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Juazeiro do Norte lança canal de denúncias para casos de racismo

 

(FOTO | Alê Cardoso).


Para auxiliar no combate ao racismo em Juazeiro do Norte, o Núcleo de Educação e Promoção da Igualdade Racial – NEPIR e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho – SEDEST, lançaram um fluxo de denúncias para casos de racismo. A cerimônia ocorreu no auditório da Unileão Campus Lagoa Seca, nessa quinta-feira, 27.

As denúncias podem ser feitas por meio de três canais:

-Através de ligação telefônica, em caso de flagrante ou ameaça, pelo número 190. A ligação será encaminhada para a Polícia Civil ou Militar.

– Através do site da Prefeitura: www.juazeirodonorte.ce.gov.br, no ícone disposto na aba “Serviços Online”, escrito NEPIR, onde será direcionado para um link. A vítima poderá preencher seus dados, relatar o ocorrido, e escolher a finalidade de uso dessas informações. Além dessa função, a vítima poderá, por exemplo, optar por uma mediação com o agressor, ou ação judicial, ação local, orientações, ou acolhimento.

– O link também ficará disponível no endereço eletrônico: Instagram.com/nepirjn, para fácil acesso.

O atendimento à vítima também disponibilizará acolhimento psicológico do NEPIR e as devidas orientações para prosseguimento.

O caso será encaminhado ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, ao Centro de Referência da Assistência Social – CRAS que atender o território informado e, se necessário, à equipe de Saúde da Família responsável pela região.

A depender do caso, ainda pode ser repassado a um Núcleo de Prática Jurídica – NPJ, a Defensoria Pública ou Ministério Público.

Isto, com a possibilidade da vítima ser acompanhada por algum profissional do NPJ ou da Comissão de Promoção de Igualdade Racial da OAB de Juazeiro do Norte para a oficialização do registro de Boletim de Ocorrência.

Havendo a necessidade de ação no local do ocorrido, esta será articulada com o apoio do Conselho Municipal de Igualdade Racial – COMIRA, do Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC, e da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB de Juazeiro.

O momento do lançamento contou com a presença de representantes da SEDEST, do NEPIR, da Casa da Mulher Cearense, do CREAS, além da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es)- ANPSINEP e do Ministério Público.

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Com informações do Portal Badalo.

Vamos ajudar seu Zeca! Família pede ajuda para pagar cirurgia de urgência

 

(FOTO | Arquivo pessoal do seu Zeca).


José Francisco da Silva, conhecido como "Zeca", natural de Juazeiro do Norte, mediante exame médico, foi diagnosticado com nódulo e derrame pleural (líquido no pulmão), e precisará passar por um procedimento cirúrgico com urgência.

Essa cirurgia será para retirada do líquido e recolhimento do material referente ao nódulo para biópsia. Esse procedimento está orçado no valor de R$ 15.000.

Pelo alto custo da cirurgia, a família de Zeca está realizando uma vaquinha solidária para arrecadar o valor do procedimento. As doações podem ser realizadas através do Pix: 88 981934496 José Fábio Vieira da Silva ou 88 997211363 Sheila Maria da Cruz Freitas, sendo qualquer ajuda bem vinda e de grande valia.

Você também pode ajudar divulgando em grupos, compartilhando com seus amigos e familiares.

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Com informações do blog do Boa.

Núcleo de Educação e Promoção para a Igualdade Racial (NEPIR) é reinaugurado em Juazeiro do Norte

 

Stéphanie Matos, do NEPIR. (FOTO/ Reprodução/ WhatsApp).

Por Nicolau Neto, editor

Movimentos sociais, grupos ligados à área cultural da população negra, povos de terreiros e outras lideranças religiosas estiveram nesta sexta-feira, 15, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho do município de Juazeiro do Norte (SEDEST), participando da reinauguração do Núcleo de Educação e Promoção para a Igualdade Racial (NEPIR).

O evento teve início às 15h00 e contou também com a representante da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Estado do Ceará (CEPPIR), Antônia Araujo e, da psicóloga Luziana Florenço a quem Stéphanie Matos, ativista e uma das responsáveis pelo NEPIR, atribuiu a contribuição no processo de reabertura.

Matos, ainda, agradeceu aos ancestrais. “Muito obrigada a todes que vieram antes de nós. Obrigada ancentrais, familiares e companheiros de luta”, escreveu ela depois em suas redes sociais. Matos que é Terapeuta Ocupacional, falou que o dia foi muito importante ao tempo em que mencionou a força da representatividade e o lugar de fala enquanto mulher negra.

Não foi fácil. Chorei mesmo. “Só a gente sabe o que a gente passa por ser quem a gente é..... NEGRO”, disse. “Mas eu estava feliz”, asseverou ao se referir outras pessoas negras no momento. “Percebi que eu podia ser eu e que nós podíamos e devíamos sermos nós”, complementou.

Representantes religiosos na reinauguração do NEPIR. (FOTO/ Reprodução/ WhatsApp).

Nas redes sociais ela publicou o poema do Adam Vinícius, homem trans, negro e umbandista e que foi lido durante o evento. “Brasil, terra roubada e assassinada em 1500, a tal da colonização. Brasil, terra ‘colonizada’ em 1500, mas que em pleno século XXI ainda quer trazer o enbranquecimento. Me chamando de pardo, mulato ou moreno”, traz um dos trechos do poema.

A gente que é preto, tá se armando e se amando pra não ter mais sequer um pé na senzala. A gente que é preto tá ocupando as universidades e se unificando pra não aceitar mais sentado aplaudindo os branco que acham que estão nos representando”, frisa em outra parte.

150 anos da chegada do Padre Cícero a Juazeiro

 

(FOTO | Reprodução | Facebook).


O dia 11 de abril de 1872, uma quinta-feira, exatamente 150 anos atrás, chegava para fixar residência definitivamente no povoado do Joaseiro, o sacerdote Pe. Cícero Romão Batista. Ele veio da cidade do Crato na companhia de sua mãe, Joaquina Vicência Romana (Dona Quinô), suas irmãs Angélica Romana Batista e Maria Angélica Batista (Mariquinha) e a senhora Tereza Maria de Jesus (Terezinha ou Teresa do Padre). A primeira casa que foi morar localizava-se na Rua do Arame, depois chamada Rua Grande e, atualmente, Rua Pe. Cícero, número 130. A vila do Joaseiro continha aproximadamente 32 casas e um pequeno contingente populacional nesta camada do interior cearense.

Que ensinamentos podemos aprender desse fato histórico da vida do Pe. Cícero e do Juazeiro?

Em primeiro lugar, Pe. Cícero é um homem de decisão. A escolha em morar no lugar pequeno e inexpressivo na cena política e geográfica do Ceará representou um sinal de desprendimento e humildade. Ele foi motivado por um sonho no qual Jesus lhe apresentou um bando de camponeses miseráveis, famintos e desvalidos, vindos dos confins dos sertões, e fixando o olhar, exclamou: “E, você Cícero, toma conte deles”. O Pe. Cícero levou a sério o sonho e tomou consciência da sua missão de acolher e amar esse povo.

“Se acordou na certeza de que o Senhor,

Lhe botava para ser nesse caminho,

o padrinho do povo sem padrinho

 e o pastor das ovelhas sem pastor” (Poema de Geraldo Amâncio).

Outro importante aspecto dessa história é que o Pe. Cícero não veio sozinho, mas trouxe consigo a mãe viúva, as irmãs órfãs e uma senhora que vivia com a sua família. Esse gesto revelou o cuidado, o amor e o senso de responsabilidade com sua família.

A atitude de estabelecer morada no pequeno povoado significou abandonar o desejo de ser missionário na China ou mesmo o projeto de ser professor no seminário da prainha em Fortaleza.  O início do apostolado do Padre Cícero no lugarejo marcado por rodas de samba, consumo de álcool e prostituição consistiu no trabalho árduo, firme e forte atuação moralizadora de fazer as pessoas abandonarem os antigos vícios e pecados, e ficarem próximos a religião cristã. Com os ensinamentos e conselhos do Pe. Cícero, Juazeiro reencontrou o caminho da concórdia, da paz e da ordem, pautando a vila pela oração e pelo trabalho. O vilarejo começa a receber centenas de pessoas, tornando-se o lugar mais populoso dos sertões. Há uma multiplicação de famílias que, provenientes de outros estados nordestinos, vieram residir no povoado, desenvolvendo as atividades do comércio, da agricultura e do artesanato. A casa do padre era o abrigo dos pobres necessitados que ali vinham em busca de alimento, ajuda financeira e trabalho para fixar morada em Juazeiro. Este crescimento da população, aliado à produção de bens e à criação do comércio artesanal, estimulado pelo Padre Cícero, transformou a cidade num lugar de atração econômica de muitos que recorriam a Juazeiro, alimentando a esperança de encontrar a redenção e sustentabilidade de suas vidas. Além do mais, os admiradores e devotos do padrinho Cícero atribuíam  e reconheciam esse território como sagrado, projetando o sonho e desejo da salvação eterna.

A memória dos 150 anos da chegada do Pe. Cícero no Juazeiro é momento de gratidão e reconhecimento da sua generosidade, dos seus ensinamentos e das  suas virtudes de compaixão, ternura, paciência, dedicação e amor aos pobres. Ele colocou suas mãos no Juazeiro e hoje colhemos bons frutos.  Que o nosso padrinho Cícero seja inspiração e referência para nós reconstruirmos esse lugar de fé e trabalho nos dias atuais, na promoção da cultura de paz, na defesa da justiça social, na vivência da solidariedade e no respeito a dignidade da natureza e de todo ser humano.

OBRIGADO MEU PADRINHO CÍCERO!

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Texto de José Carlos dos Santos – Professor de Filosofia da URCA e do IFCE, doutorando em Educação pela UFRN.

Ato contra Bolsonaro em Juazeiro do Norte é encerrado após tensão com policiais

 

Ato contra Bolsonaro em Juazeiro do Norte é encerrado após tensão com policiais. (FOTO/ Divulgação/ Movimento de Mulheres do Cariri).

Cerca de cem pessoas, entre estudantes, integrantes de sindicatos trabalhistas e membros de partidos políticos realizaram manifestação, na manhã deste sábado, 29, contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em Juazeiro do Norte, a 489.2 km de Fortaleza. O protesto também reivindicou vacinas para a imunização da população.

3º Congresso de Tradições de Matrizes Africanas e Indígenas no Cariri será realizado em Juazeiro do Norte


(Foto: Reprodução).

De 13 a 16 de julho de 2018 o município de Juazeiro do Norte, na região metropolitana do cariri cearense, sediará o III Congresso de Tradições de Matrizes Africanas e Indígenas (III CTM Africar). A informação foi encaminhada à redação do Blog Negro Nicolau (BNN) via correio eletrônico pelo professor Samuel Esmeraldo.

Pensado e organizado pelo Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira - Núcleo Ceará-Cariri (Cenarab), Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde – núcleo Kariri (Renafro), Núcleo de educação para a promoção da igualdade racial vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho de Juazeiro do Norte-CE (Nepir/Sedest) e Laboratório Interdisciplinar de Estudos da Violência (Liev/Unileão), o evento abordará temáticas como “Religiões, Intolerância Religiosa, Educação e Estado Laico” e segundo Samuel se configurará como “uma grande oportunidade para um encontro entre acadêmicos, profissionais e comunidades tradicionais de povos de Terreiros, indígenas e quilombolas”.

O III CTM Africar é uma continuação e evolução do I Congresso de Religiões de Matriz Africana no Cariri realizado em fevereiro de 2014 no IFCE ­Campus Juazeiro do Norte e visa abordar a realidade das tradições de matrizes africanas e indígenas, na perspectiva de valorizá­-las e desconstruir conceitos estereotipados referentes a estas.

Ainda segundo o professor Samuel, o evento contará com mesa redondas acerca de questões como a presença do diabo no imaginário das religiões afro-brasileiras (Que macumba é essa que não acredita no diábo?); a construção do Estado Laico no Brasil: aspectos legais, práticos e pedagógicos; Diáspora Africana; Intolerância, Racismo religioso e direitos humanos. Terá ainda além atividades culturais e oficinas de turbante, tranças, cuidados em saúde a partir das folhas, mostra de cinema e de fotografias.

Para participar como ouvinte ou até mesmo para submissão de artigos e apresentações artísticas, é preciso se inscrever.

O III CTM Africar ocorrerá no Sesc de Juazeiro situado à Rua da Matriz. Clique aqui e saiba como fazer.

Quem tem medo do João Cabral?


Estigmatizado pela violência, colorido pela cultura popular e vívido no cotidiano de seus moradores, o bairro João Cabral releva os contrastes e os conflitos de uma cidade interiorana em ascensão.

Entre as linhas imaginárias que delimitam geograficamente os bairros Romeirão, Triângulo e Lagoa Seca está o incompreendido João Cabral, um território marginalizado e temido, mas que possui alma tipicamente interiorana, nordestina e brasileira. Suas ruas são desniveladas, as casas têm porta aberta, as calçadas são um infinito sobe e desce — ora degraus, ora improvisadas rampas — e seus moradores ainda dão aquele jeitinho de sentar ali para jogar conversa fora.

João Cabral é, para além do Horto e dos romeiros de Padre Cícero, motivo de jornalistas, pesquisadores e curiosos voarem de São Paulo até o sertão caririense e aqui sacarem suas câmeras e gravadores. Eles ficam maravilhados de espanto com a riqueza cultural concentrada nesta terra esquecida. Apenas nos arredores da Praça do CC, única do bairro, facilmente se contam 10 grupos de tradição que dançam lapinha, coco, maneiro pau, reisado de congo e de couro, bacamarte e demais folguedos. Quadrilhas de São João também existem aos montes, disputando hora de ensaio na quadra comunitária.


Dizer que o Cariri é celeiro de cultura popular chega a ser, de tão repetido, uma afirmação banal. Mas para Antônio Ferreira Evangelista, 56 anos, líder de reisado popular e brincante há mais de 40, a raiz desse pensamento está fincada em uma localidade bastante específica: o bairro João Cabral. “Se o cabra procurar um bacamarte aqui, ele acha. Se o cabra procurar uma lapinha, acha também”, dispara orgulhoso, apontando para a rua. É no periférico João Cabral que centenárias tradições culturais de Juazeiro do Norte se organizam, se retroalimentam e descansam.

João Cabral tem a maior concentração e grupos de tradição e festejos folclóricos do cariri. Foto: Samuel Macedo.

Bairro de pés descalços, fios emaranhados flutuando sobre as casas com paredes compartilhadas, intimidades reveladas nas roupas à vista, estendidas no varal improvisado, no João Cabral é possível encontrar grandes mestres da cultura popular desfrutando um copo de café passado na hora por suas comadres, sentados nos meio-fios enquanto contam engraçadas histórias de apresentações que fizeram fora dali. Na empolgação do momento, deixam os copos sujos nas janelas alheias, que são lembrados apenas quando a dona da casa dá fé de uma louça faltando.

Morando aqui há 30 anos, o mestre Antônio vê com tranquilidade as mudanças pelas quais o populoso bairro passa. “Aqui era uma grota medonha de tão profunda, onde tudo que se via era Juremas do outro lado. Não tinha nada. Quer dizer, tinha uma ponte de madeira que os corajosos encaravam de passar. Hoje, a grota é praticamente uma avenida, e as Juremas deixaram de existir”. Conta ainda que, em meados de 1987, quando se mudou para essas bandas o bairro também levava o apelido de “baixa das almas”, pelo ruído que o vento fazia nas árvores, assustando os pastores de cabra que ali trabalhavam.

Mas medo de alma nenhuma assusta mais o mestre que o custo de morar. Antes do João Cabral, morou nos bairros Limoeiro e Franciscanos, mais próximos do centro da cidade, e foi migrando de um para o outro na medida em que o aluguel, fator determinante, aumentou com o passar dos anos e com a relevância comercial dos terrenos. “E do jeito que aqui anda aumentando também, daqui a pouco ele vai morar na ‘baixa da raposa’, ali perto do Jardim Gonzaga”, brinca o irmão Raimundo, também mestre. Antônio reza para que não.

Foto: Samuel Macedo.
O bairro é, dizem os jovens moradores, dividido em dois. A parte rica das paredes de cerâmica e dos aluguéis a R$ 500 mensais e a parte pobre, “a favelinha”, das ruas que mais parecem paletas de cores, na simplicidade das tão diversas fachadas, que não escondem as precárias condições de vida. Ainda que a dita parte rica continue bastante pobre em infraestrutura básica se comparada aos bairros vizinhos, a disputa por um status de superioridade, seja pela posse que for, existe e é forte, como relatado no trabalho acadêmico coordenado pelo pesquisador Antoniel dos Santos Gomes Filho.

João Cabral é terra de conflitos, contrastes, alto índice de criminalidade, tráfico e prostituição infantil — onde basta cruzar a rua para sair de um bairro carente de políticas de saneamento, saúde, habitação, segurança e educação — para adentrar na Lagoa Seca, bairro de condomínios, mansões e restaurantes finos, onde iluminação, rede de água e esgoto e segurança pública não são problema. E é aqui que os irmãos Antônio e Raimundo e os mestres Zé Nilton e Francisco, o Nena, trabalham incansavelmente para dar continuidade às tradições, atraindo crianças e adolescentes para a cultura, afastando-as das tentações do crime.

"Aqui a gente faz e respira cultura", diz o brincante Zé Nilton , bacamarteiro. Foto: Samuel Macedo.
O João Cabral é uma peleja”, afirma o mestre Raimundo. “Enquanto a gente peleja para tirar as crianças da rua, os mais fortes que a gente, que é o tráfico, continua colocando elas em risco”, lamenta. Para ele, a batalha cotidiana travada pelo trabalho social realizado pelos grupos de tradição no João Cabral é ação educativa, cultural e de lazer que precisa de mais atenção por parte dos poderes públicos. Entre reisado, quadrilha junina e bacamarte, são mais de 300 crianças e adolescentes diretamente envolvidos — e a meninada quer brincar!

João Cabral é bairro novo, povoado de 1980 para cá por aqueles que não temiam a tal medonha grota ou não tinham outra saída senão aqui se assentarem. Hoje é mar de casas levantadas pelo esforço exaustivo daqueles que tiveram a pele queimada pelo sol e banhada de suor e que hoje anseiam, sob o teto que construíram, descansar assistindo ao jogo de futebol do domingo. Mestre Francisco Gomes Novais, o Nena, grande nome da cultura popular, é exemplo disso. Morador do João Cabral há mais de 20 anos, encontrou, aqui, lugar para desenvolver sua arte, o bacamarte. “Nunca mexerem comigo e nunca mexeram com a cultura. Existe esse respeito, porque eles [as facções criminosas] sabem que estamos fazendo um trabalho bom, que valoriza o bairro”, diz.

Também não se mexe com as religiões — pelo menos não hoje em dia, depois de tanta resistência dos praticantes. É no João Cabral onde mais se abrigam casas de umbanda e candomblé em Juazeiro do Norte. Justamente aqui. Na rua Pio Norões, Daniel Guedes, 19, corre de um lado para o outro em busca dos preparativos para uma festividade religiosa. “Apesar de alguns olhares tortos de quem não conhece e também não faz questão de conhecer a religião, sempre fui bem tratado e me sinto bem, me sinto confortável no João Cabral”, revela. Filho de Iemanjá, praticante do candomblé no terreiro de Jagumar, Daniel cultiva com esmero dois altares em casa, um para a rainha dos mares e outro para Santo Antônio, protetor dos pobres.

Juazeiro, em cada casa, um altar. E na do candomblecista Daniel, ritos e  oferendas para Iemanjá. Foto: Samuel Macedo.

Trabalhador, o João Cabral é lugar onde tem de tudo um pouco, evitando, assim, a fadiga das senhoras de chinelos gastos e varizes desenhadas nas pernas de irem longe em busca uma mercadoria qualquer. Oficinas, mercadinhos, verdurões, cabeleireiros, lojas de roupa improvisadas em garagens sem carro a cada esquina. Trabalha-se onde mora e dorme-se onde trabalha. Preguiçoso, o João Cabral também abraça comadres de certa idade que passam o dia nas calçadas forçando a vista em caderninhos de novena ou até mesmo aprendendo com seus netos a enviar uma mensagem de áudio no Whatsapp.

O bairro também é casa de Maria Socorro Rodrigues da Silva, 58 anos, mãe de 11 filhos — dos quais apenas quatro estão vivos, adultos e sadios — e avó de 12 crianças, a quem ela declara com afeto ser “tudo na sua vida”. Personagem recorrente nas histórias do bairro, Maria Socorro é conhecida por suas aventuras alcoólicas noites adentro. Nem se orgulha nem sente vergonha de suas noitadas quando mais jovem; prefere contá-las em atmosfera blasé, de pernas cruzadas sobre a cama, que também serve de sofá em sua humilde e pequena casa.

Assentada na rua Senhor do Bonfim, antes morou na rua Farias Brito, e antes mesmo disso morava em Acopiara, de onde veio “fugida mais um bicho velho, que depois mandei embora”. Maria Socorro viu as primeiras casas serem levantadas e viu, também, os primeiros bares, estabelecimentos que anos atrás apreciava bastante. “Fui a mulher que mais bebeu cachaça nesse João Cabral, você acredita?”, e gesticula com o indicador para cima. “Juazeiro não era de ninguém, era meu. Rodei por todos os bares e bairros dessa cidade sozinha, porque só gosto se for assim”. 

Maria do Socorro, boemia,  perdas e  encontros. Foto: Samuel Macedo.

Virava noites dançando e bebendo sozinha, mas era quando o dinheiro acabava que “virava o diabo”. Não lembra as vezes em que foi levada pelos policiais por desordem e, chegando na prisão, surpreendentemente ficava sóbria. “Tá boa, Socorro?”, perguntavam os vizinhos nos dias após os virotes, preocupados. “Não, eu não tava doente não”, respondia ela cheia de graça. E lembra os relatos que ouvia, espantada, sobre os acontecimentos, sem qualquer lembrança deles. “Mulher, tu me esculhambou ontem, tu dormiu na rua, tu caiu na lama, tu avançou em cima do carrinho de picolé”.

Por essas e outras ganhou sua fama no bairro, que atribui à pobreza material na qual foi destinada a viver e às barreiras que enfrentou em consequência da falta de estudo e dinheiro. Era continuar bebendo ou viver, então decidiu viver. Hoje, do alcoolismo, ela promete, está curada. Completaram-se 12 anos desde seu último gole, e assim está melhor. Continua sendo personagem carismática nas histórias do bairro que tanto ama e por quem compra briga com motorista de ônibus e moto-táxi, que voltando do forró de todo domingo em Barbalha, tenta fazer piada dizendo: “A senhora mora no João Cabral? Ave, Maria! Deus me livre! Tenho medo até de passar perto”.

JOÃO CABRAL, O HOMEM

Conforme conta o historiador Raimundo Araújo, João Cabral de Medeiros não tinha renome quando saiu de Pernambuco e chegou em Juazeiro do Norte. Tinha, na verdade, apenas a pataca de 200 réis que seu padrinho de crisma — nada menos que Padre Cícero Romão — lhe presenteou para começar a vida adulta. Começou sua vida como comerciante, vendendo rapadura e farinha nas ruas. Pelo carisma, fez amizade com figuras importante, tais como Dr. Floro Bartolomeu, que lhe apresentou ao jogo do bicho, tornando-se o primeiro banqueiro do tipo por essas partes. João Cabral enriqueceu com as apostas, com a agricultura e com o comércio, sob benção do padre. Casou-se com Maria Coimbra e teve um filho, Antônio Coimbra Cabral, que viria a ser um líder estudantil. Morreu 1971, aos 81 anos, recebendo a homenagem póstuma de batizar um bairro.

Fonte: Cariri Revista, edição 30. Editora 309. Juazeiro do Norte. Reportagem: Alana Maria Soares.


Manifestantes realizam 2º Grande Ato Fora Temer do Cariri


Nesta sexta-feira(11/11), o município de Juazeiro do Norte reunirá na Praça Giradouro, na rotatória do triângulo Crajubar, manifestantes de vários movimentos sociais, professores, universitários e simpatizantes no 2º Grande Ato Fora Temer do Cariri.

A ação faz parte do dia nacional de paralização e tem como principal objetivo se posicionar contra a agenda conservadora, de retrocessos do presidente Michel Temer (PMDB) que aos poucos vem sequestrando direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do país, se constituindo com um ataque a Constituição Federal de 1988 e a democracia.

Há anos a classe trabalhadora, juventude e setores mais vulneráveis da população não sofrem tantos ataques como os levados a cabo pelo atual (Des)Governo Michel Temer. Com a PEC 241 (agora 55 no Senado), congelam os gastos públicos por 20 anos afetando todos os direitos sociais (saúde, educação, moradia, etc.); com a reforma trabalhista querem retirar direitos permitindo assim mais exploração; com a reforma da previdência pretendem reduzir o direito a aposentaria. Querem que você trabalhe até morrer. Todas essas medidas têm o objetivo de garantir os lucros dos ricos, financiadores de grande parte dos partidos no poder, sem consideração pela vida e bem-estar da maioria da população”, dizem os organizadores em evento criado na rede social facebook.

O ato político marcado para às 16h00 tem a frente o Movimento Fora Temer Cariri, Frente Brasil Popular e Povo sem Medo e contará com o apoio e a participação de partidos políticos como o Psol, PT e PCdoB, além de diversos movimentos sociais e sindicatos como:

•          Levante Popular da Juventude
•          UNE
•          UJS
•          ACES
•          UBES
•          Kizomba-Cariri
•          RUA
•          JPT-Juazeiro do Norte
•          Coletivo Camaradas
•          Coletivo Marias
•          Coletivo Dama Vermelha
•          CA de Letras da Urca
•          CA de Jornalismo da UFCA
•          CA de Filosofia da UFCA
•          CA de ciências Sociais da Urca
•          CA de Agronomia da UFCA
•          CA de História da Urca
•          CA de Economia Urca
•          CA de Pedagogia Urca
•          CA Design de Produto – UFCA
•          CA de Arquitetura e Urbanismo - FJN
CA de Geografia da Urca
•          Frente de Mulheres do Cariri
•          SINDURCA
. CTB
. Guerrilha do Ato Dramático Caririense
. Cia. Brasileira de Teatro Brincante
•          INTERSINDICAL
•          ADUFC
•          Servidores Técnicos da UFCA
•          SINASEFE
•          SISEMJUN
•          Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Crato
•          Sindicato dos Comerciários de Juazeiro;
•          Sindicato dos trabalhadores em Orgânicos do Cariri;
•          Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Barbalha-SIATRANS
. CRP-CE
. Consulta Popular
•          SINTTROEC Sindicato dos trabalhadores em Orgânicos do Cariri
•          CSP-CONLUTAS
•          Mos - Mov de Oposição Sindical da APEOC
•          Fórum das Águas do Cariri
•          ENEGRECER
•          Movimento Estudantil da UFCA
•          Ocupe a Casa do Povo
•          Ocupa Urca 2016
•          Ocupação do Campus de Agronomia da Ufca

Praça do Giradouro - Juazeiro do Norte. Foto: Divulgação.

No cariri cearense manifestante vão as ruas pela democracia e contra o golpe


As ruas do município de Juazeiro do Norte, na região do cariri ficaram sem espaços durante o fim de tarde e início de noite nesta sexta-feira, 18 de março, em face de uma grande mobilização promovida por professores, universitários, movimentos sociais e demais membros da sociedade civil objetivando defender a democracia e se posicionarem contra o golpe que vem se desenhando nos últimos meses.

Movimentos Sociais vão às ruas em defesa da democracia e contra o golpe. Foto compartilhada pelo professor universitário Darlan Reis Jr.
Movimentos sociais como a Cáritas Diocesana, Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), estiveram presentes e manifestaram apoio as causas em prol da permanência do governo Dilma Roussef e ao ex-presidente Lula.

A mobilização teve concentração por volta das 16h00 em frente ao Hospital Regional do Cariri, no centro de Juazeiro do Norte. O professor titular de História da Universidade Regional do Cariri (URCA) e um dos organizadores do evento, Darlan Reis Jr foi quem primeiro usou as redes sociais para divulgar o ato. “A luta é contra o golpe”; “A casa Grande surta”; “Na defesa da democracia”; “Aqui, do Brasil profundo: não vai ter golpe!” “O sertão é vermelho!” foram as legendas utilizadas pelo docente universitário em cada imagem compartilhada via facebook.

Fez parte ainda das finalidades dos manifestantes os protestos contra Sério Moro, juiz federal e que foi responsável pelas investigações da Operação Lava Jato e que praticou atos ilegais como os grampos, o deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) que é réu em ação mantida no STF, além de setores da imprensa protagonizada pela Rede Globo e a oposição sem ação programática para o Brasil como o PSDB.

Não foi divulgado pelos organizadores, no entanto, o número de participantes, mas pelas imagens é perceptível que foram muitas as pessoas descontentes com o golpe construído por setores conservadores e da elite brasileira.

Confira mais imagens do evento.












Definido temas do II Encontro de Blogueiros do Cariri em Juazeiro do Norte


O comunicador do Jornal Verde Vale, da Rádio Verde Vale AM e editor do Blog do Juazeiro, Beto Fernandes, publicou nesta quarta-feira, 30/04, rede social facebook que o II Encontro de Blogueiros do Cariri a ser realizado neste dia 09 (nove) de maio, no Teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte, já possui a grade de temas e seus palestrantes.

O encontro está sendo promovido pelo Blog do Juazeiro em parceria com o Núcleo de Estudos em Empreendimentos Criativos e Culturais (NEC). Beto também criou na rede social supracitada um evento em que divulga os quatro eixos temáticos.  O Deputado José Guimarães ficará com a responsabilidade de discutir o Marco Civil da Internet. Ainda nessa vertente, Clauver Barreto, presidente da OAB, Secção Juazeiro do Norte, abordará a Neutralidade na Rede e as Questões jurídicas. O professor e o presidente do Instituto Ananduá, Francisco Filho abordará A Blogosfera e os Movimentos Sociais. Inclui-se ainda no rol das discussões A Lei de Acesso à Informação: o que o blogueiro tem a ver com isso?, que ficará a cargo do jornalista e mestre em Comunicação Pública e Sociedade, Alberto Perdigão.

Para o organizador desse segundo momento as finalidades se constituem em trocar experiência entre os blogueiros e fortalecer a mídia alternativa, além de buscar melhorar a formação técnica dos administradores dos portais.

São esperados mais de 100 participantes que devem se inscrever através dos correios eletrônicos betocomunicador@gmail.com e blogdojuazeiro@gmail.com.

No acesso ao local o inscrito deve deixar dois quilos de gêneros alimentícios que serão doados ao INTRA (Instituto Transformar) que trabalha com a comunidade surda carente.

Altaneira foi palco do I Encontro no dia 26 janeiro reunindo poucos participantes, mas com um debate qualificado.



Definido local do II Encontro de Blogueiros do Cariri



Blogueiros de Altaneira condecorados com troféus.
Mesmo com pouca participação, o I Encontro de Blogueiros do Cariri sediado no último domingo, 26, no auditório da Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro, em Altaneira, foi alvo de publicações nos principais diários virtuais desta municipalidade e divulgado pelos palestrantes em seus portais e, ou na sua linha do tempo na rede social facebook.

O jurista Raimundo Soares Filho, do Blog de Altaneira, lamentou a pouca participação dos altaneirenses e a ausência de outros blogueiros que já tinha confirmado presença, mas em diversas oportunidades fazia questão de frisar as palavras do professor Augusto Monteiro que naquela oportunidade tinha ministrado palestra sobre Como Evitar Vícios de Linguagem na Rede, que assim disse "perdeu quem não veio".

Além das alusões ao encontro no blog supracitado, o evento ganhou destaque ainda no Mandíbula de Altaneira com o título “Altaneira Sediou seu I Encontro de Blogueiros". O A Pedreira frisou o feito mencionando o sucesso deste.

Imagem capturada do perfil do Vereador Amadeu de Freitas.
O Vereador Amadeu de Freitas, do município de Crato e um dos palestrantes no evento ao compartilhar na sua linha do tempo no facebook artigo do Informações em Foco arguiu sobre a importância da agregação de experiência entre os blogueiros e destacou a discussão sobre ética na comunicação.

Da mesma forma fez o professor Augusto Monteiro que se mostrou preocupado com os ausentes ante a profundidade com que foi apresentado, discutido e debatido os temas.  “O I Encontro de Blogueiros do Cariri – realizado pela Rede de Blogs de Altaneira com apoio da Prefeitura Municipal – foi inesquecível pela qualidade do evento e pela hospitalidade dos altaneirenses. Senti-me à vontade e parecia não só conhecer o perfeito anfitrião Soares, mas todos os que estavam presentes pela maneira gentil com que fui acolhido. Na realidade, as palestras foram informais, num ambiente descontraído, contribuindo para a profundidade dos temas e, também, para que eles fossem facilmente assimilados. Saí de lá preocupado com os que não compareceram, não têm a mínima ideia do que perderam”, publicou.



O comunicador Beto Fernandes também fez nota sobre e já afirmou que a coordenação da segunda etapa ficará a cargo do Blog do Juazeiro em parceria com o Núcleo de Estudos em Empreendimentos Criativos e Culturais – NEEC, a ser realizada no mês de abril, em Juazeiro do Norte.