Curso E-Proinfo: “Ensinando e
Aprendendo com as TICs”
Atividade “Articulado Teoria e
Prática” (Projeto)
Plano a ser desenvolvido em sala de
aula
I – Dados de Identificação
Escola:
EEEP Wellington Belém de Figueiredo
Professor:
José Nicolau da Silva Neto
Disciplina:
História
Série/Curso:
1º Ano B do Ensino Médio Integrado/Curso de Finanças
Professor:
José Nicolau da Silva Neto
II – Tema:
A
máscara como símbolo de resistência negra a escravidão
III – Problematização
Discutir
sobre as diversas formas de resistências negra a escravidão no Brasil é, sem
dúvida, um dos atenuantes que leva a uma mudança de paradigma frente a um dos
grandes problemas que acompanha o processo de ensino-aprendizagem centrado, na
grande maioria das vezes, em um modelo europeizante onde a história é contada
pela visão do dominador.
Dessa
feita, compreende-se que não é só um dever enquanto estudante, mas acima de
tudo uma obrigação perceber e analisar a história a partir dos grupos a margem
do poder, vendo-o e percebendo-o como sujeitos da história, como protagonistas,
revelando toda a sua riqueza cultural que perpassou e perpassa pelas suas
relações sociais. Ao se pensar assim e tendo como norte de discussão os povos
negros, a questão se torna mais preocupante, haja vista a não inserção de forma
efetiva da sua história nos livros didáticos, se constituindo como um dos
maiores déficit dos sistemas educacionais brasileiros.
Por
esta perspectiva, entende-se que estudar as diversas formas de manifestações do
povo negro pelo viés não europeizante permite que se saia da condição de
comodismo particular e se estabeleça uma luta pautada nas inquietações
individuais e coletivas construídas a partir de uma visão de alpinista.
Como
ponto de partida e também de reflexão, pretende-se construir/reconstruir o
imaginário popular no que toca as várias formas de resistência negra a
escravidão, tendo como norte de discussão o uso forçado por negros e negras de
máscaras de folha de flandres como símbolo de um passado que insiste em
permanecer nos mais variados espaços sociais, mudando-se apenas as metodologias
e as estratégias para manter sob controle classes sociais. Porque o uso de
máscara insiste em permanecer no seio da sociedade brasileira? Por outro lado,
como se pode perceber a força, a bravura e a coragem negra no uso das máscaras?
A
escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras
instituições sociais. Não cito alguns aparelhos se não por se ligarem a certo
ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a
máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para
respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. (…) Era grotesca tal
máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e
algumas vezes o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta
das lojas. Mas não cuidemos de máscaras
É
sabido que a utilização desse instrumento se configura mais como um ato de
resistência negra do que propriamente como punição por parte dos escravocratas.
Ela (a máscara) não só era usada como método para reprimir e, ou impedir que os
escravos engolissem metal nas minas de ouro, mas pode-se perceber que esta era
associada também a uma visão ainda hoje sustentada – a mulher negra como objeto
sexual. A escrava Anastácia passou ao imaginário popular como símbolo de luta e
de recusa a essa condição imposta pelos senhores de engenho escravocratas. Ela
foi obrigada a usar a máscara por um senhor de escravos que não ficou contente
com a não aceitação dela de submeter aos desejos aflorados deste. Aqui, ela só
era retirada do rosto de Anastácia apenas para que ela fizesse as refeições.
A
Escrava Anastácia, ou simplesmente a “santa” , como passou a ser denominada na
linguagem da religião afro-brasileira, representa a imagem que a história ou a
lenda deixou em volta de seu nome e na sua postura enquanto mártir e heroína,
ao mesmo tempo. O caso da negra Anastácia é apenas um dentre inúmeros outros
que vem a demonstrar a bravura da negritude em não submeter aos caprichos
senhorios.
IV – Metodologia
Utilizar-se-á
como campo de análise, reflexão, debate e atuação para o desenvolver deste
ensaio oficina de confecção de máscaras tendo como matéria prima cabaças
envolvendo 10 participantes, distribuído nos 4 cursos técnicos – Redes de
Computadores, Finanças, Agronegócio e Edificações. Antes, porém, será realizada
uma pesquisa por intermédio da leitura de autores que abordem a temática, assim
como da análise e do debate sobre o poema Navio Negreiro, de Castro Alves.
Para
tanto, será realizado reuniões semanais a fim de proporcionar discussões sobre
os caminhos trilhados pelos autores do projeto junto aos demais integrantes,
vindo a socializar os resultados obtidos. A luz dos saberes e das atitudes de
resistências negra, primar-se-á pela importância e a valorização dos aspectos
culturais, dentro do ambiente escolar, vindo a criar espaços com manifestações
artísticas e exposições.
Ressalte-se
ainda que será feito uma revisão das discussões historiográficas sobre a
temática, onde será aberto um leque de discussões em face das mudanças e
permanências que perpassa pelo nosso país, com a finalidade de que essa enredo
seja rediscutido. Ao passo que se fará também sondagem com o propósito de se
ter um diagnóstico sobre a concepção e os conhecimentos prévios que os
educandos possuem sobre a temática.
V – Relevância do Projeto
Entendendo
que a história precisa ser vista pelo viés das classes menos favorecidas nas
mais diversas facetas e que isso sobrepõe mudanças e permanências é que há a
necessidade de demonstrar que a máscara de folha de flandres atravessou
gerações e permanece viva no imaginário popular, mudando apenas as estratégias,
os locais e as pessoas que impõe seu domínio seja ela, social, cultural,
religioso ou político.
É
digno de registro ainda que uma das principais fundamentações deste ensaio se
verifica ao atender ao que expõe os Parâmetros Curriculares Nacionais, que
fomenta a discussão onde as instituições de ensino trabalhem com a diversidade
cultural e formação ética e estética por intermédio da arte.
VI – Referência Bibliográfica
ASSIS,
Machado. Pai Contra Mãe. Texto proveniente da Biblioteca Virtual do Estudante
Brasileiro e digitalizado por NUPILL – Núcleo de Pesquisa em Informática,
Literatura e Linguística, da Universidade Federal de Santa Catarina.
OLIVEIRA,
Eduardo de. Quem é Quem na Negritude Brasileira. Texto apresentado no Congresso
Nacional Afro-Brasileiro, 1998.
PATTERSON,
Orlanda. Escravidão e Morte Social. Editoria EDUSP, 2008.
PINSKY,
Jaime. A Escravidão no Brasil. Editora Contexto.
PCN
(Parâmetros Curriculares Nacionais) - MEC