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Vande Araújo é o novo presidente da Câmara de Nova Olinda e Zé de Naninha faz despedida dupla


Os trabalhos dos vereadores e vereadoras da Câmara Municipal de Nova Olinda, no cariri cearense, foi encerrado na noite desta quinta-feira, 30, com a escolha dos novos componentes da mesa diretora para o anuênio de 2018.

Nova Mesa Diretora da Câmara de Nova Olinda.
(Foto: Reprodução/Facebook).
Os vereadores Adriano Dantas (PSB) e o então presidente da casa Zé de Naninha (PR) foram os únicos que discursaram na última sessão do ano. O primeiro afirmou que a casa conta com alguns parlamentares novatos e que o pouco tempo de vereança está servindo de aprendizado. “Eu acredito que o próximo ano a gente vai aprender mais”, ponderou.  Já Zé de Naninha fez um discurso de dupla despedida. De presidente da Câmara e da função de vereador. “Possivelmente a gente não se reunirá mais até o final do ano, a não ser que tenha uma sessão extraordinária”, disse. Zé agradeceu a todos/as que o elegeram presidente e afirmou que estava se afastando dos trabalhos como vereador. “Recebi o convite do senhor prefeito para ser secretário e aceitei o convite”, realçou.

Passados os discursos e a aprovação de uma emenda 01/2017 ao Projeto Lei 16/2017 e do requerimento 031/2017, foi eleita a nova composição da Mesa Diretora para o Anuênio de 2018. Apenas uma chapa foi inscrita, colocando o presidente os nomes para o crivo dos (as) edis.

Sexto colocado nas eleições de 2016 com 6,25% dos votos, Vande Araújo com assento pelo PSD foi eleito presidente. Tier Feitosa (PSDB), o mais votado no processo eleitoral com quase 9% do eleitorado de Nova Olinda irá ocupar a cadeira de vice-presidente, enquanto que a mesa continuará sendo secretariada pela 10ª colocada na eleição com 4,5% dos votos, a Lourdes da Saúde (PRTB).





Marcha da Família com Deus em Nova Olinda?


Em março de 1964 o Brasil testemunhou uma série de eventos organizados por setores conservadores, entre eles o clero, grupos políticos e empresários, para acabar com a ameaça denominada por eles de "comunistas". Esses eventos passaram para a história como "Marcha da Família com Deus pela Liberdade". 

Na verdade, o que esses grupos temiam era a perca de privilégios, já que estava em curso no pais ideias propostas pelo então presidente João Goulart, como as reformas de base. A agrária era uma das mais temidas, uma vez que havia a pretensão de dividir terras e bens. A ditadura civil-militar que se instaurou no Brasil entre 1964 e 1985 teve como pano de fundo essa marcha.

53 anos depois, em Nova Olinda, estamos testemunhando o ressurgimento de algo semelhante. Grupos não só conservadores, mas retrógrados, se apoiando da prerrogativa dada pelo povo de legítimos representantes destes querem censurar professores (as) e privar estudantes de aprenderem noções básicas de cidadania, como o respeito e a tolerância. Eles encontram eco em instituições religiosas que ao invés de estarem pregando o amor, a paz, a harmonia e o respeito, fazem o contrário se arvorando do discurso de outrora para promover a desigualdade, a segregação e o preconceito.

A proteção a família deve vir acompanhada de valores pautado na ética e em ensinamentos de que a única doença que devemos ter medo e procurar a cura é o preconceito. Família não se protege de algo que inexiste. As crianças devem ser educadas para conviverem desde cedo, seja em casa, nas escolas ou em quaisquer outros espaços com as diversidades. Não se protege crianças privando-as do mundo maravilhoso que se desenha e redesenha nas escolas.

"Ideologia de gênero" só existe em um mundo que foi criado por grupos que, como bem disse Judith Butler, vivem em um mundo onde os seus valores morais devem se impostos aos outros como verdadeiros. São pessoas que veem no gênero uma ameaça para suas ideias de família e de nação.

Ideologia de Gênero não existe e se não existe nunca foi trabalhada em escolas como disciplina. Tão pouco nenhum professor ou professora ao falar de gênero em sala quis mudar orientação sexual de nenhum (a) aluno (a). Isso não se ensina, se vivencia. Para tal propósito não se necessita de escolas, não necessita de famílias. Orientação sexual não é moda; não é acessório, como roupas ou calçados que decidimos em um dia frio ou quente, por exemplo, qual fica melhor.

Parafraseando a Judith Butlher, o ódio vem do medo de deixar os outros viverem de forma diferente da nossa. A necessidade de discutir gênero em sala de aula e em casa é para que as crianças possam crescer aceitando e respeitando a diversidade que tão bem nos caracteriza e não para ser heterossexual, homossexual, bissexual, trans..., etc. Isso, repito, não se ensina.

Os que se arvoram desse tipo de discurso devem ter esquecido dos tempos em que frequentavam escolas. Afinal, em seus tempos de estudos, nenhum professor ou professora, na educação básica, lhes ensinou a ser heterossexual.

O Projeto que visa proibir a discussão de gênero nas escolas de Nova Olinda recebeu emenda do seu próprio autor, estendendo seu alcance para as escolas particulares e deve voltar à pauta de votação na próxima quinta-feira, 30. Os que são contrários à censura a professores (as) e a alunos (as) devem ficar atentos.


Vereador Adriano Dantas (PSB - Nova Olinda) é o autor do PL que proíbe a discussão de gênero nas escolas públicas e particulares. (Foto: Reprodução/Vídeo da Sessão Ordinária da Câmara).

Câmara de Nova Olinda retira de pauta projeto que proíbe discussão de gênero e sexualidade nas escolas


Professores, professoras, estudantes do ensino médio e de nível superior, ativistas sociais e demais cidadãos de Nova Olinda se prepararam para irem à sede da Câmara desta municipalidade para acompanharem e protestarem na noite da última quinta-feira, 16, contra a votação do Projeto de Lei n° 16/2017, de autoria do vereador Adriano Dantas (PSB).

O texto visa proibir a discussão de gênero e sexualidade na rede pública municipal de ensino sob o pretexto e, ou utilização do termo “ideologia de gênero”. No Art. 1º do PL está descrito:

“- Fica proibida a distribuição, utilização, exposição, apresentação, recomendação, indicação e divulgação de livros, publicações, projetos, palestras, folders, cartazes, filmes, vídeos, faixas ou qualquer tipo de material, lúdico, didático ou paradidático, físico ou digital contendo manifestação de ideologia de gênero ou orientação sexual Rede das Escolas de Educação de Nova Olinda. ”

A repercussão foi rápida e várias pessoas passaram diariamente a se manifestarem contrários à proposta do edil psbista. A mobilização começou nas redes sociais com professores, estudantes e universitários lançando textos. O posicionamento do Secretário Estadual de Educação, Idilvan Alencar, do Coordenador da Crede 20, Roberto Souza, do diretório municipal do PT, além de uma Carta Aberta do Escola Sem Mordaça de Nova Olinda e das constantes intervenções do Coordenador do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Itapajé, Francisco Pedro, foram os mais significativos.

Nas ruas, era claro o semblante de tristeza de todos aqueles que defendem uma educação para a diversidade, voltada para a promoção da igualdade e respeito às diferenças. Reunião foi marcada para traçar metas visando combater a ideia que já tinha sido apresentada na sessão ordinária do dia 09/11 e um evento foi organizado no facebook chamando as pessoas para comparecerem à sessão do dia 16 e pressionar parlamentares a se posicionarem contrário ao PL.

“Nas duas últimas sessões nunca se viu tanta gente a acompanhar os trabalhos de vereadores”, dizia entusiasmado um dos presentes na sessão da última quinta. “As sessões são quase sempre vazias, só com os vereadores”, ponderou outro, comprovando que o comparecimento das pessoas ao legislativo tinha um objetivo específico: perceber qual dos (as) representantes do povo iria se voltar contra a educação.

A força da mobilização popular fez com que o presidente da casa, o vereador José Marcos Teixeira, o Zé de Naninha, retirasse na quinta-feira, horas antes da sessão, o Projeto da Pauta de Votação. Em nota lançada no facebook, o presidente justifica que a medida se deu em virtude da necessidade de se fazer uma análise “contundente e peculiar acerca do mesmo, sobretudo na perspectiva de amadurecimento da matéria e competência para o mesmo”.

Minutos antes da sessão, este professor e blogueiro conversou com o presidente do legislativo no intuito de solicitar o arquivamento da matéria, sobre o preceito de que esta fere a Constituição Federal de 1988 que afirma ser competência privativa da União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional e desrespeitar a LDB, nº 9.394/96 nos seus Art. 2º e 3º, sendo, pois, inconstitucional.

Zé de Naninha nos respondeu que estava ciente da inconstitucionalidade, o que o motivou a retirar o texto de pauta e que não deveria nos preocupar, pois estaria vendo todas as questões.

Sede da Câmara Municipal de Nova Olinda. (Foto: Divulgação).