Recentemente
o IBGE divulgou que em 2018 os negros passaram a ser 50,3% dos estudantes de
ensino superior da rede pública, a notícia foi amplamente divulgada nas mídias
e nas redes sociais. Grande parte das manchetes exaltavam que pela primeira vez
os negros eram maioria nas universidades públicas.
Apesar
de ser uma dado importante ele é vago, diz apenas que os estudantes negros são
maioria no ensino superior público, mas como se dá essa distribuição nos cursos
mais concorridos? no direito, nas engenharias, na medicina, etc, e nas
universidades públicas mais disputadas? qual é a presença dos negros na
Unicamp, na USP, na UFRJ, na UNB? Infelizmente com a PNAD não é possível
responder essas perguntas.
Porém
com a PNAD é possível responder como se da a distribuição por estado e pensando
nisso analisei os dados e criei algumas mapas para discutir a presença do negro
no ensino superior público.
O
objetivo também é ressaltar que precisamos ter atenção a um dado que aponta uma
realidade única para um país tão desigual como o Brasil, se temos realidades
totalmente opostas dentro de uma mesma cidade, imaginem dentro de um país como
o nosso. É o mesmo princípio de tomar como verdade uma expectativa de vida
única para o país inteiro, ainda mais com o que esse tipo de dado significa e
acaba validando, como a reforma da previdência.
Vamos
aos mapas:
Distribuição
das pessoas brancas no ensino superior da rede pública por estado em 2018
Distribuição
das pessoas negras no ensino superior da rede pública por estado em 2018
Distribuição
das pessoas pardas no ensino superior da rede pública por estado em 2018
Distribuição
das pessoas pretas no ensino superior da rede pública por estado em 2018
Pelos
mapas acima vemos que a realidade por estado é bem diferente do que dizer os
negros passaram a ser 50,3% dos estudantes de ensino superior da rede pública.
Temos estados em que os negros são menos de 20% como o Rio Grande do Sul e
Santa Catarina, em São Paulo são apenas 27%, enquanto no Nordeste são mais de
60%.
Temos
um governo que distorce a realidade para atender os seus objetivos, altera
leis, políticas consolidadas e nega a ciência para satisfazer seus interesses.
Por isso temos que estar atentos a divulgação de dados tão importantes e que
estão diretamente ligados a política de cotas e mostrar que são limitados, que
o problema da desigualdade ainda se faz presente e que dados sem profundidade e
recorte espacial não podem ser usados para nortear nenhum debate sério sobre a
presença negra no ensino superior e as políticas de cotas.
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Por Hugo Nicolau Barbosa de Gusmão, no Desigualdades Espaciais.
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