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Quando a Rede Globo irá reparar o país pelo seu apoio à ditadura militar?



Um dos dirigentes da montadora alemã Volkswagen se reuniu recentemente com o Ministério Público Federal em São Paulo para negociar uma reparação judicial ao país e ao povo brasileiro pelo fato da empresa ter participado ativamente no golpe de Estado que culminou em mais de 20 anos de ditadura militar no Brasil e as milhares de torturas e mortes de perseguidos políticos que decorreram desse ato.

As acusações são frutos do relatório da CNV – Comissão Nacional da Verdade, tendo como base os inúmeros depoimentos e documentos reunidos através das Centrais Sindicais, Associações, pesquisadores e por próprios ex-funcionários da matriz brasileira que foram vítimas das atrocidades cometidas pelo regime militar. Segundo informações, existem fortes indícios de que a fábrica da Volkswagen foi utilizada para a prática de interrogatórios e torturas pelos militares.


A voz da Ditadura.
Trata-se da primeira empresa que teve estreitos vínculos com o regime ditatorial a assumir a sua participação e buscar de forma concreta, se não quitar sua dívida histórica, pelo menos tentar contribuir para que algo dessa natureza jamais volte a acontecer no país. Uma das propostas que estão em análise seria construir um memorial em conjunto com outras instituições para que aquele período não seja esquecido pelas gerações futuras. Outra proposta seria uma cobrança financeira a ser depositado no Fundo de Interesses Difusos.

É um passo extremamente importante para a responsabilização das corporações que de uma forma ou de outra contribuíram para a época mais obscura dessa nação. Com essa atitude a Volkswagen, que já se encontra às voltas com mais um escândalo internacional, tenta demonstrar um mínimo de dignidade para com os cidadãos brasileiros e para com a democracia, que entre tantos percalços, ainda estamos tentando fortalecer e consolidar não só no Brasil, mas como em toda a América Latina.

O problema é que ainda é pouco, muito pouco. Várias foram as empresas nacionais e multinacionais dos mais variados ramos de atividade que apoiaram o regime ditatorial brasileiro e que em troca de seu apoio, conseguiram fazer fortuna às custas de vidas de milhares de inocentes, da dor de seus familiares e da suspensão dos direitos civis de toda uma nação. É imprescindível que cada uma delas também seja responsabilizada e pague, da melhor forma possível, pelo terrível mal que fizeram motivados pela mais pura ganância.

A Rede Globo de Comunicações é um caso à parte em toda essa história e uma das mais notórias empresas da velha mídia nacional a alavancar os seus negócios e a tirar bastante proveito da interrupção na democracia brasileira. É bem verdade que não foi a única do ramo jornalístico. Os barões da mídia familiar nacional, sem exceção, se viram diante de uma grande oportunidade de negócio para os seus empreendimentos. Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, todos tiraram a sua parcela no acordo preestabelecido.

Mas nada foi tão escandaloso quanto a nossa velha conhecida Rede Globo. O absurdo de sua atuação na ditadura militar foi tão gritante que a própria empresa resolveu fazer, em 2013, uma meia culpa, muito aquém do necessário, pelo seu apoio aos generais. No documento intitulado “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”, as organizações Globo afirmaram, entre outras coisas que, “à luz da história, o apoio se constituiu um equívoco”.

Não. Definitivamente não estamos tratando de um simples “equívoco”. Nem mesmo de um “erro” despropositado. Se tinha uma coisa que Roberto Marinho, o então presidente das Organizações Globo, não era, é ser uma pessoa “equivocada”. Mal-intencionada com certeza, mas nunca equivocada. Até hoje a poderosa Rede Globo e todo o seu império construído em muita parte sobre o sangue de brasileiros tombados na ditadura militar, mede meticulasamente os seus passos para conseguirem tudo o que lhes convém. Os custos que os seus interesses podem ter para o Brasil não é e nunca foi exatamente a sua principal preocupação. Não foi na Ditadura e não é agora.

É incrível que uma empresa com tamanho histórico de desserviços ao país, inclusive com práticas criminosas de sonegação fiscal, jamais tenha sido cobrada pela sua postura anti-ética e anti-democrática. Pelo contrário, continua livremente fazendo uso das mais escancaradas formas de manipular a opinião pública para que a democracia brasileira mais uma vez esteja subjugada aos seus interesses econômicos e financeiros, tal qual fizeram ao estampar nas páginas de O Globo, em 02 de Abril de 1964, um dia após a instalação do golpe, o seu nefasto editorial onde proclamava cinicamente o “ressurgimento da democracia”. Segue um trecho:

Vive a nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opiniões sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.”.

Sabemos os “dias gloriosos” que se seguiram a partir daí. O mais incrível é que novamente a Rede Globo tenta desestabilizar um governo democraticamente eleito para que seus interesses particulares sejam mais uma vez atendidos. Sob o mesmo discurso de “Governo irresponsável”, os Marinhos, eles sim, tentam arrastar o país para o que consideram sua “vocação e tradições”, ou seja, a subserviência ao capital internacional, a desigualdade social em níveis alarmantes e a concentração de toda a renda nacional nas mãos de uns poucos privilegiados.

Já está mais do que na hora das Organizações Globo pagarem pelos crimes de lesa-pátria que cometeram e continuam a cometer no Brasil. É simplesmente inadmissível que uma empresa que se ancora numa concessão pública, atente contra os interesses nacionais, contra a soberania de uma nação e contra a vontade declarada e irrestrita da maioria dos brasileiros sem sequer ser incomodada. Já está mais do que na hora do Governo brasileiro e principalmente os cidadãos brasileiros dizerem em alto e bom som às Organizações Globo, que não iremos mais admitir as suas interferências no processo democrático e no futuro da nação.

E a primeira coisa a fazer é cobrar-lhes um alto preço pelo seu apoio à ditadura militar.

O mico do Globo em 1964




Estudando edições antigas do Jornal O Globo (eles ainda vão se arrepender de terem aberto seus arquivos. Não vou deixá-los em paz nunca mais), topo com uma matéria positivamente engraçada, publicada na primeira página da edição do dia 19 de março de 1964, véspera da grande Marcha pela Família, realizada em São Paulo.


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O Globo descobrira que uma respeitada (e independente, pelo visto) enciclopédia norte-americana inserira o verbete O Globo ao lado dos seguintes dizeres: jornal conservador, subsidiado pelos Estados Unidos.

Roberto Marinho se enfureceu com a revelação da verdade…

Via Tijolaço

Globo assume que apoiou a ditadura e carrega consigo Folha e Estado




Globo diz que errou e pede desculpas por apoio a ditadura

Em editorial histórico, Globo reconhece que errou ao apoiar o golpe militar de 1964, mas diz que outros veículos de comunicação, como Folha e Estado, fizeram o mesmo; mea culpa acontece um dia depois de jovens atirarem esterco na emissora

Quase 50 anos após o golpe de 1º de abril de 1964, quando os militares derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart e deram início a 21 anos de ditadura, o jornal O Globo reconheceu que dar apoio ao golpe foi um erro. Na apresentação do texto redigido para o site “Memória”, que conta a história da publicação carioca, O Globo admite ser verdade o teor do coro usado como bordão nas manifestações de junho: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.

O jornal afirma que a decisão de fazer uma “avaliação interna”, contudo, veio antes das manifestações populares. Mas “as ruas”, afirma O Globo, “nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário”. O matutino carioca diz ainda que “Governos e instituições têm, de alguma forma, que responder ao clamor das ruas” e diz que a publicação do texto com o reconhecimento do erro reafirma “nosso incondicional e perene apego aos valores democráticos”.

No texto do “Memória”, o jornal começa fazendo um contexto histórico da época e mostra que não foi o único jornal a dar apoio editorial ao golpe de 64, coisa que fez “ao lado de outros grandes jornais”. O carioca da família Marinho cita os jornais “O Estado de S.Paulo”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e o “Correio da Manhã”. O texto afirma, ainda, que não foram apenas os jornais a conceder apoio aos militares, mas “parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais”.

Editorial de o Globo em 1964. (Arquivo)
Ao mesmo tempo, contudo, em que afirma que o apoio foi um erro, o jornal também adota o mesmo argumento dos militares na época para sustentar e legitimar o golpe: que a intervenção se “justificava” pelo temor de um suposto golpe a ser feito pelo então presidente João Goulart, “com amplo apoio de sindicatos” e até de “alguns segmentos das Forças Armadas”. Um dia antes do golpe, o jornal diz que teve sua redação invadida por fuzileiros navais aliados a Jango e que, por isso, o jornal não circulou no dia 1º de abril. Só voltaria às ruas no dia seguinte, desta vez estampando em seu editorial o famoso texto intitulado “Ressurge a Democracia”.

O Globo dá a entender que se sentira enganado pelas promessas dos militares de intervenção “passageira, cirúrgica” e que, “ultrapassado o perigo de um golpe à esquerda”, o poder voltaria aos civis por meio de eleições diretas. Em seu mea culpa, o jornal também reconhece que a expressão “revolução” foi usada ao longo de anos pelo jornal, justamente porque diz acreditava que a situação seria temporária. Ainda assim, o jornal ameniza o discurso ao falar de Roberto Marinho, o patrono do jornal, o qual afirma que sempre esteve “ao lado da legalidade”.

O jornal defende que Marinho “sempre se posicionou com firmeza contra a perseguição a jornalistas de esquerda”, e que “fez questão de abrigar muitos deles na redação do GLOBO”. O texto diz que Roberto Marinho acompanhava pessoalmente os depoimentos dos funcionários “para evitar que desaparecessem” e que, “de maneira desafiadora”, sempre se negou a repassar aos militares a lista de funcionários “comunistas”.

Por fim, apenas 49 anos depois do golpe e uma década após a morte de Roberto Marinho, O Globo admite o erro: “À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”



Via Pragmatismo Político