Zygmunt
Bauman, sociólogo e filósofo polonês, morreu nesta segunda-feira, aos 91 anos,
em Leeds, na Inglaterra, onde vivia há anos, segundo informou o jornal de seu
país de origem, Gazeta Wyborzca. Era considerado um dos intelectuais mais
importantes do século XX, tendo se mantido ativo e trabalhando até os últimos
momentos de sua vida.
Do El País
O
sociólogo nasceu na Polônia (Poznan, 1925) e era criança quando sua família,
judia, fugiu do país e do nazismo para a União Soviética. Embora tenha
retornado à Polônia anos depois, onde foi professor da universidade de
Varsóvia, foi destituído do posto e expulso do Partido Comunista após ter suas
obras censuradas. Em 1968, finalmente deixou o país, motivado pelas
perseguições antissemitas que sofrera em decorrência da guerra
árabe-israelense. Renunciou à sua nacionalidade, emigrou a Tel Aviv e se
instalou, depois, na Universidade de Leeds (Inglaterra), onde desenvolveu a
maior parte de sua carreira.
Bauman
era criador do conceito de "modernidade líquida", – uma etapa na qual
tudo que era sólido se liquidificou, e em que “nossos acordos são temporários,
passageiros, válidos apenas até novo aviso”.
O
filósofo deu aula em universidades dos Estados Unidos, Austrália e Canadá,
sendo professor emérito de sociologia da Universidade de Leeds, onde trilhou a
maior parte de sua carreira. Sua obra, que começa nos anos cinquenta, foi
reconhecida com prêmios como o Príncipe das Astúrias de Comunicação e
Humanidades em 2010, que obteve juntamente com o colega Alan Touraine.
As
teorias de Bauman exerceram grande influência nos movimentos antiglobalização.
Seus ensaios alcançaram fama internacional nos anos oitenta, com títulos como
Modernidade e Holocausto (1989), em que define o extermínio dos judeus pelos
nazistas como um fenômeno relacionado ao desenvolvimento da modernidade. Em sua
última entrevista concedida ao EL PAÍS, Bauman fez uma dura crítica às redes
sociais: "As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil
evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus
horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de
conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o
único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito
úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha".
Entre
suas obras mais significativas, destacam-se Modernidade Líquida (2000), em que
afirmava que o capitalismo globalizado estava acabando com a solidez da
sociedade industrial; Amor Líquido (2005); e Vida Líquida (2006). Além disso, é
autor de títulos como A Cultura Como Praxis (1973, sem tradução no Brasil), O
Mal-Estar da Pós-Modernidade (1997), A Globalização: As Consequências Humanas
(1998), Em Busca da Política (1999), A Sociedade Individualizada (2001) e Vidas
Desperdiçadas (2005).
Entre
seus trabalhos publicados em português, também encontram-se Medo Líquido
(2006), A Arte da Vida (2008), Desafios do Mundo Moderno (2015) e A Riqueza de
Poucos Beneficia Todos Nós? (2015).