Mostrando postagens com marcador Dia Internacional da Mulher Negra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dia Internacional da Mulher Negra. Mostrar todas as postagens

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha tem marchas em todo o país

 

"Afirmamos que nada, sobretudo a democracia brasileira, será feita sem nós, mulheres negras", diz manifesto do ato em São Paulo - Arquivo pessoal. 

Marchas, palestras, atividades culturais, rodas de conversa: o “julho das pretas”, mês que tem o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha nesta terça-feira (25), como data central, tem cerca de 450 atividades organizadas em 20 estados brasileiros neste ano de 2023.

Mulheres negras em marcha por reparação e bem viver” é o tema norteador das atividades e será também o eixo da Segunda Marcha Nacional das Mulheres Negras, prevista para 2025. A primeira aconteceu em 2015 e reuniu cerca de 50 mil mulheres em Brasília.  

Na capital paulista, a oitava Marcha das Mulheres Negras de SP tem concentração marcada para 17h desta terça, na praça da República. A caminhada em direção ao Teatro Municipal (onde foi fundado o Movimento Negro Unificado em 1978) começa às 19h30.

Nós, mulheres negras, indígenas e imigrantes em diáspora denunciamos o genocídio racista desde sempre. Mas o dia 25 de julho é um dia de celebração e também o momento de reafirmar que estamos em marcha por direitos e contra o genocídio do povo preto, dos povos indígenas, das LGBTQIA+, das vítimas do feminicídio, contra todas as formas de opressão e pelo Bem Viver”, ressalta o manifesto da Marcha das Mulheres Negras de SP.

Somos descendentes e herdeiras da luta e da resistência negra contra o criminoso sistema de escravidão que ainda não acabou, já que até hoje não recebemos a devida reparação necessária para o desenvolvimento da nossa cidadania plena”, reivindica o texto.

Em Vitória (ES), a praça Costa Pereira será ocupada nesta terça (25) das 10h às 18h pelo evento “Por todas nós”. Estão previstas exposição de fotos e gravuras, oficinas de escrita, de trança nagô, palestras e apresentações musicais com o grupo de rap Nação Mulher ES e a artista Sthelô com o instrumentista Igor Morais. 

Em Salvador (BA), a manifestação se concentra às 14h na praça da Piedade, com uma ocupação poética e intervenções artísticas. Em seguida, o ato segue para a Praça Terreiro de Jesus. 

O Latinidades, considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, começou em 6 de julho em Brasília e, de forma itinerante, passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo e segue agora em Salvador até o próximo domingo (30). 

Com o tema “Bem viver”, o Latinidades apresentará, no sábado (29), o II Concerto Internacional Contra o Racismo. A atividade começa às 17h na praça Quincas Berro D’água, na capital baiana. 

Em Fortaleza (CE), nesta terça (25), um ato com debate está sendo organizado pelo Grupo de Valorização Negra do Cariri e a Rede de Mulheres Negras do Ceará, na praça da Gentilândia, às 18h. 

Em Belém (PA) a marcha, convocada pelo Coletivo de Juventude do Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), tem concentração marcada para 16h no Portal da Amazônia, também neste 25 de julho. 

Já em João Pessoa (PB), um cortejo deve começar às 18h na praça da Paz. Em Aracaju (SE), o ato está marcado para 14h na praça Olímpio Campos. 

Na região sul do país, na capital paranaense, uma marcha sob o título “Mulheres sagradas” acontece a partir das 19h na ladeira do Largo da Ordem, na centro de Curitiba (PR). 

No Rio de Janeiro, o ato vai ser no próximo domingo (30), na praia de Copacabana. Entre os temas pautados pelas organizadoras estão o combate à fome e às violências contra a juventude negra, o acesso à moradia e ao trabalho. 

A data

O 25 de julho começou a ser comemorado em Santo Domingo, na República Dominicana, onde aconteceu o primeiro encontro de mulheres negras latino-americanas e caribenhas em 1992. A partir daí, a data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

No Brasil, em 2014 a Lei 12.987 estabeleceu o 25 de julho também como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A homenageada foi líder do Quilombo Quariterê no século 18, comunidade localizada na fronteira entre o Mato Grosso e a Bolívia.

Referida como “rainha”, Tereza esteve no comando do quilombo, que reunia cerca de 100 pessoas e se organizava politicamente por meio de um conselho, ao longo de duas décadas. 

____

Com informações do Brasil de Fato.

Colunista do Blog Negro Nicolau ministrará palestra sobre empoderamento da mulher


Josyanne Gomes é professora e colunista do Blog Negro Nicolau. 

Texto: Nicolau Neto

Movimentos de mulheres e centrais sindicais preparam atos por todo o Brasil contra o presidente Jair Bolsonaro em referência ao Dia Internacional da Mulher. Na região do cariri cearense, o Crato sediou nesta manhã, em frente à prefeitura, uma manifestação que foi pensada e organizada pelo grupo impulsionador do 8 de Março Cariri. “Pela Vida das Mulheres: Contra o Racismo, o Machismo, a LGBTFobia e o Fascismo” foi a temática central.

Homenagem às mulheres – Elas por eles. Entrevista ao blog “Reflexões de Lucélia Muniz”


A professora e blogueira Lucélia Muniz lançou em seu portal “Reflexões de Lucélia Muniz” a série “Elas por Eles” visando tecer homenagens as mulheres pela passagem do seu dia, 08 de março.

Segundo Lucélia a homenagem se dará durante o mês março “sob a ótica dos homens onde os mesmos vão dá sua contribuição acerca da importância do papel da mulher na sociedade”. Para tanto, vários personagens responderam a muitas perguntas que perpassavam por uma infinidade de temas acerca dos desafios, lutas e conquistas da classe feminina.

O primeiro entrevistado foi o micro empresário Charles Neto que reside em Porta Alegre, estado do Rio Grande Sul. Este signatário foi o segundo da lista. Em 2015 a série foi intitulada “Mulheres que Inspiram”.

Confira abaixo a entrevista cedida por este blogueiro:

Entrevista nº 02

Reflexões de Lucélia Muniz - Dentro do contexto atual, na sua opinião, quais as principais conquistas alcançadas pelas mulheres?

Nicolau Neto - Falar das conquistas das mulheres nos leva a nos referir a um universo de outrora que foi muito perverso para com elas. A trajetória de submissão, exploração faz parte da vida de muitas mulheres. Na antiguidade, elas não podiam exercer sua cidadania, aliás, se quer eram consideradas cidadãs. Durante a idade média, passou-se a percebê-las como objetos e, ou moedas de trocas, especificadas muito bem nos casamentos arranjados com colaboração da instituição religiosa de cunho católico que, diante do poder emanado, mandavam e desmandavam na sociedade do período. Veio a modernidade e, poucas mudanças foram efetivadas.

A luta do feminismo por igualdade em todos os espaços ganha corpo somente na contemporaneidade. Em 1848, quando teve início o movimento feminista, na convenção dos direitos da mulher em Nova York (E.U.A), as reivindicações emergiram em virtude das grandes revoluções. É importante lembrar que as conquistas oriundas da Revolução Francesa, que tinha como lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, foram reivindicações das feministas porque elas acreditavam que os direitos sociais e políticos adquiridos a partir das revoluções deveriam se estender a elas enquanto cidadãs. Algumas conquistas podem ser registradas como consequência da participação da mulher nesta neste processo, um exemplo é o divórcio.

Notadamente que, muitas conquistas foram sendo efetivadas de forma lenta, gradativa e com muita luta. Porém, hoje se pode perceber resquícios dos pensamentos de outrora como, por exemplo, o velho e péssimo clichê: “lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos”. Ao passo que muitas mudanças positivas aconteceram e continuam, a passos lentos, acontecendo. O voto universal também se faz necessário citar.


RLM - Em pleno século XXI, quais situações ainda são enfrentadas pelas mulheres? Seja na questão de gênero, na falta de políticas públicas e/ou no contexto socioeconômico.

Nicolau - Às vezes, ou quase sempre fico a me perguntar se se tem realmente o que se comemorar no dia internacional da mulher. Porque?. Ora, nos últimos três anos houve um retrocesso tão grande que só se compara com aqueles em que as mulheres eram taxadas como o “sexo frágil”. Em 2013, por exemplo, o conservadorismo em diversos setores da sociedade foi marcante, tanto que foi necessário a mobilização de movimentos que lutam em defesa da visibilidade feminina para que direitos e conquistas já editados na Constituição Federal de 1988 não fossem jogados pelo ralo. 2014 seguiu o mesmo passo e 2015 foi ainda mais desastroso para todos, principalmente para a classe feminina, comprometendo o ano que acaba de começar. Falo da eleição de deputados e senadores mais conservadores de todos os tempos, mais até do que em 1964, pois nesse período o Brasil vivia sob o julgo da ditadura, mas hoje o regime é democrático e sendo uma democracia é inconcebível certas atitudes parlamentares.

Foi desse congresso por exemplo que saiu o argumento de que as mulheres teriam que ter provas mais consistente para o estupro, pois o simples relato ou marcas no seu corpo não mais seria suficientes. Acredito que para o congresso (falo em nome de pessoas como Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e Eduardo Cunha) só uma selfies (com a legenda – Olha ai eu sendo estuprada! Prenda-o!) das mulheres registrando o ato serviria como prova.

Se não bastasse isso, elas ainda tem que enfrentar a violência física e psicológica. De acordo com estatísticas, o Brasil ocupa por três anos consecutivos o 7º lugar entre aqueles om maior número de homicídios femininos. Esses dados aumentam quando se refere a mulher negra. As negras mulheres são as maiores vítimas desse caso. As estatísticas do Mapa da Violência afirmaram que dos índices de assassinatos 60% são negras. Para além desses pontos mencionados, o universo feminino ainda tem que enfrentar o machismo que insiste em permanecer na mente fraca e doente de muitos homens, o racismo – a maior praga já existente e causador de muitas atrocidades (a maior delas o sistema escravocrata) e hoje define o lugar na sociedade.

Não se pode esquecer ainda que a estrutura partidária se configura com um dos maiores empecilho para a representação da mulher nesse ambiente. Para se ter uma dimensão do que ora se menciona, o Brasil é o país da América Latina que possui a menor quantidade de mulheres na política. Dados divulgados pela Inter-Parlamentary Union (IPU), órgão que reúne dados sobre o Legislativo em todo o mundo, mostram que apenas 13% das mulheres brasileiras estão no parlamento. Esses dados caem mais da metade quanto a mulher negra.

RLM - E como a Educação pode ser usada como uma “arma” no combate a estas situações?

Nicolau - Em primeiro lugar trabalhando bem o 08 de março de uma forma que se possa desmistificá-lo. Fazer isso significa debater desde cedo que ele não é dia para e comemorar o dia internacional das mulheres, simplesmente.  Mas um dia para se refletir sobre as condicionantes históricas que ensejaram a organização da classe feminina em prol da luta visando à conquista de seus direitos, da sua inserção no mundo sem serem submissas ao mundo machista. Promover rodas de conversas acerca de ações que venham a se configurar como mais uma oportunidade de rever as forças e a organização dessas guerreiras que passaram anos e anos sob o julgo do exacerbado machismo.

Disciplinas como História, Filosofia, Sociologia e Formação Cidadã são as ferramentas mais fortes na promoção desse debate no seio escolar, afinal de contas, essa data que as pessoas notadamente insistem apenas em comemorar sem refletir, surgiu em 1910, em Copenhague, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas. Trata-se, portanto, de demonstrar que é um dia dedicado à luta das mulheres trabalhadoras, notadamente. É momento de reforçar o espírito de solidariedade internacional, dia de rever a força e organização das mulheres identificadas com a luta contra todas as formas de dominação, exploração e opressão. 
RLM- Neste Dia Internacional da Mulher, no mês de março, qual Mulher você gostaria de homenagear em nome de todas? Por que?

Nicolau - Quero homenagear duas mulheres. A primeira delas é minha mãe – Neusa Lourenço da Silva (foto ao lado). Mulher negra que desde cedo soube fazer das dificuldades degraus para alcançar as vitórias. Descrever uma mulher é difícil e quando essa mulher é sua mãe, torna-se mais difícil ainda. Não porque não tenho o que dizer, ao contrário. São tantos adjetivos que nem sei por onde começar. Mas definirei em três palavras, a saber, FORTE, GUERREIRA e IDEALISTA. Foi ela que me ensinou que se combate o racismo denunciando e não fingindo não sofrer ou calando achando que se não falar ele acaba.

A segunda é Valéria Rodrigues (foto abaixo). No último dia 20 de novembro dia dedicado a mais um momento de análise e reflexão crítica acerca das ações sobre a valorização da cultura africana e afro-brasileira nos espaços de poder, completou-se um ano em que Valéria Rodrigues nos oportunizou conhecê-la. Nesse curto período de tempo convivi (e estou convivendo) com uma pessoa simplesmente maravilhosa que tentarei - mesmo sabendo que o espaço não é suficiente para caracterizá-la - externar alguns adjetivos que são inerentes a sua pessoa: Amiga, Companheira, Dedicada, Compreensiva, SOLIDÁRIA, Inteligente (e sabe usá-la em todos os momentos), Sábia, Meiga, Linda por dentro e por fora...... Com você aprendi e muito. Aprendi a desenvolver outras habilidades que estavam adormecidas. Aprendi a adentar em outros espaços que, mesmo respeitando a coletividade, hesitava em entrar. Aprendi que desistir mesmo quanto tudo conspira contra, é inaceitável, pois, como você mesmo diz - "há outras pessoas que, mesmo sendo poucas, se inspiram em nós e é a elas(es) e por elas(es) que devemos continuar a ter esperança de um mundo melhor". Aprendi que conviver não é tarefa fácil, mas necessário para promovermos mudanças significativas na sociedade, tão carente de mentes solidárias e com espírito de ALTERIDADE (como o dela).



“Em tempos de intolerância, qualquer oportunidade de homenagear a mulher negra precisa ser abraçada”



Todos viemos de uma barriga negra”, diz uma das idealizadoras da Feira Crespa, na Pavuna, Elaine Rosa. Por isso, a data de hoje, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é tão importante quanto a comemorada em 8 de março (Dia Internacional da Mulher). Mas ela não está sozinha nessa luta. Homens, como o produtor do Sarau da Lona, Thiago de Paula, também estão nessa. Tanto que, em ambos os eventos, que acontecem desta manhã até a noite, a cultura feminina negra é a grande estrela.

A CIA. Raiz Dança Afro-brasileira se apresenta no Sarau
da Lona. Foto: Divulgação.
 A mulher ainda é vista como inferior, por conta da sociedade em que vivemos. Na população negra, a coisa se agrava três vezes mais”, diz Elaine, enquanto prepara os últimos retoques para a Feira Crespa abrir suas portas hoje, das 15h às 21h30, na Arena Jovelina Pérola Negra. Por lá, a programação gira em torno de tudo que enaltece a beleza afro. “A estética vai atrair a mulher para entender uma série de coisas que estão por trás disso”, acredita Elaine.

"O cabelo é muito importante para a mulher. O crespo é um resgate da nossa ancestralidade”, emenda ela, explicando a escolha do nome do evento. Na Lona Cultural Municipal Terra, em Guadalupe, no Sarau, as principais iscas para o público são as manifestações culturais. “Em tempos de intolerância, qualquer oportunidade de homenagear a mulher negra precisa ser abraçada”, acredita Thiago, listando as atrações de hoje: “Vai ter o pessoal do afoxé, exibição do filme ‘Clementina de Jesus: Rainha Quelé’, gastronomia rastafári, a Cia. Raiz Dança Afro-Brasileira...”

Mas, além de beleza e lazer, os dois eventos também têm hora para falar mais sério. No Sarau, por exemplo, a diretora de escola e professora de arte Julia Dutra contará sua trajetória como transexual negra. “Me sinto muito mais discriminada por ser negra do que por ser trans”, conta ela, que defende a educação como o melhor caminho para a causa. “Tem que começar da base, mostrar para as crianças o diferente, pois há várias possibilidades de seres humanos.”

Combate ao racismo norteia o início do Festival Latinidades



O Festival Latinidades foi criado em 2008 para comemorar o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho. Realizado em Brasília, é o maior festival de mulheres negras da América Latina. O tema deste ano é cinema negro e a ideia é debater o protagonismo e a representação das mulheres negras no cinema e, ainda, discutir sobre políticas públicas no setor audiovisual.

A programação é vasta e abrange performances, sessões de filmes, conferências com personalidades nacionais e internacionais, exposições, oficinas e shows. O festival ocupa a sala, o foyer e a área externa do Cine Brasília.

A mesa de abertura da quarta-feira (22), teve como tema Cultura e Educação: interações no combate ao racismo e na valorização de identidades negras. Estiveram presentes Cida Abreu, presidente da Fundação Palmares; Mãe Beth de Oxum, yalorixá e musicista; e Cida Bento, psicóloga e coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades.

As palestrantes falaram sobre a importância do cinema na construção de sonhos e histórias de identificação e reconhecimento da população negra brasileira. “A formação da identidade é um cruzamento entre algo que trazemos, que é nosso, e algo que vem de fora. Trazemos não só dessa vida, mas da nossa ancestralidade. Essa identidade se constrói a partir do toque, do contato físico, dessa sensação de pertencimento a um grupo”, afirmou Cida Bento.

Outro tema abordado foi como a tradição oral e outras práticas culturais negras são fundamentais na transmissão de conhecimento, além da importância da mobilização das famílias e dos professores da educação infantil no combate ao racismo e na promoção da cultura negra, respeitando seus trajes, penteados, danças e músicas.

Mãe Beth de Oxum emocionou o público ao cantar e defender as manifestações culturais de Pernambuco. Ela criticou ainda a proposta de redução da maioridade penal, que tramita no Congresso Nacional. “O jovem não pode ser criminalizado porque o Estado não cuida dele. A gente está pautando o genocídio da população negra e mostrando como esse projeto é perverso e racista. Jogar todo mundo numa vala comum, que não melhora ninguém, não é a solução”, defendeu.

As 18h30, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançará a Década Internacional dos Afrodescendentes. Participarão da cerimônia a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Nilma Lino Gomes, e o coordenador do Sistema das Nações Unidas No Brasil, Jorge Chediek. Ainda hoje, às 21h30, haverá show da cantora Elza Soares. O show será transmitido no sábado (25) pela TV Brasil.

Todos os eventos, exceto os filmes, contarão com libras (língua brasileira de sinais) ao vivo para pessoas com deficiência auditiva. O local também é acessível aos cadeirantes.

O evento conta ainda com o projeto Latinidades Sustentável que traz, entre outras ações, bicicletário com iluminação e segurança durante todo o evento, linha de ônibus para o trecho da Rodoviária ao Cine Brasília, coleta seletiva de lixo, varal social – para troca de roupas usadas, oficinas artísticas e um ônibus para recolher descarte de lixo eletrônico, estacionado no local.

O evento é uma realização do Instituto Afrolatinas com patrocínios da Petrobras e do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e segue até o domingo (26).



25 de Julho marca o dia da Mulher Negra


No próximo dia 25 de julho será celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Com o objetivo de ampliar e fortalecer a união e a mobilização das mulheres negras no continente, a data foi criada após o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992.

Antes tímida no país, hoje ela é mais articulada e mobiliza diversos encontros, debates e atividades em geral em torno das questões da mulher negra na sociedade. Para a escritora e produtora cultural, Raquel Almeida, o aumento desta articulação tem colaborado para que mais mulheres tornem-se protagonistas da luta contra o machismo e o racismo.

A importância é justamente mobilizar e articular a nossa galera que já é protagonista na luta. Lembro que há cinco anos, poucos eventos pelo Brasil marcavam essa data. Lutamos muito pra que ela fosse celebrada nas periferias e hoje os grupos liderados por mulheres negras têm aumentado muito”, comemorou.

Nesta linha de avançar na repercussão da data e, consequentemente, no debate de suas pautas, o cineasta Avelino Regicida, lançou, ano passado, o documentário “25 de Julho – Feminismo negro contado em primeira pessoa”, em parceria com o Espaço Cultural do Morro. O filme conta a história de 12 mulheres negras da periferia e a luta diária contra a opressão em São Paulo.

A ideia é de 2011, quando o Espaço Cultural do Morro começou a realizar um evento chamado ‘Feminina Resistência’ para discutir questões voltadas à mulher negra. Aí percebemos que a data é pouco conhecida pelas pessoas e pensamos que o documentário pudesse ser algo que ajudaria na divulgação. Eu imaginei sim que o filme rodaria bastante, por isso optamos pela divulgação na internet. Mas o ver ficar conhecido fora de São Paulo é algo que nos agrada muito”, explicou.

“O feminismo está muito distante das mulheres negras periféricas

Um debate que se acirra cada vez mais está em torno das diversas nuances do que pode se chamar de feminismo - feminismo negro, periférico, tradicional, entre outros. Segundo Raquel, ainda há um feminismo que precisa sair “dos quatro muros da intelectualidade” para conseguir entender melhor a realidade das mulheres da periferia.

Existem várias questões dentro do feminismo negro que são específicas e que muitas vezes entram em choque com alguns pensamentos na corrente feminista. Se trata de questões que uma mulher branca burguesa feminista não vai entender, não adianta chegar na quebrada empurrando goela abaixo um feminismo padrão. É importante se aproximar mais, respeitando as nossas particularidades”, analisou.

Atividades pelo país

Entre as atividades que acontecem pelo país nesta sexta-feira estão:

São Paulo – capital: “Virada Cultural Mulher Negra e CIA” que terá debates em diversos pontos da cidade e contará com oficinas culturais e diversos shows, entre eles, o da cantora Negra Li.

Brasília: Festival Latinidades, no Museu da República. Começou nesta terça (23) e vai até o próximo dia 28.

Salvador (Bahia): Semana da Mulher Negra, do dia 19 ao dia 25, no Solar da Boa Vista.

Rio de Janeiro – capital: A mulher Negra no Brasil de hoje”, no Parque Madureira, no dia 25.

Recife (Pernambuco): Oficina Guaianases de gravuras: um olhar feminino o “, no Museu de Abolição. Fica em cartaz até o dia 30/09.

Minas Gerais: eventos acontecerão simultaneamente em 10 cidades do estado do dia 25 ao dia 31/07.

Porto Alegre (Rio Grande do Sul): “Mulher Negra em Foco”, no auditório do Banco Central acontece dia 25.

Curumbá (Mato Grosso do Sul): IV Encontro da Mulher Negra do Pantanal, no dia 25, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Manaus (Amazonas): III encontro de Mulheres Afroameríndias e caribenhas para discutir o racismo institucional na Universidade Federal do Amazonas, que acontece do dia 23 ao dia 25/07.

Com Brasil de Fato