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A olimpíada acabou, os problemas voltaram

A imprensa brasileira, principalmente a televisiva é de chorar e rir ao mesmo tempo. Ela percebe seus telespectadores e telespectadoras como marionetes, incapazes de ver, interpretar e ter um olhar crítico sobre fatos e opiniões acerca do que se passa a sua volta. Muitos desses fatos e opiniões por ela – mídia – formulados.

O Brasil passa por uma avalanche de problemas – muitos, repito, por ela mesmo divulgados e até criados para atender e ganhar uns potinhos a mais na audiência – como, crise econômica, crise política, crise social e, as mais em evidências, porém nunca divulgadas, crise de ética, crise moral ou, simplesmente, crise de valores. Mas, como que de repente, não mais que de repente, todos esses problemas acabaram.

Em nome de quem? Para atender a quem? Com qual interesse? São tantas perguntas... Mas, vou me contentar em ficar com esses três questionamentos. São suficientes por ora. O Brasil precisa se mostrar ao mundo. E para isso, não é bom que o mundo conheça um país à beira de um colapso. Não é animador para os holofotes mundiais perceberem que os brasileiros e brasileiras estão sofrendo pela terceira vez uma ditadura. A primeira foi com o Estado Novo em 1937 sob o comando de Getúlio Vargas e a segunda – mais longa – entre os anos de 1964 e 1985 tendo como comandantes os militares.

Mas porque tudo isso? Os jogos olímpicos do Rio de Janeiro chegaram e com ele uma infinidade de narrativas. Menos os problemas que relatei acima. Eles não aparecerem na Globo, na Band, na Record, no SBT, na Rede TV.... Não, não aparecerem. O que vimos foi uma infinidade de jogos e mais jogos. Competições e mais competições. Medalhas e mais medalhas.

As do Brasil bem menos. Poderia ter sido mais se investimentos em outros esportes e outras atletas fossem dados. O futebol feminino é um triste exemplo. Mas, deixe-me retomar o foco da questão.

Quem viu e ouvi falar durante as olimpíadas sobre a chikungunya? Sobre os altos índices de desemprego que continua a crescer em ritmo avassalador, pelo menos no ritmo e na intensidade que vinha sendo propagado no início do ano? O processo de afastamento da presidenta que todos os dias e o dia todo se ouvia e via falar? Quem viu essa informação com a intensidade de meses atrás? Não amigos. De forma nenhuma amigas. Essas informações, pelo menos durante esses últimos 17 dias de jogos olímpicos, não era interessante veicular. Nem pela mídia conservadora, tão pouco para o grupo político que ora administra o Brasil. Esses dois que arrancaram dos brasileiros o direito de escolha, o poder de decisão.

O problema maior é que grande parte dos brasileiros acabaram por comprar esses discursos. Não só isso. Revenderam ao compartilhar imagens e textos sem que se fizesse o devido questionamentos. Outros se mantiveram e se mantém inerte ante aos fatos.

Felizmente, um grupo de pessoas – em menor quantidade é verdade, souberam fazer as devidas correções. Não compraram essa narrativa enfadonha que envergonha aqueles e aquelas que possuem rigor crítico. Não foram convencidos por essa mídia que não informa, mas desinforma, aliena.

Os jogos acabaram e o que se verá? A volta daqueles problemas relatados acima. Menos, repito, a crise de valores. Todos eles tendo como único culpado um partido e uma pessoa. A semana toda será dedicada ao processo de afastamento da presidenta e com a construção de uma narrativa que fortalece o golpe. Assistam e tire suas conclusões. 

Imagem puramente ilustrativa (nem tanto assim). Divulgação.

Levante marca golpismo na testa da Globo



O mural em homenagem a Rede Globo amanheceu diferente na manhã de hoje (17), na marginal Tietê, em São Paulo (SP). O Levante Popular da Juventude realizou uma intervenção no mural criado para comemorar os 50 anos da emissora, colocando balões de conversa nas imagens de Roberto Marinho, William Bonner e Luciano Huck com as frases “Em 1964 foi a minha vez, agora é com vocês” e “Fica tranquilo Dr. Roberto! Esse golpe é nosso! Boa noite!

Charge: Ribs/Mídia Ninja.

Segundo o movimento, a manifestação contra a Globo tem como principal objetivo denunciar a emissora como golpista por sua atuação no passado até os dias de hoje. A emissora é filha bastarda do golpe militar de 1964. o então diretor do jornal O Globo Roberto Marinho foi um dos principais incentivadores da deposição do presidente João Goulart, dando sustentação ideológica à ação das Forças Armadas. Um ano depois, foi fundada a sua emissora de televisão, que ganhou as graças dos ditadores. O império foi construído com incentivos públicos, isenções fiscais e outras mutretas. Os concorrentes no setor foram alijados, apesar do falso discurso global sobre o livre mercado. Nascida da costela da ditadura, a TV Globo tem um DNA golpista. Apoiou abertamente as prisões, torturas e assassinatos de inúmeros lutadores patriotas e democratas que combateram o regime autoritário. Fez de tudo para salvar o regime dos ditadores, inclusive omitindo a jornada das Diretas Já na década de 80. Com a democratização do país, a emissora atuou para eleger seus candidatos – os falsos “caçadores de marajás” e os convertidos “príncipes neoliberais”.

Atualmente, a TV Globo segue em sua militância contra todo e qualquer avanço progressista, atuando na desestabilização de governos que não rezam integralmente a sua cartilha. A emissora tem apoiado abertamente a escalada golpista no país, dedicando seus holofotes ao apoio das ações pró-impeachment. Apesar do estarrecimento da imprensa internacional frente ao golpe em curso, os Marinho têm dedicado extensa programação para legitimar o Golpe, além de criminalizar e silenciar sobre os movimentos pela democracia. Para Mariana Fontoura, militante do movimento “A intervenção do mural foi um ato simbólico para alertar essa emissora golpista de que o povo está atento e não perdoará o que está acontecendo. Os meios de comunicação, como uma concessão pública, deveriam assumir como princípio a ética e o respeito à pluralidade democrática, coisa que esse oligopólio que é a Globo nunca fez”.
 
Fotos: Mídia Ninja.

As babás não identificadas pela Globo e que estavam no avião da família Hulk estão vivas



As notícias sobre o pouso de emergência do avião onde estava a família dos apresentadores Luciano Huck e Angélica tomaram conta dos veículos de comunicação desde domingo (24). Porém, entre as inúmeras reportagens publicadas sobre o assunto, um fato chamou a atenção nas redes sociais. A página do Blog Mural no Facebook, por exemplo, foi uma das que perceberam o equívoco da imprensa em não dar importância às duas babás que estavam na aeronave em Campo Grande (MS) e sequer tiveram seus nomes citados.

Imagem: Reprodução da matéria do Jornal O Globo.
A comoção diante do estado de saúde do casal famoso e de seus filhos fez com que a preocupação com as profissionais Francisca Mesquita e Marcileia Garcia ficasse em segundo plano. Na matéria do jornal O Globo sobre o episódio, todas as pessoas presentes foram citadas – inclusive o piloto Osmar Frattini, o copiloto José Flávio de Souza e as crianças Joaquim, Benício e Eva -, com exceção de Francisca e Marcileia, referidas apenas como “duas babás”. “Só faltava dizer: infelizmente as babás sobreviveram”, ironizou uma internauta sobre a cobertura.

Atendimento VIP

As críticas em torno do atendimento “VIP” dado aos globais também foram assunto de destaque. O jornalista Carlos Voges, ex-TV Morena e TV Globo, se indignou com a eficácia da Santa Casa de Campo Grande em oferecer socorro, uma vez que os diretores do hospital anunciam frequentemente que vão parar o atendimento por falta de recursos financeiros. O coordenador do Samu Eduardo Cury também fez críticas nesse sentido, argumentando que todos devem ter direitos iguais. Segundo ele, o hospital está deixando de receber pacientes por alegar ausência de vagas.

ATUALIZAÇÃO (12:47)

Após a publicação e a repercussão desta nota, o jornal O Globo adicionou os nomes das babás Francisca Mesquita e Marcileia Garcia no infográfico da versão digital.

É uma ilusão acreditar que a mídia tradicional se abrirá ao contraditório




Na primeira reunião ministerial do segundo mandato, a presidenta Dilma Rousseff convocou seus auxiliares para a “batalha da comunicação”. Foi enfática: “Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente”.

Nada mais justo. A desinformação contrária ao governo campeia pelo país, orquestrada pelos grandes meios de comunicação. A reação da presidenta é justificável. Resta saber quais são as armas que ela e seus ministros possuem para essa batalha. Se esperam contar com a benevolência dos meios tradicionais, podem tirar o cavalo da chuva. A batalha estará perdida antes de ser travada.

Alguns veículos até publicam o que chamam de “outro lado”, mas sempre de forma discreta e submissa à pauta criada para fustigar o governo. A desproporção entre o ataque da mídia e a possibilidade de resposta através dela mesma é brutal. Constata-se uma grave falha da democracia ao exigir que governantes eleitos pelo voto popular sejam obrigados a se dirigir à sociedade por meios privados, controlados por minorias que os querem ver apeados do poder.
Além disso a participação do governo na batalha da comunicação não pode ser apenas reativa aos ataques da oposição midiática. É preciso tomar a iniciativa e buscar canais despoluídos para que as mensagens cheguem ao público sem ruídos.

Para ampliar a liberdade de expressão uma lei de meios é fundamental, embora não seja o único caminho. Outro, de construção mais rápida, é o da comunicação pública, indispensável para o jogo democrático. Dela, já há o embrião constituído pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com suas duas emissoras de televisão, oito de rádio, duas agências de notícias e um portal na internet. Resta tirá-la da irrelevância. Não para se tornar porta-voz do governo mas para fazer jornalismo de qualidade, livre de ingerências partidárias e comerciais.

A primeira medida é dar a esses veículos abrangência nacional, atendendo a um dos princípios básicos da comunicação pública que é o do acesso universal. Toda pessoa tem o direito, em qualquer parte do país­, de receber os sinais desses meios de forma rápida e fácil. A TV Brasil, por exemplo, deve ser sintonizada em qualquer lugar da mesma forma com que hoje sintonizamos a Globo ou a Record.

Com a digitalização e a consequente multiplicidade de canais, torna-se possível segmentá-los constituindo um conjunto formado pelo canal generalista já existente, ao lado do infantil e do noticioso. Seria o núcleo básico ao qual poderiam ser agregados canais de filmes, de música, de arte e esportes.

Quanto ao rádio, cabe lembrar que ele continua sendo a segunda fonte mais utilizada para a informação e o entretenimento no Brasil. Ao controlar um leque de emissoras que vai da histórica Rádio Nacional do Rio de Janeiro à estratégica Rádio Nacional do Alto Solimões, o serviço de rádio da EBC tem potencial para se tornar uma alternativa importante em relação ao que hoje é oferecido ao público.

Necessidade imediata nesse sentido é a constituição de emissora noticiosa 24 horas no ar, capaz de produzir uma narrativa distinta das produzidas pelas rádios comerciais que tornam homogênea a informação radiofônica em circulação pelo país.

No caso da internet, a Agência Brasil já exerce um papel importante voltado para o público leitor e para o municiamento informativo de um número expressivo de veículos em todo o território nacional. Cabe popularizar e ampliar esse serviço tendo como uma das janelas o portal da EBC, dando a ele formas de acessibilidade e fidelização semelhantes às obtidas pelos portais informativos vinculados à mídia comercial.

Com a existência de canais públicos fortes, abertos aos interesses mais gerais da sociedade, a batalha da comunicação seria travada em termos um pouco mais equilibrados, dando ao público o direito de uma escolha real.

Brizola: a vitória do bom senso sobre a manipulação

Aproveitando a deixa de Rodrigo Vianna, que publicou a íntegra do vídeo abaixo, eu fiz um recorte mais sintético para os internautas.

Brizola era o político mais consciente dos riscos corridos pelos cidadãos brasileiros, ao serem bombardeados diariamente pelas pressões de uma mídia que defende interesses que não são os do povo.

Nesse discurso, ele faz uma síntese das armas do povo para se proteger contra essas pressões: a razão e o bom senso.

                               

A análise é de Miguel do Rosário e foi publicado originalmente no Tijolaço

Porque Jefferson não desperta “os instintos mais primitivos” da direita



Roberto Jefferson, desde o início de sua carreira como auxiliar de apresentador do programa “O povo na TV”, foi um homem que usava e abusava das agressões verbais, violentas, destas que se faz em estado catatônico, claro que sempre estudado para as câmaras.

Assim foi até a CPI dos Correios, com direito a olho roxo e à estudada provocação a José Dirceu com a famosa frase de que ele “despertava seus instintos mais primitivos

Depois, o câncer o fez recolher-se e, aparentemente, passar a guardar um comportamento mais discreto.

A ridícula pantomima de Joaquim Barbosa adiando por mais de três meses sua prisão, sem que houvesse nada que o justificasse, quando mandar prender, em pleno feriado, os demais condenados, parece, entretanto, reacendido esta veia em Jefferson.

A torta montada por Barbosa ao decretar sua prisão numa sexta-feira, sem expedir incontinenti, entretanto, seu mandado de prisão, deu a chance de colocar uma cereja como gran finale.

Deu um final de semana de estrelato à pobre figura do ex-presidente do PTB (do PTB da direita, no qual ele entrou lá atrás, em 1982, com Sandra Cavalcanti, a lacerdista).

O passeio, em grande estilo, numa Harley Davidson é o toque de caricatura que lhe faltava.

Ainda assim, porque é que não se destila em relação à sua figura o ódio midiático que se desfechou contra os líderes petistas?

Ninguém chamou de “deboche” seu gesto.

Há uma espécie de compunção na direita feroz, por ter de ver um dos seus ter de ir-se, para que os outros pudessem ser levados.

Jefferson parece à vontade em seu novo papel, não é um homem frágil como sua saúde pode, de fato, ser.

Ninguém irá discutir sua necessidade de atenção médica ou seu direito de ir trabalhar, como prevê o regime semiaberto.

Ninguém investigará a quinta geração dos que, por ventura, lhe ofereçam um emprego ou doem algo para que pague sua multa.

Jefferson deve ser tratado com respeito a seus direitos de apenado e sem vinditas políticas.

Porque soltar, para com quem está preso e indefeso, os “instintos mais primitivos” não é coisa apenas de selvagem.

É de covarde.

É ser como foi a nossa mídia com os condenados do PT.


Via Tijolaço

“Não torturem os cachorrinhos, só torturem os negrinhos”. Para ser lido nas escolas



Foi publicado nesta quinta-feira, 20, no blog Tijolaço análise de Mauro Santayanna referente ao caso do menor outrora amarrado em um poste por supostos “justiceiros e amplamente divulgado na mídia golpista como um ato “louvável”.

Fernando Brito, do Tijolaço, inicia o texto afirmado “o mestre Mauro Santayanna, que talvez não detenha a capacidade de uma Rachel Sheherazade ou o brilho intelectual de um Reinaldo Azevedo para ser convidado a comentar numa rede de televisão ou escrever na Veja, nos brinda hoje com um texto que deveria ser lido em todas as escolas brasileiras e servir de tema de debate aos jovens.”

Para ele, são análise como essas que “fazem alguém, como fiz há quase 40 anos, escolher o jornalismo como profissão e a humanidade como a mais sagrada das religiões.

E completa dissertando “Santayanna atinge o torturador em seu mais falso orgulho: a sua coragem, que é apenas covardia.

Acusa a Justiça, como instituição, por sua leniência com o crime que ela deixa à vitima, se ainda não tiver tido medo suficiente de morrer, o risco de, além de denunciar, provar. E, em geral, para ouvidos moucos, porque, muitas vezes, é “o marginalzinho” a que se referiu nossa Barbie.

E aponta o erro nosso, da sociedade, de promover ou aceitar a barbárie com o suposto fim de evitar o crime e a violência, que não podem ser evitados, como deveria ser obvio, pelo crime e pela violência.

E que talvez nos obrigue, 80 anos depois, ao mesmo gesto de Sobral Pinto, diante da fúria de Filinto Muller com Prestes, a invocar, para os seres humanos, o direito previsto na Lei de proteção aos Animais”.


Leia a análise de Mauro Santayanna Sobre a tortura

O mico do Globo em 1964




Estudando edições antigas do Jornal O Globo (eles ainda vão se arrepender de terem aberto seus arquivos. Não vou deixá-los em paz nunca mais), topo com uma matéria positivamente engraçada, publicada na primeira página da edição do dia 19 de março de 1964, véspera da grande Marcha pela Família, realizada em São Paulo.


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O Globo descobrira que uma respeitada (e independente, pelo visto) enciclopédia norte-americana inserira o verbete O Globo ao lado dos seguintes dizeres: jornal conservador, subsidiado pelos Estados Unidos.

Roberto Marinho se enfureceu com a revelação da verdade…

Via Tijolaço

Globo assume que apoiou a ditadura e carrega consigo Folha e Estado




Globo diz que errou e pede desculpas por apoio a ditadura

Em editorial histórico, Globo reconhece que errou ao apoiar o golpe militar de 1964, mas diz que outros veículos de comunicação, como Folha e Estado, fizeram o mesmo; mea culpa acontece um dia depois de jovens atirarem esterco na emissora

Quase 50 anos após o golpe de 1º de abril de 1964, quando os militares derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart e deram início a 21 anos de ditadura, o jornal O Globo reconheceu que dar apoio ao golpe foi um erro. Na apresentação do texto redigido para o site “Memória”, que conta a história da publicação carioca, O Globo admite ser verdade o teor do coro usado como bordão nas manifestações de junho: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.

O jornal afirma que a decisão de fazer uma “avaliação interna”, contudo, veio antes das manifestações populares. Mas “as ruas”, afirma O Globo, “nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário”. O matutino carioca diz ainda que “Governos e instituições têm, de alguma forma, que responder ao clamor das ruas” e diz que a publicação do texto com o reconhecimento do erro reafirma “nosso incondicional e perene apego aos valores democráticos”.

No texto do “Memória”, o jornal começa fazendo um contexto histórico da época e mostra que não foi o único jornal a dar apoio editorial ao golpe de 64, coisa que fez “ao lado de outros grandes jornais”. O carioca da família Marinho cita os jornais “O Estado de S.Paulo”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e o “Correio da Manhã”. O texto afirma, ainda, que não foram apenas os jornais a conceder apoio aos militares, mas “parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais”.

Editorial de o Globo em 1964. (Arquivo)
Ao mesmo tempo, contudo, em que afirma que o apoio foi um erro, o jornal também adota o mesmo argumento dos militares na época para sustentar e legitimar o golpe: que a intervenção se “justificava” pelo temor de um suposto golpe a ser feito pelo então presidente João Goulart, “com amplo apoio de sindicatos” e até de “alguns segmentos das Forças Armadas”. Um dia antes do golpe, o jornal diz que teve sua redação invadida por fuzileiros navais aliados a Jango e que, por isso, o jornal não circulou no dia 1º de abril. Só voltaria às ruas no dia seguinte, desta vez estampando em seu editorial o famoso texto intitulado “Ressurge a Democracia”.

O Globo dá a entender que se sentira enganado pelas promessas dos militares de intervenção “passageira, cirúrgica” e que, “ultrapassado o perigo de um golpe à esquerda”, o poder voltaria aos civis por meio de eleições diretas. Em seu mea culpa, o jornal também reconhece que a expressão “revolução” foi usada ao longo de anos pelo jornal, justamente porque diz acreditava que a situação seria temporária. Ainda assim, o jornal ameniza o discurso ao falar de Roberto Marinho, o patrono do jornal, o qual afirma que sempre esteve “ao lado da legalidade”.

O jornal defende que Marinho “sempre se posicionou com firmeza contra a perseguição a jornalistas de esquerda”, e que “fez questão de abrigar muitos deles na redação do GLOBO”. O texto diz que Roberto Marinho acompanhava pessoalmente os depoimentos dos funcionários “para evitar que desaparecessem” e que, “de maneira desafiadora”, sempre se negou a repassar aos militares a lista de funcionários “comunistas”.

Por fim, apenas 49 anos depois do golpe e uma década após a morte de Roberto Marinho, O Globo admite o erro: “À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”



Via Pragmatismo Político

O pior analfabeto é o analfabeto midiático




 “Ele imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo esforço intelectual”. Reflexões do jornalista Celso Vicenzi em torno de poema de Brecht, no século 21

Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, mas usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo. Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos.

Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis. Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no país.

Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do país calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

Bancada do Jornal Nacional (divulgação)
O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos. Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “então diga isto com uma imagem”). Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”. Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista. O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos. Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.”

O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos. E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público. Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres. Em resumo: destroem a democracia.

Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer: Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

O analfabeto político

O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilanta, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.


Via Pragmatismo Político

JN “defende” a Petrobras. Gato escondido com rabo de fora




Quem assistiu ontem ao Jornal Nacional deve ter ficado surpreso.

Uma longa matéria, de quase três minutos, falava do absurdo que era a gasolina estar muito mais barata no Brasil do que no restante do mundo, exceção feita aos Estados Unidos.

E lamentando o fato de a Petrobras estar sofrendo por isso, perdendo os recursos para seus investimentos.

Teriam os irmãos Marinho se tornado defensores da Petrobras? Estariam convertidos ao “nacionalismo” retrógrado, ao estatismo e logo veremos William Bonner com uma camiseta escrito “O petróleo é nosso”?

Como é que as Organizações Globo dizem isso, se há pouco mais de um ano – e sem alteração significativa do preço da gasolina nas bombas – o jornal o Globo abria suas manchetes para dizer que o brasileiro pagava uma das gasolinas mais caras do mundo?

E agorinha, dia 30 de julho, publicava outra matéria, dizendo que o reajuste de nossa gasolina estava entre os maiores do mundo, usando dados que estavam obviamente distorcidos (dizendo, por exemplo, que o preço médio do litro, aqui, era de R$ 3,30)?

Tudo na Globo, embora pareça jornalismo, é política.

Até a escolha do economista que fala na matéria é feita a dedo. O jovem Marcelo Caparoz, da RC Consultoria, é empregado de Paulo Rabello de Castro, dono da empresa e militante do Instituto Millenium, uma instituição sustentada com doações abatidas no Imposto de Renda que se dedica a combater…os impostos federais.

A televisão se juntou ao seus comentaristas econômicos para defender o aumento dos preços da gasolina simplesmente porque aposta nisso para recriar o clima de terrorismo inflacionário que tentou empurrar sobre o povo brasileiro nos últimos meses e que deu chabu.

O preço da gasolina está, sim, defasado com a alta do dólar e, sobretudo, com dois outros fatores: o preço do etanol, que maximizou sua procura e os impostos estaduais, que têm níveis extorsivos.

Mas adivinhem em quem vai cair a “culpa” de um eventual reajuste…

Claro, na Petrobras e em Dilma Rousseff.

E dá uma mão política para a tucanagem repercutir a (mais uma) CPI da Petrobras, o que desejam para enfraquecer a empresa.

Muy, muy amiga da Petrobras, essa Globo é.


Via Tijolaço

A tarefa da mídia parece ser separar o povo do povo




Reproduzimos abaixo excelente artigo de Nirlando Beirão, intitulado Criticar o governo, sim. O capitalismo, nunca, publicado nesta segunda-feira, 05, no site Carta Capital.

Ao discorrer sobre o assunto tão divulgado e, muitas vezes mal interpretado pela mídia golpista, da qual a rede Globo é a líder, Nirlando chama a atenção para a hipocrisia desses veículos de comunicação que se utilizaram dos movimentos para bater no governo Dilma, mas sem levar em conta os reais objetivos da questão.

O artigo em questão nos faz reportar ao que disse Joseph Pullitzer: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”. 

Passemos ao texto

Criticar o governo, sim. O capitalismo, nunca

Dá para notar que os protestos de rua estão perdendo a mística, o encanto, para quem está do lado de lá deles – digo, a mídia oligárquica e, por extensão, aquela facção ameba, mais influenciável, da chamada opinião pública. Mais do que perder o fascínio, as manifestações começam a provocar descrença e irritação, como se a explosão espontânea e legítima das massas estivesse sendo agora apropriada por uns grupelhos descabelados de radicais e arruaceiros.

Não tenho mais idade para me regozijar com cenas de depredação, mas me irrita a hipocrisia dos que aplaudiam antes e agora criticam. Tenho até um pequeno, descompromissado palpite, a respeito desse divórcio que se deu entre o momento em que o protesto era uma beleza e o momento em que o protesto passou a ser um horror. Nada melhor, aliás, para balizar essa reviravolta, do que a cobertura, sempre tão isenta, sempre tão imparcial, do jornalismo eletromagnético da Globo e a dos dinossauros de papel.

Meu palpite me diz: enquanto a raiva se voltava contra o governo e os governantes, “essa infâmia de políticos corruptos”, “a dona Dilma”, “a turma do mensalão”, aí o partido da mídia se deliciava. As multidões ululantes vociferavam, justificadamente, contra a péssima qualidade dos serviços públicos, primeiro os transportes, depois a saúde, e a educação, e a segurança, e tudo o mais, se é por aí, ok, perfeito, abaixo os podres poderes, o Estado é o mal maior.

De repente, a agenda parece ter se ampliado. Se é para discutir a indigente situação dos serviços públicos no Brasil, por que não se ocupar tambêm da sofrível – para dizer o mínimo – prestação de serviços privados?

Existe tão grande diferença assim entre o malfalado SUS e certos hospitais particulares onde o paciente é obrigado a pagar fortunas?

As universidades particulares, com suas mensalidades que pesam uma tonelada no bolso, são exemplos da excelência pedagógica de Harvard e de Cambridge?

E os serviços de telefonia, fixa e móvel?

E as filas dos bancos, aquilo lá é um exemplo de respeito ao cidadão?

E as companhias aéreas, com seu sistemático desrespeito ao viajante, sem falar dos golpezinhos que costumam dar em seus sites de contravenção?

Penso na indústria nacional, obsoleta, atrasada, sem nenhuma musculatura física ou criatividade mental para competir no mundo, indústria cujos produtos são um lixo (ressalvo os aviões da Embraer e as sandálias havaianas), incapaz de inovar tecnologicamente (que inveja da Coreia!), sempre queixosa, abúlica, pondo da culpa nos impostos e na infraestrutura.

Ah, e há o espinho que mais dói. Os rebeldes da rua – os que ainda estão aí – insistem em debater também a péssima qualidade da informação que se produz e se veicula no Brasil. Por isso as emblemáticas manifestações à porta da Globo, por isso a saudável insistência em desconfiar do viés partidário e, mais uma vez, eleitoreiro dos veículos que dizem falar em nome do povo.

Nesse Brasil de frases feitas e ideias curtas, o culpado é, tem de ser, sempre o governo e os políticos, mesmo que eles sejam eleitos por nós e mesmo sabendo-se que sem política não há democracia.

A mídia oligárquica nunca foi muito chegada à democracia. Menos ainda ao povo. A tarefa dela, agora, é tentar dizer que há povo e povo. Aquele que manifesta com as ideias das quais a gente gosta deve ser respeitado. Aquele de quem a gente discorda não passa de um bando de vândalos.