Com fim do Pronera, Bolsonaro ataca educação dos povos do campo


Formatura da primeira turma de direito. (FOTO/ Divulgação).

O decreto nº 20.252 publicado no Diário Oficial de 20 de fevereiro de 2020 reorganiza a estrutura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), enfraquecendo programas importantes para o desenvolvimento dos Movimentos Sem Terra e Quilombolas.

Na reestruturação, o governo extingue a Coordenação responsável pela Educação do Campo. Assim, fica inviabilizada a continuidade do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, o Pronera, voltado para a formação de estudantes do campo. A medida é mais um ataque do Governo Bolsonaro aos movimentos populares e aos trabalhadores do campo

Para Isabela da Cruz,  formada no curso de Direito do Pronera na Universidade Federal do Paraná (UFPR ), não é de hoje que a política pública voltada para melhorias de vida no campo vem sendo sucateada.

É um projeto político de extinção da população rural, vindo de um governo que menospreza a educação, a leitura e o conhecimento”, diz. Além de advogada recém-formada, Cruz é historiadora e ativista da Comunidade quilombola Paiol de Telha e considera que o momento é de agir. “Não é hora de choro. É hora de fortalecer ainda mais os espaços de fortalecimento da educação”, ressalta.

Educação para população do campo

O Pronera, criado em 1998, foi responsável pela formação de cerca de 9 mil alunos que concluíram seu ensino médio; 5.347 foram graduados no ensino superior em convênio com universidades públicas; 1.765 deles tornaram-se especialistas e 1.527 são alunos na Residência Agrária Nacional.

Em 2014, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com o Pronera, criou uma turma especial do curso de Direito para assentados. Em 2019, 47 alunos desta primeira turma foram formados.

Segundo informações da Universidade, a turma do Pronera no Direito da UFPR foi composta por estudantes vindos de 15 estados, além do Paraná, mas todos têm em comum o fato de possuírem vínculos com as comunidades tradicionais do campo — elas são o foco do programa, voltado a reduzir o déficit educacional dessas populações.

Para Izabel Cortez da Silva Ferreira, recém formada do curso de Direito, a extinção do programa pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) é um grande ataque à educação dos povos do campo. “Este governo mostra a que veio, que é questionar a ciência, a educação. E traz muito sofrimento para as pessoas”, diz.

Sobre a formação recebida no Pronera, Ferreira destaca a riqueza de trazer jovens do campo para dentro das Universidades. “Os jovens têm a oportunidade de estudar, aprofundar e voltar para contribuir nas suas comunidades e produzir conhecimento também”, afirma.  Ela é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e atualmente cursa mestrado em Direito na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
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Com informações do Brasil de Fato.

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