi disputar um campeonato, não sai de casa e não está comendo", relata.

O pai da criança que sofreu racismo informou ao Uol que procurou a Delegacia da Criança e do Adolescente. Ele foi orientado a comparecer em outra unidade da Polícia Civil, junto com seu filho, nesta segunda-feira, 20, para registrar o Boletim de Ocorrência. O portal Uol tentou entrar em contato com o colégio, porém não localizou nenhum representante ou a direção da instituição para comentar sobre o caso.

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Com informações do Uol e do O Povo.

Escola particular usa material didático escolar racista e mãe do aluno denuncia


A educadora social Aline Lopes, 30 anos, ficou revoltada com um exercício que veio no livro do filho de 3 anos ao qual classificou como racista. A tarefa é para ligar três pessoas a três profissões, e a resposta certa era um jovem negro segurando uma vassoura associado à limpeza de um corredor escolar. A criança estuda em uma escola particular do Recife, que informou que não suspenderá o material didático, mas fará atividade pedagógica sobre o assunto. A editora pernambucana Formando Cidadãos, responsável pela publicação, disse em nota que "situação estará resolvida" na edição de 2018.

Na imagem constata-se um exercício de cunho racista ao associar o menino
negro com o serviço de limpeza de um corredor escolar. Foto: Mídia Ninja.
Do FolhaPE - Aline conta que a escola passou o exercício, localizado na página 32 do livro "Natureza e Sociedade 3 anos", no último dia 26 de maio. A mãe foi ajudar o filho na resolução da tarefa no dia 28 e, indignada, postou o caso no Facebook no mesmo dia, com a legenda "Tarefa de casa de x (nome do filho), 3 anos de idade. Encontre o erro." A foto recebeu quase 400 comentários, sendo a maioria de apoio a educadora social.

A indignação de Aline tem um histórico. O mesmo livro trouxe, na página 16, um exercício onde há duas mesas, uma com uma família de negros tristes e outra com família de pele mais clara sorrindo. A tarefa foi passada pela escola no dia 17 de março. "Porque o professor não pode ser o negro? Porque a família feliz não pode ser a negra? As editoras ainda não levam em consideração essa questão de raça, só reforça estereótipos negativos e mostra a falta da representatividade negra positiva. Algumas pessoas me chamaram de racista no post. Eu acho que não tem problema nenhum ser negro e faxineiro, o problema é que é sempre assim", explicou.

Pela imagem percebe-se que a editora induz os (as) alunos (as) a pensam que
família feliz é tão somente a abranca. Foto: Mídia Ninja.

A educadora social vai além para explicar a revolta. Ela se considera branca e tem o menino de 3 anos e uma menina de 5, ambos de pai negro. O casal nasceu com uma pele que ela diz ser "negra mais clara". A educadora afirma que já teve problemas em relação à raça da garota em outra escola, o que a levou trocar de unidade de ensino este ano. "Imagina que minha filha ia com um black power para a [antiga] escola e muitas vezes vinha para casa com cabelo preso, porque a 'tia' prendeu, mesmo sem ela pedir. Ela já chorou pedindo para alisar o cabelo, porque achava o meu liso mais bonito", contou.

"Então, isso não é o tipo de coisa [depreciativa] que eu quero ver nas tarefas dos meus filhos. Eu tento educar eles de uma forma a respeitar as diferenças, entender a sociedade que a gente vive. Eu quero que eles entendam que podem ser e podem ocupar o lugar que quiserem", complementou.

Aline usou as redes sociais para denunciar o casa de racismo.
Aline, que também estuda licenciatura, procurou a direção da escola que, segundo ela, decidiu não suspender o uso do livro por considerar os dois exercícios casos isolados na totalidade do material didático. A unidade de ensino, ainda de acordo com a mãe, garantiu que fará uma atividade pedagógica sobre o assunto.

Em entrevista ao portal FolhaPE, o gerente administrativo da editora Formando Cidadãos, Paulo André Leite, disse que ficou surpreso com a reclamação, pois o livro, que faz parte de uma coleção com mais de 12 mil páginas, é usado por escolas de todo Brasil há quatro anos e não registrou queixa semelhante.

Em nota, a Editora afirmou que: "repudia qualquer tipo de intolerância e preconceito e ressalta que todo o seu material é bem representativo quanto às etnias. Entendemos ainda que o fato ocorrido no livro de Natureza e Sociedade 3 anos, nas páginas 16 e 32, é um tema importante e por este motivo dedicamos nossos esforços para elucidar o caso e na próxima edição, para 2018, essa situação estará resolvida."