Mostrando postagens com marcador Carnaval 2018. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carnaval 2018. Mostrar todas as postagens

Desfile de 2018 fez o que a lei 10.639 não conseguiu em 15 anos


Paraíso do Tuiiti promoveu crítica a reforma trabalhista e questionou o fim da escravidão. (Foto: Divulgação).

Duas escolas do Grupo Especial do Rio provocaram uma especial catarse em seu desfile na Sapucaí. O impacto foi maximizado porque visto por dezenas de milhões de pessoas em todo o país pela TV.

Autoras da proeza: a Paraíso do Tuiuti e a Acadêmicos do Salgueiro.

A Tuiuti trouxe o enredo “Meu Deus, Meu Deus, está extinta a Escravidão?” Fala dos 130 anos do fim da escravidão a serem completados em 13 de maio deste ano. A abordagem dos carnavalescos fez lembrar minha tese do 14 de Maio: critica o racismo e mostra como a cidadania ainda é algo a ser conquistado pelos negros no Brasil. Vão além disso ao tratar da conjuntura política, criticando a reforma trabalhista e ironizando os “manifestantes fantoches” do impeachment. Fecham com chave de ouro com o presidente-vampiro cuja faixa presidencial vem com cédulas de dinheiro dependuradas. Criticar a forma como a Abolição se deu no país onde a escravidão mais durou – 354 anos -, numa ópera móvel, que já foi chamada do maior espetáculo da terra, não é pouca coisa. Mexeu fundo com muita gente.

Porém, a Salgueiro veio com um enredo demolidor da narrativa racista que invisibiliza a importância da África e desvaloriza a mulher negra. Seu tema: “Senhoras do Ventre do Mundo” é mais que uma homenagem à mulher negra pois tem um componente de resgate que educadores e educadoras tentam fazer há 15 anos com a aplicação da Lei 10.639 de 2003 sem sucesso efetivo.

De cara, ao trazer a África como o ventre do mundo; a base da civilização humana, como a moderna genética confirma, me tirou o fôlego. Em meus workshops sobre Diversidade Étnico-Racial faço uma ginástica didática enorme para apresentar a Eva Africana – primeiro indivíduo que desmistifica o homo sapiens (Adão na visão bíblica). O que houve a cerca de 70 mil anos foi femina sapiens em África.

Depois, apresentar as rainhas negras em que se destaca Hatsheput, a rainha-faraó do antigo Egito, mais guerreiras e heroínas negras eclipsadas por uma história epistemicida foi catártico de fato. Mas não parou por aí: trouxe as escritoras negras Maria Firmina, a primeira romancista do Brasil, Auta de Souza e Carolina de Jesus – esta última vem sendo resgatada pelo feminisno negro a duras penas. Mas a Pietá negra, simbolizando a mãe dos 23 mil jovens negros mortos violentamente a cada ano na terra brasilis, fechou um desfile didático que ainda não se conseguiu fazer na sala de aula. Anne Rodrigues, uma educadora de Salvador, me confirma que a arte chega melhor onde outras mediações sociais não conseguem. Há forte empatia e o conteúdo torna conhecimento.

Como se não bastasse as duas escolas Rio, três escolas do primeiro grupo de São Paulo em seus enredos homenagearam 3 ícones negros da arte musical: Vai-Vai (Gilberto Gil); Peruche (Martinho da Vila) e Mocidade Alegre (Alcione). Tudo aquilo que a Lei 10.639 nem perto chegou ainda. (Por Helio Santos*, em seu perfil no Facebook).
____________

*Hélio Santos é professor convidado do Mestrado em Educação da UNEB, presidente do Conselho do Fundo Baobá e presidente do Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD. 

Trabalho infantil no carnaval. O que nós temos a ver com isso?



O trabalho infantil é a violação de direitos de crianças e adolescentes mais verificada em grandes eventos, ao lado de outras situações como o consumo de álcool, desaparecimento, violência sexual. Esses são apontamentos do Observatório de Violação dos Direitos das Crianças e Adolescentes no Carnaval de Salvador (2017) e os registros das ações realizadas durante a Copa do Mundo, no Brasil, no âmbito da Agenda de Convergência para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes (2014).

A maioria das crianças nesses eventos trabalham na companhia dos pais ou responsáveis que atuam como vendedores ambulantes nos circuitos da festa. Alguns chegam a dormir na rua, nos locais de trabalho, em barracas improvisadas, caixas, papelões. Em meio aos confetes, serpentinas, marchinhas, alegria e diversão, circulam invisíveis entre os foliões.

No Estado de São Paulo, a PNAD 2015 (IBGE) apontou o total de 405.640 crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando em diferentes atividades. Desse total, 200 mil estão concentradas na Grande São Paulo. E a maior parte, 84% dos adolescentes com idade entre 14 e 17 anos, são meninos que trabalham em atividades urbanas. A pesquisa não consegue diagnosticar de forma precisa o trabalho nas ruas, tendo em vista que a metodologia de entrevista domiciliar dá margem a imprecisões. Em grandes eventos, como o Carnaval, esse trabalho de crianças e adolescentes aumenta, em razão da intensificação de atividades econômicas relacionadas ao evento, como turismo, comércio ambulante, indústria do entretenimento.

O Brasil se comprometeu internacionalmente a eliminar as piores formas de trabalho infantil até o ano 2016 e erradicar totalmente essa prática até 2020. As metas não foram atingidas, tendo sido renovadas perante a ONU até 2025. De outra parte, as alterações legislativas que precarizam relações de trabalho, como a Reforma Trabalhista, facilitando contratações sem vínculos, colocam em maior vulnerabilidade as crianças, que tendem a ser utilizadas como mão de obra no complemento da renda familiar.

O trabalho infantil atinge em maior parte famílias que estão na base da pirâmide social. O ingresso precoce no trabalho normalmente ocorre em atividades perigosas, na informalidade, produzindo um ciclo que se perpetua entre gerações. Pesquisa da OIT no ano 2011 constatou que 95% dos trabalhadores resgatados em condição análoga a de escravo foram também vítimas de trabalho infantil.

São inúmeros os prejuízos físicos, psicológicos e sociais ao desenvolvimento das crianças e adolescentes. É um problema de todos, pois reproduz as desigualdades sociais e raciais históricas, que impedem a construção de uma sociedade efetivamente justa e democrática. Os direitos fundamentais, a proteção integral e prioridade absoluta previstos na Constituição Federal de 1988 devem ser assegurados a todas as crianças e adolescentes.

Para tanto, cada um tem que fazer a sua parte. É necessário romper o silêncio, acionar os órgãos de defesa e proteção (Ministérios Públicos, Conselhos Tutelares, Defensoria Pública, outros) através dos canais de denúncia (Disque 100). O Poder Público e a atividade empresarial que se beneficiam do resultado econômico dos grandes eventos, têm responsabilidade em prevenir a ocorrência de violações de direitos de crianças e adolescentes, assegurando condições dignas de trabalho àqueles que fazem a grande festa acontecer, evitando a ocorrência do uso da mão de obra infantil.

O trabalho infantil é uma grave violação de direitos humanos da criança e do adolescente. Impede que a criança tenha o seu desenvolvimento saudável, impondo a esta obrigações e responsabilidades de um adulto, colocando em risco a sua saúde e às vezes a própria vida. É preciso desnaturalizar essa situação que atinge em sua maioria crianças negras, vítimas também do racismo estrutural presente na sociedade.

Os direitos fundamentais devem ser assegurados a todas as crianças e adolescentes e não apenas a uma parcela da população. Já nos alertava o grande líder sul-africano, Nelson Mandela, “Não existe revelação mais nítida da alma de uma sociedade do que a forma como essa trata as suas crianças”. Uma sociedade assentada no princípio democrático, de igualdade e não discriminação precisa cuidar de suas crianças. Por isso, não podemos aceitar o trabalho infantil. É uma luta por direitos, igualdade e democracia. (Por Elisiane Santos*, no Negro Belchior).
______________
*Elisiane Santos é Procuradora do Trabalho, Coordenadora do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil em São Paulo, Vice-Coordenadora da COORDIGUALDADE (Coordenadoria de Combate à Discriminação do Ministério Público do Trabalho), Especialista em Direito do Trabalho pela Fundação Faculdade de Direito da UFBA, Mestre em Filosofia pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

Paraíso do Tuiuti é vice-campeã na Sapucaí e 'campeã do povo' nas redes sociais



Apesar de sagrar-se vice-campeã no carnaval carioca, a escola de samba Paraíso do Tuiuti é aclamada nas redes sociais como campeã do povo nesta quarta-feira (14). Tão logo foram consolidados os resultados do jurado, a quadra da escola em São Cristovão, na zona central do Rio de Janeiro, passou a comemorar o resultado como se fosse campeã. No twitter, a #TuiutiCampeãDoPovo ficou entre os assuntos mais comentados do país.

A Tuiuti entrou na Sapucaí no primeiro dia de desfiles do grupo especial do carnaval carioca para conseguir o melhor resultado de sua história. O desfile polêmico foi consagrado por "lavar a alma" do povo brasileiro, como dizem muitos internautas. Além de um samba-enredo nota 10 sobre a continuidade da escravidão no país mesmo após a abolição, ganharam destaque fantasias e alegorias com críticas políticas.

A escola levou para a avenida uma representação do presidente Michel Temer (MDB) vestido de vampiro em uma fantasia chamada "Vampiro Neoliberalista". Levou também manifestantes como fantoches, com roupas análogas à da seleção brasileira, o que virou símbolo das manifestações pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2015; e patos com cifrões nos olhos, representando o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao impeachment, além de criticar a reforma trabalhista capitaneada por Temer.

Agora, a Paraíso da Tuiuti realiza mais um desfile no sábado (17), junto das campeãs do carnaval carioca. O diretor de carnaval da escola, Thiago Monteiro, disse que a conquista do vice-campeonato foi o resultado do trabalho de um grupo. “Acabamos de mostrar que, com trabalho e dedicação, [a escola] pode ser competitiva. Parabéns para o grupo", afirmou.

A escola de samba campeã do carnaval de 2018 no Rio de Janeiro é a Beija-Flor de Nilópolis. A escola apresentou o enredo "Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, baseado no livro de terror Frankenstein, de autoria de Mary Shelley, que completou 200 anos.

Na obra, um cientista dá vida a uma criatura construída com partes de pessoas mortas, tornando-se uma figura feia. No desfile, a figura foi usada para críticas a problemas sociais como corrupção e desigualdades.

Em uma disputa apertada, a campeã ficou apenas um décimo à frente da segunda colocada, a Paraíso do Tuiuti.

As escolas de samba foram avaliadas em nove quesitos: alegorias e adereços, bateria, fantasia, samba-enredo, comissão de frente, evolução, harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e enredo.  (Com informações da RBA).

A Paraíso do Tuiuti realiza mais um desfile no sábado, junto das campeãs do carnaval carioca. (Foto: Mídia Ninja).



Vasconcelos, Carnavalesco da Tuiuti faz uma sugestão aos manifestoches: “Seria bom as pessoas pararem para pensar”


Jack Vasconcelos, carnavalesco da Tuiuti, deu entrevista para o jornal O Dia. Algumas perguntas e respostas:

O DIA: Seu desfile teve tom crítico à política vigente. O senhor é filiado a algum partido político ou um cidadão inconformado o atual governo?

 Sou um inconformado por natureza, todo artista tem esse inconformismo dentro dele. Se a arte não proporcionar o pensamento, a discussão, ela não tem muita função.

O presidente vampiro do neoliberalismo foi entendido por todos como sendo Michel Temer. A última ala como uma crítica à Reforma Trabalhista. Foi um posicionamento político?

Sou formado pelo ensino público, fui uma criança de escola pública, me formei em uma federal, em Belas Artes. Então, a população ajudou a me formar, foi dinheiro público que ajudou a pagar meus estudos e a manter as instituições em que me formei. Preciso de alguma forma retribuir para a população esse investimento. É a maneira que eu posso prestar o serviço a ela (à sociedade), através da minha arte. Acho que é bom as pessoas se posicionarem mesmo. Acho bacana que o Carnaval tenha esse espaço e papel.

Acha que a Sapucaí é um bom espaço para isso?

No Carnaval as pessoas liberam aquilo que guardam dentro delas durante o convívio social educado e civilizado no resto do ano. E o Carnaval sempre foi o espaço para esse tipo de ideia, para as pessoas colocarem para fora o que sentem, aquilo que elas querem gritar. E na verdade o que eu sou é uma antena. Vou captando essas ideias, anseios à minha volta e construindo o meu trabalho. Porque o meu trabalho representa uma comunidade, os anseios de parte da população.

(…)

Algumas pessoas disseram que se sentiram desrespeitadas. O senhor teve esta intenção?

Sinto muito (se alguém se sentiu ofendido). Seria bom as pessoas pararem para pensar antes de tomar a decisão de seguir uma moda ou algo que uma campanha de jornal ou de TV diga para elas fazerem. (com informações do DCM e do O Dia)



Jack Vasconceleos, carnavalesco da Tuiuti. (Foto: Reprodução/ DCM).

Leonardo Boff critica servidão dos jornalistas da globo e diz ter pena de Leilane


(Foto: Reprodução/ Brasil 247).

O teólogo e escritor Leonardo Boff destacou nesta terça-feira, 13, as manifestações e críticas que o grupo Globo tem recebido neste carnaval. Em sua página no Twitter, Boff questionou como os jornalistas das empresas da família Marinho têm suportado tanto constrangimento.

"Com é que os jornalistas homens e as jornalistas mulheres da Globo estão suportando tanto constrangimento do que se viu e ouviu no Carnaval? É duro ter que assumir a ideologia retrógrada do Grupo Globo. Tenho pena da @LeilaneNeubarth", escreveu Boff.

Ao mencionar a jornalista Leilane Neubarth, Boff se referiu ao vídeo que viralizou nas redes sociais, que mostra a jornalista saindo do sério em transmissão ao vivo, quando um grupo de sambistas canta que "vai dar PT" atrás dela. 

            


"Os símbolos dizem mais que as palavras.O que a Tuiuti mostrou em símbolos tem mais efeito do que tudo o que nós,eu e outros dissemos em artigos e em twitters contra o golpe dado contra o Brasil.É mais que indignação.É desmascaramento da atual situação vergonhosa do governo atual", disse também Leonardo Boff.

A jornalista respondeu a Boff. "Com todo respeito, @LeonardoBoff guarde sua pena para as pessoas que passam necessidade ou precisam da sua ajuda. Eu sou uma profissional realizada, uma mãe feliz e uma mulher muito amada", disse Leilane.

"Jornalismo escravizado"

Além de Leonardo Boff, o jornalista Florestan Fernandes Júnior também criticou os jornalistas da Globo na cobertura do carnaval, especialmente da apresentação da escola Paraíso do Tuiuti.


"Ninguém no estúdio da Globo se atreveu a narrar o que via. Uma cena patética e constrangedora. Durante longos minutos as imagens mostravam uma plateia vibrando com o carro alegórico que trazia em destaque um Temer Vampirizado", retrata Florestan. "Só faltou a Tuiuti mostrar os repórteres escravos dos senhores da comunicação que não têm liberdade sequer para dizer o que todos viram em cores e ao vivo", diz ele (com informações do Brasil 247).

Confira as principais referências historiográficas do “Paraíso do Tuiuti”, uma das escolas de samba mais faladas de 2018


A Escola de Samba “Paraíso do Tuiuti” que entrou na Sapucai na primeira noite de Carnaval do Rio de Janeiro trouxe um enredo politizado ao fazer criticas contundente acerca do fim da escravidão através de um passeio pela historicidade. Do passado ao presente, a escola enfocou temas como a ausência de emprego e a perda de direitos em decorrência do golpe jurídico-parlamentar-midiático ocorrido de forma efetiva em 17 de abril de 2016 quando a Câmara dos Deputados autorizou para ter prosseguimento no senado o processo de impeachment da presidente Dilma. 

O Temer (MDB) que assumiu a presidência em 12 de maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) não escapou das críticas e foi percebido como um vampiro e cheio da grana – em contradição ao seu discurso que prega a crise financeira do país. No fim da apresentação não podia falar o grito de “Fora Temer. Tudo isso com transmissão ao vivo pela Rede Globo de Televisão. A emissora levou um tapa na cara como saudação.

Para a construção do enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, a escola que tem como presidente Renato Ribeiro Martins e carnavalesco Jack Vasconcelos precisou recorrer a várias fontes historiográficas, como “A Escravidão na África”, de Paul E. Lovejoy, “Dicionário da escravidão negra”, de Clovis Moura, “O Abolicionismo”, de Joaquim Nabuco, “A Escravidão no Brasil”, de Jaime Pinsk, “A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato”, de Jessé Souza, “Escravo ou Camponês? O protocampesinato negro nas Américas”, de Ciro Flamarion Cardoso, dentre outras.

Clique aqui e confira integra das referências historiográficas utilizadas pelo “Paraíso da Tuiuti”.








Beija-flor levou a intolerância e a corrupção para a avenida: “os filhos abandonados da pátria que os pariu”


Seguindo os passos de outras escolas que politizaram a Sapucaí, como Paraíso do Tuiuiti e Mangueira, na segunda-feira 12 foi a vez da Beija-Flor de Nilópolis fazer a sua crítica à política nacional. Última a cruzar a avenida, a escola optou por fazer um paralelo entre Frankstein, romance de Mary Shelley que completa 200 anos e as mazelas brasileiras.

A partir do samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”, a escola resgatou o romance, essencialmente o fato de Frankstein ser lançado à própria sorte depois de criado, para questionar quem são os abandonados dessa pátria, quem são os que abandonam os filhos à própria sorte?

As 36 alas buscaram refletir as desigualdades sociais, a falta de respeito e o amor com o que é diferente. A ala “Imposto dos Infernos, por exemplo, trouxe a crítica à taxa cobrada desde o ciclo do ouro e relembrou o Brasil como o país que tem maior carga tributária. Já a ala “Corte da Mamata – Quadrilha no poder trouxe os passistas como ratos e abutres para mostrar os interesses dos líderes políticos. A corrupção também foi destaque na avenida, satirizada com colarinhos brancos e caixas de pizza.

A escola também não deixou de lado temas como a violência no Rio de Janeiro, a morte de policiais, a intolerância religiosa e das torcidas de futebol. O carro “A Intolerância”, por exemplo, fez menção a questões como xenofobia, preconceito, discriminação, feminicídio, racismo, rancor e homofobia. A cantora Pablo Vittar representou a luta contra a intolerância de gênero e Jojo Todynho a luta pela intolerância racial e xenofobia.

O desfile da escola agradou a arquibancada e repercutiu positivamente nas redes sociais. A Beija-Flor entrou nos trending topics do Twitter com média de 45 mil posts. (Com informações de CartaCapital).

A violência no Rio de Janeiro foi um dos temas retratados pela Beija-For. (Foto: Mauro PIMENTEL/ AFP)

Desfile da Tuiuti contra o golpe foi tapa na cara da Globo


Com um enredo que começou com a crítica sobre o fim da escravidão, trazendo a questão para os dias de hoje, com a falta de trabalho e a perda de direitos em decorrência do golpe, o desfile na primeira noite da Sapucaí foi um cara na tapa da Globo.

Isso porque mostrou, com transmissão ao vivo da emissora, um Michel Temer vampiro e endinheirado e um grito de 'Fora, Temer' no encerramento, além da crítica às manifestações pelo impeachment de Dilma que foram tão incentivadas pela emissora.

Confira relatos publicados no Facebook:

Por Kátia Gerab Baggio

Parabéns ao Paraíso do Tuiuti!

O samba-enredo e o desfile foram um tapa na cara das direitas brasileiras — e da Rede Globo —, com sua defesa explícita da CLT e da Previdência Social.

No enredo da Tuiuti, as precárias condições de vida dos negros e pobres, e a destruição dos direitos trabalhistas e sociais, significam o atual cativeiro social.

E o último carro foi sensacional, com os representantes do grande capital, os rentistas do mercado financeiro, os batedores de panela de verde e amarelo, os médicos que se insurgiram contra o "Mais Médicos" e o "Vampiro neoliberalista"!

Como disseram os carnavalescos, o samba-enredo e o desfile foram um "grito de resistência"!

Para mim, a escola campeã de 2018!!!

P.S.: E meus parabéns ao carnavalesco Jack Vasconcelos!


Por Pio Redondo       

A Paraíso do Tuiuti arrasou, com imensa adesão do público. Fez história, porque está tendo imensa repercussão aqui e no mundo todo.

O enredo começou questionando o fim real da escravidão, abriu o desfile com negros algemados e trouxe a crítica para os dias de hoje.

Favelas, falta de trabalho, trabalho escravo no campo e as perdas de direitos imposta pelo golpe.

Não poupou nada: Temer vampiro endinheirado, paneleiros e patos e amarelinhos manipulados pelos ricaços. Até neoliberalismo pintou.

No final, um integrante com um Fora Temer.

Ousadia pura, como nunca antes, e na tela da Globo.

O samba começa assim:

"Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o seu valor? Pobre artigo de mercado
Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz".

(Com informações do Brasil 247).

Desfile da Tuiuti contra o golpe foi tapa na cara da Globo. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).