Nilma Lino Gomes recebe título de professora emérita da UFMG


Nilma Lino Gomes. (FOTO/Jansen e Foca).

 Trago no sangue e na memória a dor do acoite e da chibata. Reconheço a presença do racismo, por mais disfarçado e ambíguo que ele possa ser. Trago a indignação contra a injustiça, a raiva contra a opressão, o desejo de mudança e uma corporeidade negra insubmissa". Esse foi um dos emocionantes trechos do pronunciamento de Nilma Lino Gomes, durante a solenidade em que recebeu o título de professora emérita da UFMG, na noite desta quinta-feira (31), na Faculdade de Educação.

Nilma Lino, que foi ministra do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos no governo de Dilma Rousseff, destacou que sua trajetória sempre foi fundamentada na busca pela emancipação social e racial. “Foi com esse pensamento que atuei, junto com muitos colegas, na luta pelas cotas raciais, orientei estudantes na educação científica e na extensão, lecionei na graduação e pós-graduação e atuo hoje como professora voluntária”, disse.

A homenageada dedicou o seu discurso “aos oprimidos, às comunidades negra e LGBT, às mulheres que lutam pelo direito de ser quem são, à juventude, em especial à negra, e aos ex-presidentes Dilma e Lula”, e agradeceu a contribuição da comunidade da FaE, segundo ela, composta de pessoas que a “ensinam, acolhem, desafiam, estimulam, criticam e valorizam”.

Se hoje sou quem eu sou, se estive nos lugares acadêmicos, institucionais e políticos por onde passei, se recebo o reconhecimento local, estadual, nacional e internacional, é porque eu nunca estive só. Minha trajetória profissional e intelectual tem sido trilhada por muitos pés e mãos. Muitas vidas estão emaranhadas em minha vida, construída por muitas vozes silenciadas e corpos violentados”, ressaltou.

A ex-ministra defendeu que a educação não deve ser vista como “uma regulação conservadora, de currículos fechados e ideologias fundamentalistas”, mas como “ato de libertação, criticidade, e fonte de conhecimento para intervir afirmativamente no mundo”. “Esse ideal não começou na universidade, mas veio da minha família negra, pobre e altiva, da minha atuação na rede municipal e do aprendizado com o movimento negro. Foram os passos que me educaram”, destacou.

Na rede social Facebook, Nilma agradeceu também outorga do título de professora emérita da UFMG, mas fez questão de afirmar que em 92 anos de existência ela é a primeira mulher negra a receber esse título na instituição. “Ainda temos muito que avançar para superar a desigualdade racial e o racismo estrutural”, disse.
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As informações são do portal da UFMG. Clique aqui e confira íntegra da matéria.

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