Pesquisadores
da Universidade Regional do Cariri (URCA) anunciam mais uma descoberta inédita
para o mundo da ciência. Trata-se do primeiro fóssil de um inseto encontrado na
formação Romualdo, um grilo, do gênero Araripegryllus. O material demostra a
evolução dessa espécie nas transformações ocorridas, na era Cretácea, de mais
de 110 milhões de anos.
Por André Costa, no Diário do Nordeste
O
inseto já tinha sido descrito na formação Crato, em que 202 espécies já foram
listadas. Mas encontrar esse material na formação Romualdo, foi uma surpresa
para os estudiosos, o que chamou a atenção da equipe, composta pelo coordenador
do Laboratório de Paleontologia da URCA, Professor doutor em Paleontologia,
Álamo Saraiva, e os pesquisadores Luís Freitas e Geraldo Moura, da Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Departamento de Biologia, e Laboratório de
Estudos Herpetológicos e Paleoherpetológicos.
De
uma maneira geral, conforme Álamo, os extratos dessa formação são todos de
origem marinha. Muitos peixes, caranguejos e camarões, mas insetos, animais
terrestres, nenhum havia sido descrito ainda. O material, segundo ele, foi
encontrado durante escavação paleontológica, em Santana do Cariri, em 2014.
A
espécie do gênero Araripegryllus foi identificada entre os folhelhos, que são
argilas escuras entre as concreções. Quando o material foi aberto, conseguiu-se
encontrar o que os estudiosos achavam ser uma folha, mas depois percebeu-se que
era um inseto.
A
escavação em que foi encontrada a nova espécie de grilo é a maior, de forma
controlada, já realizada no Nordeste, pela Universidade Regional do Cariri, em
parceria com a UFRPE e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre
outras instituições, a partir de 2011. Alguns exemplares inéditos de fósseis
foram anunciados, advindos desse trabalho, com repercussão na imprensa e no
mundo científico, como novas espécies de camarão. “Muitas coisas ainda espero
encontrar, porque se existem invertebrados terrestres fossilizados nessas
argilas da formação Romualdo. Vamos dar atenção especial. Com certeza teremos
mais surpresas”, diz Álamo.
Ainda
existe materiais dessa escavação sendo abertos. Conforme Álamo Feitosa, dessas
argilas, mais dois camarões inéditos serão descritos. Mas, ele espera encontrar
também algumas folhas de plantas, e que provavelmente serão de espécies novas.
Segundo
o coordenador, estão sendo finalizados outros trabalhos e só falta colocar o
nome dos novos camarões, ou seja, fazer a descrição científica do material. O
Araripegryllus das formações Crato e Romualdo são distintos, mostrando que num
curto espaço de tempo, em dois ou três milhões de anos, já existiu um processo
de modificação da espécie. Portanto, conforme o professor, esse material é
importante para o estudo evolutivo, principalmente do Cretáceo.