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Quando religiosos acalentam o sonho de ditar regras a todos



Reproduzimos excelente artigo intitulado “Estado laico contra a intolerância religiosa” da médica Fátima Oliveira sobre a dura luta para se conseguir fazer valer o que está exposto no Artigo 19 da CF/1988. O texto foi publicado em O tempo e no Viomundo.

Vamos a ele

O fundamentalismo religioso cristão no Brasil, de extração católica e evangélica, adquiriu fôlego na última década, centrado na abolição dos direitos reprodutivos e dos direitos sexuais, vincando interferência perturbadora e preocupante, em todos os sentidos, em nome da defesa da família na vida política nacional.

Tanto evangélicos (dia e estatuto do nascituro, cura de gays, projetos de lei da grife “Estuprobrás”, as recentes infelicidades felicianas satanizadoras…) quanto católicos (concordata Brasil-Vaticano, obra de Lula, ai, meus sais!) acalentam o sonho de ditar regras de comportamento de suas visões de mundo para todo o povo.

Lembremo-nos da interferência do Vaticano nas últimas eleições presidenciais, indicando o voto no beato Serra! Vide Eleições presidenciais 2010: em leilão, os ovários das mulheres!  Os fundamentalistas cristãos brasileiros lutam por leis que transformem a nossa República democrática e laica numa teocracia!

E, ao mesmo tempo, as manifestações de intolerância religiosa não param de crescer, seja intramuros nas religiões ou nas seitas – caso da desassociação de Testemunhas de Jeová – ou na vida pública, sobretudo de algumas igrejas evangélicas contra as religiões de matrizes africanas.

Além da perplexidade causada pela lassidão do governo brasileiro diante dos fatos, não avancei muito na compreensão de tais nefastos fenômenos, sobretudo porque a responsabilidade maior de garantir a liberdade de religião e de assegurar os princípios da República laica é da Presidência do Brasil, que, dolorosa e praticamente, tem silenciado, mas tem cedido muito, em especial para o intuito da Igreja Católica de satanizar as mulheres.

Se a Presidência da República cede quanto aos direitos reprodutivos, como registrei em Governo Dilma submete corpos das brasileiras ao Vaticano, assiste à carruagem da intolerância religiosa passar e avançar sobre os princípios da República e faz de conta que não lhe diz respeito, estamos a pé mesmo…

Todavia, sou teimosinha, teimosinha e continuo firme em meu propósito: “Quero o aconchego de uma República laica e nada mais” (O TEMPO, 31.5.2011). Então, urge enfrentar quem mina os alicerces da República!

Em tal peleja, tenho refletido sobre o papel do secularismo e do laicismo diante da intolerância religiosa.
Compreendo secularismo, grosso modo, como o princípio de separação entre Estado e religiões de qualquer naipe, garantindo e defendendo a liberdade religiosa.

E laicismo é “uma visão filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e das comunidades religiosas, bem como a neutralidade do Estado em matéria religiosa”; tem como valores a liberdade de consciência; a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa e a origem humana – todos, pilares da liberdade em questões de fé.

Na prática, e é uso consagrado, se diz Estado secular ou Estado laico ou Estado não confessional como significando a mesma coisa: o Estado não professa religião e protege quem tem ou não uma fé, como agnósticos e ateus.




Na contramão da História: Vereador propõe construção de monumento em homenagem a Santo Antônio



Vereador propõe construção de monumento em homenagem a Santo Antonio

Está em tramitação na Câmara Municipal um projeto de indicação do vereador Fábio Braga (PTN) para que seja construído um “monumento em homenagem a Santo Antônio”.

Vereador  Fábio Braga (PTN) propôs PL que fere o Estado
Laico. Ele diz que o Projeto nasceu da "fé e
devoção da população da Moraponga"
O símbolo, de acordo com a proposta, seria erguido em frente à Igreja de Santo Antônio, localizada na rua Itália, no bairro Maraponga. A construção ficaria a cargo da Secretaria Executiva Regional (SER) V, responsável pelo bairro.

As despesas, de acordo com a proposta, seriam custeadas com verbas oriundas de convênios e doações e “complementadas com recursos do orçamento do Município”.

“O presente projeto nasce da fé e devoção da população da Maraponga que pretende homenagear a cidade de Fortaleza, com o monumento de Santo Antônio”, diz o vereador, na justificativa do projeto.

O texto está na Comissão de Legislação da Câmara. Como se trata de projeto de indicação, o projeto precisa ser aprovado para ser enviado ao prefeito Roberto Cláudio (PSB), que depois precisaria reenviar a matéria à Casa em forma de projeto de lei.

Após o período de recesso, os trabalhos na Câmara Municipal serão retomados nesta quinta-feira, dia 1º. (Via O Povo).

Vamos nós

Enquanto muitos movimentos vem lutando pela respeito a laicidade do estado, pregando e disseminando ideias que vão ao encontro do respeito a constituição federal, os poderes instituídos, seja ele na esfera legislativa, executiva e judiciária continuam caminhando na contramão da história. A velha ligação entre política e religião, tão marcante (negativamente, inclusive), ainda persiste.

O Princípio do Estado Laico na Constituição de 1988

A Constituição no seu Art. 19, incisos I e III da Constituição Federal diz:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvenciona-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
  (...)

III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Por tanto, incluem-se desrespeito a laicidade a permanência de símbolos religiosos em instituições oficiais, como o uso de quadros e crucifixos nos legislativos, executivos, na sala do judiciário e claro, nas instituições de ensino.