Aquilombar é Preciso - II Marcha das Negras reúne cerca de 1200 pessoas em Crato


Crato (CE) - “Pelo Bem viver, contra todas as formas de opressão, discriminação e aniquilamento”, este foi o tema da segunda Marcha Regional das Mulheres Negras do Cariri, que aconteceu na manhã desta segunda (20), Dia da Consciência Negra. O movimento começou com a articulação nacional, em 2015, mas as mulheres, este ano, voltaram a se reunir e percorrer as ruas do Município gritando contra a violência, desigualdade social e por mais oportunidades. Ao todo, cerca de 1200 pessoas participaram.

A marcha contou com estudantes, professores, comunidades quilombolas, povo de terreiros, grupos de capoeira, além de agricultoras. De acordo com a professora Verônica Isidorio, o encontro é para dar visibilidade às atividades dos grupos de mulheres e fazer denúncias.

Se ‘aquilombar’, no sentido de fortalecer, se juntar para continuar resistindo. Dizer que o racismo mata, oprime, causa depressão, evasão escolar. Estamos na rua para dizer que nenhuma forma de racismo passará em silêncio e impune aqui na região do Cariri”, explica Verônica, que compõe a Frente de Mulheres do Cariri.

A professora acrescenta que os números de violência contra a mulher têm aumentado. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2005 e 2015 houve um crescimento na taxa de assassinato de mulheres negras de 22%. Verônica ressalta que, no Brasil, 68% das mulheres presas no são dessa cor, ou seja, duas a cada três. “Um número preocupante porque a gente sabe que ele está ligado às várias formas de racismo, de uma sociedade machista, racista e patriarcal”, completa.

Enquanto a educadora popular Eliana de Lima, membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) e uma das organizadoras da Marcha, conta que em todos os estados as mulheres sentiram vontade continuar o movimento, mesmo sem a articulação nacional, mas com mais autonomia. Segundo ela, a caminhada conseguiu reunir muitas moradoras do campo, que sofrem com o racismo.

Existe um número grande de mulheres negras nessas comunidades. Lá não têm, muitas vezes, postos policiais, postos de saúde, acesso à água e à terra. Por isso, lutamos também pela regularização fundiária das terras, políticas de atenção e assistência as comunidades rurais, formas de viver e produzir no campo, soberania e segurança alimentar”, garante.

É o caso de Silvana Santos, da comunidade quilombola de Lagoa dos Criolos, em Salitre, que percorreu cerca de 150 km até o Crato para unir forças à luta das mulheres negras.  “Viemos para ter voz, lutar por nossos direitos e que chegue até os Poderes. Não devemos nos calar com tudo que acontecendo e gritar que a união faz a força. Lá, tem vários problemas de violência, trabalho que não é concretizado. Temos que lutar para realizar nossos sonhos e nossos direitos”, exata a agricultora. (Com informações do Diário Cariri).

Cerca de 1200 pessoas caminharam pelas ruas de Crato. (Foto: Antonio Rodrigues).



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