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CREDE 18 promove I Formação em Ensino de História e Cultura Afro Indígena Cearense


Professores, membros de movimentos negros e organizadores da I Formação em Ensino de História e Cultura Afro-Indígena
Cearense proporcionada pela CREDE 18. Foto: Divulgação.
A Escola Estadual de Educação Profissional Violeta Arraes Alencar Gervaiseau, com sede em Crato, na região do cariri, sediou durante os dias 20 e 21 de agosto do ano em curso a I Etapa da Formação em Ensino de História e Cultura Afro-Indígena Cearense promovida pela 18ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (CREDE 18).

A formação foi realizada em parceria com os movimentos sociais negros e indígenas da região, com destaque para o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e o Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa, envolvendo o corpo docente da área de ciências humanas das instituições de ensino ao qual a crede é responsável. O encontro ocorreu em cumprimento às Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que discorrem que é obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira e Indígena em toda a extensão do currículo escolar, respectivamente.

Professores Belarmino Ferreira e
Antonio Marcos durante exposição
de trabalho. Foto: Prof. João Lucian.
Na oportunidade, diversos professores da rede estadual de ensino externaram em forma de palestras suas experiências desenvolvidas em sala de aula buscando atender de forma efetiva o que dispõe à lei, fruto inclusive de muita mobilização dos movimentos sócias.

A Escola de Ensino Fundamental e Médio José Alves de Figueiredo (Crato), a partir da professora Maria Dalva da Conceição, abordou a temática “Relatos de Experiências – Herança Cultural Africana no Ceará”, com enfoque na quebra do mito de que neste estado não há negros, muito sustentado ainda por uma visão ultrapassada da história. Os docentes Antonio Marcos Ramos de Oliveira e Belarmino Ferreira de Alburguerque, da Escola de Ensino Fundamental e Médio Presidente Vargas (Crato) socializaram o projeto desenvolvido na comunidade Poço Dantas, deixando entrever traços e heranças culturais indígenas neste espaço social. 

Este blogueiro e professor da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo (Nova Olinda) versou sobre a importância do protagonismo negro nos currículos escolares como forma não só de atender o que apregoa à lei, mas também para corroborar na superação de um ensino calcado na visão europeia. Para tanto, enveredou por ações afirmativas do negro, entendo estes como sendo responsáveis e corresponsáveis pelo formação, crescimento e desenvolvimento do Brasil. No ensejo, externou a série desenvolvida junto ao corpo discente desta escola intitulada “Personalidades Negras que Mudaram o Mundo” e propagada neste portal a partir do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), tendo como finalidades visibilizar personalidades negras que com suas ações mudaram a si e a comunidade ao qual estavam inseridos; trabalhar a história africana e afro-brasileira por um viés daqueles que foram e ainda estão à margem da sociedade e promover a diversidade étnico racial na escola pública.

Verônica e Valeria Neves (Grunec) ao lado de Dayze Vidal (Pretas Simoa) e João do Crato. Quadro montado a partir de imagens deste blogueiro.
Fizeram parte ainda da programação temas trabalhados por membros de movimentos negros e indígenas. A educadora Dayze Vidal, do Pretas Simoa – Grupo de Mulheres Negras do Cariri, ministrou palestra ao qual dedicou cerca de 40 (quarenta) minutos para arguir sobre “Recortes da Lei 10.639/03 nas Redes Públicas de Ensino”. Itens como A Formação da Sociedade Brasileira; Peculiaridade do Ceará; Formação de Professores e Currículo excludente fez parte de sua fala. Para ela, há a necessidade de se trabalhar essa lei de forma transversal e interdisciplinar, o que exclui a falsa ideia de que só aos professores de humanas incube-se essa tarefa.

Verônica e Valérias Neves, do GRUNEC, discorreram sobre “Territorialidade Negra e,ou Quilombola no Cariri Cearense". Aqui, houve a divulgação de um importante trabalho com comunidades rurais de algumas cidades desta região. O material refere-se ao Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri e demonstra que há 25 comunidades organizadas descendentes de negros em 15 municípios.

Contribuíram também no evento o João do Crato com o tema “Territorialidade Indígena no Cariri”; A temática “Arqueologia pré-histórica do Cariri” foi exposta por Heloisa Bitu, representante da Casa Grande (Nova Olinda); o Padre Vileci que desenvolveu o projeto “Ecos do Caldeirão” e uma mesa redonda foi formada objetivando discutir e refletir as religiosidades de matrizes africanas. Para tanto, o babalorixá Edilson e a mãe de santo – a senhora Bira expuseram dados acerca da intolerância e do preconceito que as vertentes umbanda e candomblé sofre em todos os meios sociais. Programações artísticas intercalavam às palestras, como por exemplo, a encenação do poema “Chamaram-me Negra”, da ativista Victória Santa Cruz, realizado pela a aluna Adriely da Escola de Ensino Fundamental e Médio Menezes Pimentel (Potengi).

Segundo Maria Edma da Silva, uma das organizadoras do evento, a ideia é desenvolver a próxima etapa em forma de oficinas.

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