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‘Há um esforço da elite para apagar a memória da escravidão', diz Douglas Belchior


(Foto: Reprodução/ RBA).


Mesmo tendo três séculos e meio de escravidão registrado em sua história, ainda falta ao Brasil em geral o reconhecimento do que foi o período e suas consequências. De acordo com o professor, ativista e fundador da Uneafro, Douglas Belchior, negar o significado e o peso de sua história é um movimento proposital por parte da elite branca. "Sempre houve um esforço das elites para que se apagasse a memória da escravidão", afirma à RBA.

Mesmo com essa adversidade, Douglas frisa que o movimento negro conseguiu ressignificar o 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura, que  completa 130 anos hoje. A figura de Princesa Isabel deu lugar aos ícones da resistência negra Zumbi e Dandara, enquanto a data deixou de ser comemorativa e passou a ser de mobilização e de luta.

"O 13 de maio é uma data marcada por protesto, não celebração. Isso foi construído pelo movimento negro nos últimos 40 anos. Até a década de 70, o dia era de comemoração ao ato da Princesa Isabel. Mas, desde a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) e da opção política de fortalecer o dia 20 de novembro (da Consciência Negra), o 13 de Maio é ressignificado, como um protesto e denúncia ao racismo. A figura 'bondosa' da princesa também é ultrapassada, o movimento conseguiu dar a imagem correta à ela (em relação à emancipação da população negra): a insignificância", diz.

Segundo o ativista, a politização da data é importante para que o passado não seja esquecido. Ele acrescenta que o anseio da elite por apagar seu próprio passado se dá pelo medo de um "acerto de contas". "O principal sentimento que os brancos têm com o negro é o medo, não é a raiva. É o medo de essa população resgatar a memória do que foi feita com ela, desse sofrimento histórico e secular. Os brancos têm medo da verdade histórica e do acerto de contas, por isso, sistematicamente tentam apagar a nossa memória e impedem a gente de ter acesso à educação", explica.

O projeto Escola Sem Partido é uma dessas tentativas de apagar a escravidão dos registros históricos e manter o domínio e privilégios da população branca, ressalta Douglas. Para ele, a ideia é uma reação "maldosa e desonesta" para responder à tomada de consciência do povo negro. "Ela se inscreve no bojo dessa estratégia secular dos racistas", critica.

Mesmo com a abolição assinada em 1888, negros e negras do Brasil ainda sofrem diariamente com a herança do período. O professor é direto: "é uma bola de ferro amarrada no pé da história que mantém o Brasil marcado pelas relações próprias da escravidão".

A desigualdade permanente, a opressão e a violência contra o povo negro, além da exclusão de sistemas básicos e do mercado de trabalho, são resultados do período escravagista apontado por Douglas Belchior. Por outro lado, ele lembra que a história não é só sofrimento, mas também é de conquistas.

"Resistir e superar as adversidades são uma marca da história do povo negro no Brasil. Foram 400 anos de escravidão e, depois, um projeto de nação que excluía a população negra. Mesmo assim, nos superamos e permanecemos. Havia um plano de extermínio que não deu certo. A população negra sempre conseguiu sobreviver, essa é a nossa marca. Nossa história não é só de sofrimento e morte é de superação e vitórias", conclui.

Debate com metalúrgicos A Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Comitê Popular de Negros e Negras do ABC realizam nesta segunda-feira (14) o debate público "130 anos de abolição inacabada", que contará com a participação da secretária estadual de Mulheres do PT, Debora Pereira, a secretária estadual de Comunicação do PCdoB, Renata Rosa, e o presidente estadual do Psol, Joselicio Junior.
 No evento, o representante do Psol fará o lançamento do seu livro "Reflexos de Resistência". O ato também terá como tema "Lula Livre" e "Marielle Vive". O evento será realizado a partir das 18h, no Centro de Formação Celso Daniel, na Rua João Lotto, no centro de São Bernardo do Campo.

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Publicado originalmente na Rede Brasil Atual

Mobilização, Consciência de Raça e Gênero, Rumo aos 130 anos da Abolição


O Brasil, é a segunda maior população negra fora de África, e de acordo com o IBGE 2017, conta com uma população de 207,7 milhões, sendo este de maioria mulheres, em um percentual de 51,8%, dentre elas maioria negra. Ainda assim estamos condicionadas as piores relações, e condições de trabalho, salários, moradia, saúde, mobilidade urbana e acesso à cultura em termo de produção, execução, e ou conhecimento.

Nestes últimos 130 anos houveram mudanças substanciais, na formação sócio cultural, econômica e histórica de nosso país, da Abolição a Constituinte de 1988, essas mudanças se evidenciaram em várias formas de expressão, como simbolismo da resistência, à afirmação da identidade negra. Com tudo isso a população negra, independente do sexo, recebe 50% menos na sua remuneração que a não negra, quando se inclui o recorte gênero a situação fica ainda mais alarmante. A remuneração de duas mulheres negras juntas, correspondem ao valor de uma mulher não negra. De acordo com a Relação Anual de Informação Social (Rais), do Ministério do Trabalho.

Os 14 anos de governo democrático e popular, nos inseriu nas condições de cidadania, significando direito ao trabalho, a saúde, moradia e a educação, o respeito aos direitos individuais e coletivos, tivemos soberania, e desenvolvimento da nação. Conhecemos a autossuficiência do Pre-sal, um dos recursos naturais da maior importância estratégica para um pais, bem como sua representação técnica e cientifica/ Petrobrás. Que simbolizou uma alavanca para vários setores econômico para o nosso país e para as categorias econômicas, gerando milhares e milhares de empregos.

Hoje o que temos para além de um governo ilegítimo e golpista, com apenas 4% de aprovação, é o remédio amargo do desmonte do estado. A PEC da morte nos traz 20 anos de congelamento do estado, é o retorno do estado mínimo e do neoliberalismo, bem como a entrega de nossas estatais como já vem acontecendo.

Estamos em um momento onde o país atravessa uma de suas maiores crises sociais, econômicas, sistêmicas e política. Onde o racismo estrutural se reapresenta com formato moderno de flexibilização das condições e relações de trabalho, e assim retrocedemos aos 130 anos antes da abolição. E com esse entendimento precisamos ter e dar reconhecimento ao papel histórico das mulheres trabalhadoras, e em especial á seu ícone: As Mulheres Negras, que sempre compôs a base da pirâmide sócio econômica do nosso país, e por isso se encontra em maior fragilidade no mercado de trabalho.

Esta relação contextualizada na história, demonstra uma percepção multidimensional da pobreza, que se exemplifica no cotidiano, na acessibilidade e na invisibilidade da população negra, em especial as suas mulheres, que sofre a influência do racismo estrutural na sua apresentação das relações sócio econômica e o racismo institucional que se materializa nas relações onde o estado sustenta a estratificação social, nas condições matérias para a nossa população, e assim mantem o status quo. Esse cenário aponta, que ainda que esse estado não tenha pena de morte, ainda assim é o que mais mata, um país em aparente estado de paz na política global, se encontra com índice de mortalidade de guerra, pois de forma velada se encontra em uma verdadeira guerra civil.

O último país a constituir a abolição, O ano que se aproxima, dentro de um cenário de grande significância, e o ano dos 130 anos da Abolição da escravatura. “A abolição lenta (Lei da Terra 1850), gradual (Lei dos sexagenários 1885) e segura (Lei do ventre livre 1871), que ensaiou uma “liberdade” que ainda não cantou.

Desta forma 2018, será um ano onde teremos que sustentar a bandeira do ensino público e de qualidade, assim como primeiro emprego para a nossa juventude, em contraposição a superlotação nos presídios. Temos que defender com veemência o Sistema único de Saúde – SUS, pelo direito a um tratamento digno e mais humano para aqueles que mais precisam, a população periférica, a mais pobre que é de maioria negra. Precisamos continuar defendendo o desenvolvimento do nosso país, dando centralidade na questão do trabalho, a valorização da mulher: Queremos a materialidade da dignidade e do respeito, que tem o signo da igualdade de oportunidade e de condição, pautamos a Convenção 100 da OIT - Trabalho Igual para Salario Igual de Valor. Que social, e historicamente tem o mesmo ou maior simbolismo, que a luta vitoriosa que tivemos, pela valorização do salário mínimo. Em 2018 essa bandeira que unifica as mulheres em todos os seus segmentos precisa ser entendida pelas centrais, como centralidade na luta de classes.

Na questão emblemática de defesa da democracia perceber também com reflexão, e a perca dessas nos direitos individuais e coletivos, como: a intolerância religiosa, lesbofobia, homofobia, feminicídio, e o genocídio de toda forma.

Assim seguimos na guerrilha com o objetivo em:

Defesa das Terra Indígenas e Quilombolas.
Da vida de nossa juventude.
Pela Liberdade Religiosa, e em defesa do Sagrado, Contra a Intolerância Religiosa.
Pelo direito ao trabalho digno.
Pelo salário igual, para trabalho de igual valor – Convenção 100 da OIT.
Pelo direito e acesso à educação digna e de qualidade.
Defesa de nossa soberania e recurso naturais/Meio Ambiente.

Saudações Quilombolas! E vida longa a você heroínas e heróis que leva a luta antirracismo, em defesa de nossos objetivos de nação, e de nossas vidas, por quê vidas negras importam!! (Por Mônica Custódio, no Portal Vermelho).

Mônica Custódio. (Foto: Reprodução/ Portal Vermelho).