O
Congresso Artefatos da Cultura Negra promove a sua IX edição em permanente
diálogo com instituições de ensino superior do Estado do Ceará, movimentos
negros, estudantes, professor@s da educação básica e pesquisador@s vinculad@s
às questões da população negra no Brasil e em outros países. Desde sua primeira
edição, em 2009, tem se configurado enquanto importante espaço de formação de
professores, estudantes de graduação, ativistas dos movimentos sociais e
potencializado a produção acadêmica na temática.
Dessa
forma, o Congresso Artefatos da Cultura Negra tem se constituído enquanto
espaço importante de formação política, pedagógica e cultural pautando a
necessidade de construção de uma educação antirracista que positive a presença
negra na história e na cultura brasileira, ao tempo em que aponta proposições
no campo das políticas públicas para a superação das desigualdades sociais e
raciais. As discussões promovidas no evento assumem um caráter interdisciplinar
e de diálogo estreito com os grupos que preservam a cosmovisão africana no
Cariri cearense.
Pretende-se
também promover discussões no campo da formação dos profissionais da educação,
voltadas para a implantação da obrigatoriedade da história e cultura africana e
afro-brasileira no currículo escolar, Lei Nº. 10.639/03, Lei Nº. 11.645/08, e
da Educação Escolar Quilombola, (DCN’s…, 2012). O conhecimento ancestral é
tomado como base desse processo, com foco no reconhecimento da importância da
África, do povo africano, das lutas históricas da população negra e de todo
legado construído no processo de formação da sociedade brasileira.
Nesta
edição, o evento promoverá mesas de debates, feiras culturais, oficinas,
minicursos, lançamentos de livros, atividades culturais, sessões de
apresentação de trabalhos de pesquisa, relatos de experiências, dentre outros.
Pretende-se ainda realizar, como parte da programação do Congresso, o I Mostra
de Cinema Africano do Cariri Cearense, com exibições de documentários
acompanhadas de rodas de conversa em várias comunidades da região do Cariri
cearense: quilombos, ONGs, escolas de educação básica, praças públicas e outros
lugares.
Curadoria:
Thiago Florêncio (URCA-FICINE) e Janaina Oliveira (FICINE -RJ).
A
I Mostra de Cinema Africano do Cariri Cearense, uma realização do IX Artefatos
da Cultura Negra, tem por objetivo fazer circular curtas-metragens africanos
por diferentes espaços em que é de fundamental importância o debate da presença
negra no Cariri: escolas públicas, universidades, quilombos, ONGs, centros
culturais, dentre outros. A mostra escolheu nesta primeira edição projetar
curtas-metragens da África Lusófona, em sua maioria moçambicanos, que tratam de
temáticas diversas em torno das realidades sociais, políticas e culturais africanas.
A curadoria, ao contrário do estereótipo de pobreza e carência pelo qual o
continente é comumente retratado, selecionou filmes que apresentam a
complexidade e potência dos dramas humanos do continente, com destaque para a
temática dos Direitos Humanos.
1. O vendedor de histórias
(Guiné-Bissau, 2017)
Direção:
Flora Gomes/Tempo: 11 min
Sinopse:
Curta-metragem sobre direitos e desenvolvimento realizada no âmbito da Quinzena
dos Direitos, com apoio da União Europeia e do Camões, Instituto da Cooperação
e da Língua, trata-se de uma crítica social que abrange atualmente o país.
2. Bom dia África (Angola, 2009)
Direção:
Zézé Gamboa/Tempo: 08 min
Sinopse:
Kiluange, um homem de 40 anos, chefe de família, vive a sua vida com muitas
dificuldades, como a maior parte dos cidadãos africanos. Ele acorda cedo todos
os dias e apanha pelo menos dois transportes públicos. Mas um dia o inesperado
acontece…
3. Phatima (Moçambique)
Direção:
Luiz Chave/ Tempo: 9min49s
Sinopse:
O filme é centrado na figura da menina Phatyma, personagem criada por Paulina
Chiziane, escritora moçambicana que atua, publicamente, em favor dos direitos
das mulheres moçambicanas. A partir do olhar da criança-menina, que sonha com
um futuro diferente daquele de sua mãe e avó (embora as respeitando firmemente)
conhecemos a força da cultura moçambicana, as inquietações e os sonhos das
novas gerações nascidas num país que se libertou da condição colonial há menos
de 40 anos. Os questionamentos de Phatyma sobre o papel da mulher moçambicana
hoje desafiam os espectadores (de qualquer nacionalidade e cultura) a
reconhecer a importância de avançar num processo de modernização sem esquecer
os valores ancestrais que alicerçaram a nossa identidade.
4. Dina (Moçambique, 2010)
Direção:
Mickey Fonseca
Sinopse:
Quando Dina, a filha de 14 anos engravida, Fauzia compreende que a violência de
Remane, seu esposo, atingiu novos limites. Com a mãe hospitalizada depois de
uma terrível cena de violência física, Dina convence-a a denunciar Remane à
Polícia. No tribunal Faizia enfrenta Remane pela última vez.
5. O Búzio (Moçambique, 2009)
Direção:
Sol de Carvalho
Sinopse:
Um grupo de rebeldes com crianças soldados preparam-se para uma emboscada. Um
dos rapazes, Eusébio pisa uma mina. O grupo procura refúgio numa velha fábrica.
O comandante olha para o melhor amigo de Eusébio e dá-lhe ordens para, se os
inimigos chegarem, ele deve matar o amigo! É imperativo manter em segredo a sua
base.
6. Tatana (Moçambique, 2005)
Direção:
João Ribeiro/Tempo: 13min 39
Adaptado
de um conto tradicional Makonde, esta é a história de uma velha e de seu neto,
Sábado, criança de 12 anos que ela educa desde a morte do pai. Graças a um
poder oculto, a velha guarda na cabeça os seus familiares mortos que, de quando
em quando, saem cá para fora fazendo uma grande festa em jeito de cerimónia.
Sábado faz uma viagem iniciática conduzida por sua avó acabando por partir a
cumprir o seu destino depois de se reencontrar com o espírito de seu pai. (Com
informações do site do evento).