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“Round 6” é sobre como nos desumanizamos para sobreviver na sociedade capitalistal

(FOTO/ Reprodução/ Netflix).

Round 6, a série original da Netflix mais comentada do momento, caminha para atingir a marca de mais assistida na história do streaming. A produção tem provocado reações surpreendentes e uma legião de fãs no mundo inteiro; isso porque combina cenas que causam choque com aquilo que o escritor americano Derek Thompson, autor da obra Hit makers – como nascem as tendências”, vai chamar de “a dualidade entre fluência e “disfluência”, ou seja, gostamos do que é estranho desde que nos seja familiar. No fim, Round 6 é familiar demais, apesar de se passar na Coréia do Sul. É sobre os perdedores de todos os lugares, os humilhados do sistema capitalista. A série é uma dura crítica sobre como o drama dos pobres tornou-se o entretenimento das elites.


“O Jogo da Lula”, nome original da série – o Brasil é o único país onde a produção se chama “Round 6”, talvez para não conflitar com a política – é baseado na história de 456 pessoas, todas endividas, que são chamadas para uma estranha competição, onde a eliminação custa a própria vida. Só há um vencedor, que será premiado com uma quantia equivalente a R$ 209 milhões. Até onde você iria por tanto dinheiro? É sobre isso, o tempo todo. É sobre o que nós somos capazes de fazer para justificar a nossa “sobrevivência” na sociedade capitalista.

“Round 6” é mais que um suco de “Bacurau” com “Parasita”. É um produto da recente e exitosa indústria cultural sul-coreana que, ao criticar o capitalismo obscuro na Ásia, nos permite repensar os males causados pelo neoliberalismo global. Atualmente, a Coréia do Sul está entre as 15 maiores economias do mundo. Entretanto, por causa do desequilíbrio entre a oferta educacional e as poucas oportunidades de emprego, o país enfrenta o problema da falta de mobilidade social. Por lá, assim como nas principais sociedades capitalistas estratificadas, quem nasce em família com posses, já larga na frente; são os “colheres de ouro”. A crítica é sobre todo o resto que fica à margem, os “colheres de barro”.

Enquanto crítica ao capitalismo, não é preciso pensar muito para enxergar classes sociais bem definidas. Os jogadores, identificados por números, são o submundo do sistema, a legião de invisíveis, os desempregados, os pobres e endividados do sistema financeiro, são os humilhados socialmente. Os funcionários que trabalham para que o jogo aconteça são a força de trabalho pura e simples, o proletariado. Parecem, em muitos momentos do jogo, cumprir, também, o papel do Estado e realizar aquilo que Foucault vai chamar de “vigiar e punir”. O líder é o capataz da elite, aquele que parece que detém o poder, mas apenas trabalha para quem o detém. Já os “VIPS” são os verdadeiros donos do poder, meia dúzia de bilionários que se divertem enquanto assistem aos jogadores morrerem e matarem-se uns aos outros.

Outro paralelo do “Jogo da Lula” com o sistema capitalista é que os organizadores do game tentam vender a ideia de um jogo justo, como se todos os jogadores fossem iguais para avançar na competição. É assim que o capitalismo se mantém enquanto ideologia, vendendo o sonho da ascensão social mediante um “trabalho duro”, por meio do discurso da meritocracia. Outras questões que desafiam o sistema neoliberal aparecem na série: o desprezo aos idosos e a questão da força de trabalho inútil, o Nacionalismo e a questão dos imigrantes e a Necropolítica e o Estado que mata e deixa morrer.

Porém, o que mais chama a atenção em “Round 6” é aquilo que não percebemos na vida diária, e que fica muito evidente a cada novo round: o sistema torna as pessoas meros competidores, ao ponto de excluírem-se umas as outras. A falsa ideia de alguma ascensão nos faz de certo modo menos humanos, nos “habilita” a desumanizar e descartar o outro. Brigamos entre nós, quando deveríamos nos unir. No fim, o capital está acima de nós, é o sol que nos ilumina, tal como o “porco cofre” suspenso sobre a cabeça dos jogadores. Claro que nenhum de nós quer jogar um jogo em que para um vencer o outro precisa morrer. Mas fomos ensinados assim desde criança, não à toa a estética da série remete à infância. Aqui fora não existe nenhum botão para sair do jogo, para abandonar o sistema. A questão é: e se tivesse um, você apertaria?
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Com informações do Notícia Preta.


Conheça 5 filmes e séries na Netflix e valorize protagonistas e obras negras

 

(FOTO/ Divulgação).

 A Netflix, empresa americana de streaming de mídia, se tornou rapidamente uma das maiores produtoras de conteúdo original e distribuição de entretenimento em todo o mundo. E no Brasil a história não é diferente: de crianças com um tablet nas mãos até televisões vendidas com o aplicativo em destaque no controle remoto, o serviço se tornou uma parte cotidiana da vida dos brasileiros.

‘Democracia em Vertigem’ expõe as muitas feridas do golpe no Brasil


Democracia em Vertigem expõe as muitas feridas do golpe no Brasil.
(FOTO/Reprodução/YouTube).

Vasta documentação histórica aliada às portas abertas do Palácio da Alvorada compõem o documentário Democracia em Vertigem, da cineasta Petra Costa. O longa chegou nesta semana ao catálogo da Netflix para deixar mais um registro definitivo sobre o atual contexto político brasileiro. Petra conta com sensibilidade pontos essenciais da história recente que levaram o país a um processo de golpe (contra Dilma Rousseff, em 2016) que levou à ascensão da extrema-direita – com a ajuda da classe média alta do país, na qual a diretora se inclui em sua narrativa.

Conheça 5 filmes da Netflix que retratam o valor da Pedagogia


(Imagem do Filme O Aluno).
Educar é assumir um compromisso com a formação de um sujeito em sua integralidade, é trabalhar com a dimensão intelectual, mas também com a física, emocional, social e cultural. É considerar o estudante como o centro do processo de aprendizagem e partilhar a construção do conhecimento.

O Carta Educação selecionou cinco filmes disponíveis na Netflix para mostrar que, quando em diálogo com a realidade e comprometida com os estudantes, a Pedagogia tem um alto poder de transformação.

1. Preciosa – Uma história de Esperança (2009)

A jovem Claireece “Preciosa” Jones tem uma vida marcada por abusos. Grávida de seu próprio pai pela segunda vez, humilhada pela mãe, sem saber ler nem escrever, a jovem vê possibilidades de mudança ao ser transferida para uma escola alternativa e conhecer a professora Rain, que a ajuda no resgate de sua identidade e autoestima.

           

2. Escritores da Liberdade (2007)


Baseado em uma história real, o filme conta a história da novata professora Erin Grunwell, que chega a uma escola marcada por separatismos e preconceitos raciais. Obstinada a mudar a realidade da escola e de seus estudantes, a docente parte das histórias dos jovens para promover transformação.

            

3. A Voz do Coração (2003)

O professor Clément Mathieu assume a missão de ensinar música a crianças de um pensionato. Contrariando os métodos rígidos utilizados para conter as crianças indisciplinadas, o professor estrutura um coral e modifica as relações existentes.

4. O Sorriso de Monalisa (2003)

A recém-formada Katherine Watson é contratada para lecionar História da Arte na Wellesley College, uma escola só para mulheres. Além de lecionar, a educadora começa a confrontar os valores conservadores da instituição e a mostrar às suas alunas, de famílias tradicionais, que elas poderiam querer mais do que se casar no futuro.

           

5. O Aluno (2010)

O filme reconta a história de Kimani Maruge Ng’ang’a, um queniano que foi preso e torturado por lutar pela liberdade de seu país. Aos 84 anos, quando soube de um programa governamental de escolas para todos, Maruge se candidata a uma escola primária que atende crianças de seis anos de idade. Sua entrada acontece graças ao apoio de uma das professoras e ele também se torna um grande educador. (com informações do Carta Educação).

            

A mudança de gênero e etnia nos quadrinhos de super-heróis



Homem-Aranha, Capitão América e Thor são retratados de novas formas. Entenda a dinâmica das alterações e as críticas que elas despertam.

Não é recente a polêmica em torno da mudança de gênero e, principalmente, de etnia nas histórias em quadrinhos protagonizadas por super-heróis clássicos, como Homem-Aranha, Thor e Capitão América.
Do Nexo

Em 2014, uma mulher assumiu os poderes de Thor, deus do trovão na mitologia nórdica. Naquele mesmo ano, o Capitão América, antes branco e loiro, passou a ser negro. Em 2015, o personagem Peter Parker, o Homem-Aranha, morreu e foi substituído por um adolescente negro de 13 anos de origem hispânica, Miles Morales.

Um exemplo recente foi a substituição da etnia de personagens da série “The Flash”, da Warner Channel. A coadjuvante e histórica parceira romântica do herói, Iris West, na produção, passou de branca e ruiva para negra, assim como seu pai e seu irmão, Wally West, o Kid Flash. Outra mudança de gênero e etnia nos quadrinhos foi a da Capitã América do Futuro, que se tornou uma mulher negra, filha dos heróis Luke Cage e Jessica Jones (ambos representados em séries da Netflix).

Em que contexto essas mudanças ocorrem

As mudanças surgem em um contexto de globalização, crescimentos dos debates sobre relações raciais e de gênero e de uma demanda por mais representatividade. E não é só com os super-heróis. Em 2015, por exemplo, a boneca Barbie ganhou uma versão negra com cabelos trançados. Essas mudanças são reconhecidas pelos movimentos negro, feminista e LGBT.

Além de uma adaptação à demanda por mais representatividade, é comum que, de tempos em tempos, editoras como a Marvel e DC Comics reiniciem as histórias de seus heróis clássicos, apresentando novas origens, poderes, situações e, inclusive, mudando suas características. Algumas dessas mudanças — que não necessariamente estão ligadas a gênero, orientação sexual ou etnia — sofrem resistência de parte dos fãs mais puristas e promovem debates acalorados.

O quadrinista e editor brasileiro Rogério Campos afirma, porém, que as alterações ligadas à representatividade mexem com preconceitos dos leitores. “Acho que os fãs reagem forte porque quadrinho é um gênero que expressa o machismo”, disse Campos ao Nexo. “O quadrinho de super-herói foi criado para a ilustração de um romantismo de aço, masculinizante. O universo dos quadrinhos sempre foi dessa forma e a mudança é uma invasão ao mundo deles. É visível o desconforto desse caras em eventos, pela presença feminina”, afirmou.

Há dois anos, a Marvel introduziu a fase “All-New, All-Different” (Tudo novo, tudo diferente) em suas HQs, as histórias de super-heróis seguiram por universos paralelos onde os personagens se tornaram mais representativos, como a Mulher-Aranha grávida. As mudanças acompanham as duras críticas que a empresa sofreu em 2014 ao hiperssexualizar essa mesma personagem. Elas mostram um esforço da editora em se adaptar às novas demandas.

Quais são as críticas às mudanças

O quadrinista inglês John Byrne, responsável por histórias como “Quarteto Fantástico”, chegou a classificar mudanças de etnia de personagens como racista. Para ele, que é branco, delegar à etnia negra assumir heróis que são originalmente brancos é, também, uma forma de racismo. No entanto, ativistas do movimento negro discordam e comemoram as mudanças.

Byrne chegou a questionar, entre 2014 e 2015, se a mudança de etnia do personagem Tocha Humana, no filme mais recente do “Quarteto Fantástico”, era realmente necessária ou se não seria “dar migalhas” a atores negros em vez de criar novos personagens para eles.

Ramon Vitral, responsável pelo blog “Vitralizado”, disse em entrevista ao Nexo que fãs, em especial os de quadrinhos, costumam ter atitudes conservadoras, esperando resultados próximos daquilo ao que já estão familiarizados, mas que isso está mudando. “É incrível quando o homem de ferro se torna uma mulher negra, quando o Hulk se torna um cara asiático. É preciso haver representatividade e identificação dos leitores, que não são apenas brancos, com os heróis”, disse.

A dinâmica das mudanças  

Maurício Muniz, jornalista especializado em cultura pop, disse ao Nexo que no universo das histórias em quadrinhos as produções são cíclicas e estão sempre em movimento, o que explicaria o surgimento de novos heróis e a inovação em histórias já conhecidas, para dar fôlego novo a personagens clássicos. “É uma característica das editoras fazer alterações nos personagens de tempos em tempos para chamar a atenção do público. Às vezes eles morrem, às vezes eles casam, às vezes eles mudam de etnia ou de sexo”, afirma.

O editor da Veneta explica que dentro das próprias produtoras existem conflitos e tensões quanto às mudanças. E que o objetivo de mercado, de buscar novos públicos, está posto e é transparente. “Existem várias complexidades nesse negócio. O fator determinante [para a indústria] é atingir novos públicos. Não existe movimento dentro da indústria que não seja nesse sentido. [...] porém, lá dentro, mesmo com vários impedimentos, há seres humanos, pessoas que se recusam a desenhar histórias sobre negros associados a pessoas ‘burras’, ou histórias que ridicularizam gays e mulheres”, conclui.

A DC Comics — criadora da Liga da Justiça, Super-Homem e Batman —, segundo Muniz, é pioneira nas mudanças e inovações no sentido de garantir maior representatividade em suas histórias:

As primeiras grandes super-heroínas e as personagens fortes surgiram na DC nos anos 1940, como a Mulher-Maravilha, a Mulher-Gato, a Tornado Vermelho e a Canário Negro. Nos anos 1950, veio a Supergirl, nos anos 1960 a Batgirl. Enquanto a Marvel, nos anos 1960, tinha pouquíssimas heroínas, a DC já tinha várias, com personalidades fortes, inclusive na Legião dos Super-Heróis, um grupo de heróis que tinha diversas mulheres, personagens de etnias diferentes e que, em algumas ocasiões, tinha mais mulheres que homens em sua formação.”

Em 2011, o manto do Homem Aranha foi passado para Miles Morales, um garoto negro e hispânico de 13 anos.
Foto: Reprodução/ Marvel.