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"O mundo dos afrodescendentes se sentiu sozinho sem o Brasil", diz Epsy Barr

 

FOTO | Victor Correia/CB/D.A Press).

A presidente do Fórum Permanente dos Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas (ONU), Epsy Campbell Barr, declarou nesta quarta-feira (22/3) que a saída do Brasil da posição de liderança que ocupava no debate internacional sobre o tema foi sentida. Segundo ela, o atual governo brasileiro representa uma oportunidade para recolocar o Brasil no centro da discussão racial.

"O mundo dos afrodescendentes se sentiu muito sozinho com a saída do Brasil da liderança que tinha por muitos anos", disse Epsy em discurso no evento "Mecanismos sobre Raça no Sistema Universal de Direitos Humanos: Estratégias e Próximos Passos no Brasil", organizado pelo Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos, em Brasília.

"Há uma decisão do governo brasileiro, do presidente e dos seus ministros, de convidar o Fórum Permanente para fazer uma atividade importante no final deste ano, unindo diversos atores. Essa é uma grande oportunidade para colocar o Brasil no centro do debate da questão racial a nível internacional", enfatizou ainda Epsy.

"Precisamos de reparações reais"

O convite foi feito ontem pela presidente do Fórum ao ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, durante reunião na sede da pasta. Ao Correio, Epsy declarou que o evento deve ocorrer em novembro.

"Espero que possamos avançar com o Brasil no projeto da segunda década [dos Afrodescendentes, da ONU]", afirmou a presidente do Fórum. O período foi estabelecido pelas Nações Unidas em 2015 e se encerra em 31 de dezembro de 2024.

Para Epsy, que foi a primeira mulher negra a ocupar a vice-presidência da Costa Ricao, o debate sobre os direitos das pessoas negras já ocorre há tempos em muitos países, mas a organização internacional pelo tema é recente. "Precisamos de reparações reais. Porque com o racismo, como nos lembrava o ex-chanceler Celso Amorim, não há democracia. Não há. Não é que é mais ou menos, não há. Porque está sempre excluindo e negando direitos a uma parte da população", frisou.

O evento também conta com a participação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, da secretária de Articulação dos Povos Indígenas, e é organizado também pelas ONG Criola, Geledés - Instituto da Mulher Negra, Selo Juristas Negras, Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favelas, Renafro Saúde e Ilê Omolu e Oxum, Instituto Iepé e Hutukara Associação Yanomami.

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Com informações do Correio Braziliense.

Bolsonaro e a memória do Holocausto


A presença de Jair Bolsonaro na Hebraica do Rio de Janeiro, onde produziu um espetáculo deprimente e previsível, ilustra a contradição que enfrentam determinadas lideranças da comunidade judaica no atual momento da evolução humana.

247 - Ao mesmo tempo em que prezam -- com toda razão -- a memória das 6 milhões de vítimas do Holocausto nazista, partilham o mesmo campo ideológico de forças a que representam a intolerância e a violência contra populações discriminadas e oprimidas de nossa época. 

Imagem capturada do vídeo no youtube.

Nascido em 1948 como um gesto de pacificação e reconhecimento das Nações Unidas, a política atual do Estado de Israel é dominada por Bolsonaros locais, que cultivam um programa de agressão e exclusão diante da população palestina.

Esta política tem sido condenada por sucessivas resoluções da ONU, pois contraria o espírito de concórdia que permitiu a partilha da antiga Palestina.

O principal aliado do primeiro-ministro Benjamin Nethanyahu, no campo externo, é o governo de Donald Trump, cuja postura reacionária em relação a direitos humanos dispensa comentários.

Numa medida insólita, mas significativa, antes mesmo de tomar posse na Casa Branca Trump fez questão de anunciar a decisão de rever uma decisão de Barack Obama, que havia mandado a representação dos EUA abster-se numa votação Conselho de Segurança da ONU, num gesto simbólico que permitiu a aprovar  uma moção que condenava a política do governo de Israel. A decisão ajudou Trump a cultivar o apoio do grupo de pressão que atua a favor do governo israelense em Washington, onde exibe uma musculatura só inferior à dos aliados da indústria de armas.

As homenagens frequentes de Bolsonaro ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra envergonham brasileiros que prezam os valores democráticas e honram a memória histórica. Mas são previsíveis, num dos raros países da América do Sul que não foi capaz de julgar nem condenar responsáveis pela tortura, da qual Ustra tornou-se o símbolo mais visível, embora nem de longe fosse o único responsável.

Entre as muitas vítimas de um massacre covarde e impune, dois judeus se tornaram personagens mais conhecidos.

O jornalista Vladimir Herzog, que foi diretor da TV Cultura, morto em 1975. Chael Charles Schereir foi morto em 1969, no Rio de Janeiro. Com o nome de guerra de "Joaquim", Chael participava da direção da organização armada Var-Palmares, da qual fazia parte Dilma Rousseff.

Com um discurso que não passa de uma colagem de insultos à condição humana, Bolsonaro não é apenas conservador, ou reacionário -- opção possível em toda sociedade democrática. É uma máquina de produzir ofensas à humanidade.

Confira o vídeo: