Michel
Temer, rejeitado por 77% dos brasileiros segundo pesquisa Ipsos divulgada nesta
sexta-feira, ainda se mantém no poder graças à Globo. O grupo de comunicação da
família Marinho é hoje a sua principal base de sustentação política.
Nesta
sexta-feira, a manchete do jornal O Globo foge do padrão noticioso. Em vez de
simplesmente noticiar a reforma trabalhista proposta por Temer, o periódico
celebra mudanças que, supostamente, modernizam as leis trabalhistas e
fortalecem os sindicatos.
Entre
as mudanças sugeridas estão a possibilidade de uma jornada de 12 horas diárias,
os contratos temporários de quatro meses e a prevalência do negociado sobre o
legislado – o que significa que acordos entre patrões e empregados, mesmo se
estiverem abaixo do que prevê a lei, não poderão ser questionados na Justiça do
Trabalho.
São
propostas que, evidentemente, favorecem o capital em detrimento do trabalho.
Empregadores poderão contratar funcionários sem direitos trabalhistas por mais
tempo, poderão ampliar jornadas e terão espaço para reduzir obrigações
trabalhistas se os empregados concordarem – o que, em tempos de recessão, é
plausível que ocorra.
Trata-se,
portanto, do fim da Consolidação das Leis do Trabalho, que permitirá a Temer
realizar um sonho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: enterrar a era
Vargas.
A
isso, o Globo dá o nome de modernização. Embora as mudanças tenham sido
apontadas pela Central Única dos Trabalhadores, maior central sindical do País,
como autoritárias, inoportunas e ineficazes (leia aqui), o jornal dos Marinho
também fala em fortalecimento dos sindicatos.