A insurgência do pensamento feminista negro no Brasil


"Mulheres são poderosas e perigosas", diz frase escrita em lousa ao lado da ativista, feminista e escritora Audre Lorde, durante seminário realizado na Flórida, nos Estados Unidos, em 1983.
(FOTO/ Reprodução/ Huffpost).

Não é novidade que as discussões sobre feminismo têm despertado maior interesse do público nos últimos anos e que editoras têm enxergado novas possibilidades de mercado na publicação ou tradução de livros feministas. Mas é de se notar que, no último ano, cerca de três dçadas após suas publicações originais, obras de pensadoras que estão no cânone do pensamento feminista foram, finalmente, traduzidas para o português. Entre eles, estão publicações de mulheres negras como Patrícia Hill Collins, Audre Lorde, bell hooks e Angela Davis.  

Acho que esses lançamentos são consequência das editoras perceberem que as mulheres negras se interessam por livros que analisem questões específicas de suas experiências”, afirma a jornalista e tradutora Stephanie Borges, responsável por trazer para o português o aclamado Irmã Outsider, de Audre Lorde, pela editora Autêntica.

O livro, considerado a obra mais importante da ativista, foi publicado há 35 anos nos Estados Unidos. Até então, seus textos tinham sido traduzidos para o português apenas em coletâneas ou eram citados em teses de pesquisadores brasileiros. Irmã Outsider, que tem apresentação da filósofa Djamila Ribeiro, reúne cerca de 15 artigos escritos ao longo da carreira de Lorde, que se definia como “preta, lésbica, mãe, guerreira, poeta” e trouxe a ideia de outsider para cristalizar um olhar distanciado e não hegemônico sobre racismo e sexismo.

"Acho que esses lançamentos são consequência das editoras perceberem que as mulheres negras se interessam por livros que analisem questões específicas de suas experiências." - Stephanie Borges, jornalista e tradutora.

O fato de que não tínhamos, até então, nenhum livro da autora [Audre Lorde] publicado no Brasil também foi, por si só, bastante relevante para a nossa decisão”, explica Rafaela Lamas, editora e coordenadora da coleção éFe, da editora Autêntica, dedicada à publicação de títulos de autoras feministas. “Não apenas pelo ineditismo, mas pelo compromisso que assumimos em preencher lacunas, em facilitar o acesso à diversidade e à riqueza da produção feminista no Brasil e no mundo.”

Os livros de Patrícia Hill Collins e Angela Davis também integram as publicações de 2019. Ambas vieram ao Brasil, em outubro, para lançar Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, consciência e a política do empoderamento e Angela Davis, uma autobiografia ? que, novamente, cerca de três décadas depois de sua primeira publicação, ganhou tradução para o português pela editora Boitempo.
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Com informações do Huffpost e Ceert. Clique aqui e confira íntegra do texto.

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