Um
dos campos onde a inteligência nacional mais desabou foi o debate político. Em
clima de Fla-Flu é difícil formular ideias. Queria fazer uma reflexão básica
sem coloração partidária.
Premissa
inicial: somos uma sociedade marcada pela desigualdade de renda, de educação e
de acesso a serviços como saúde. A desigualdade é um fato objetivo, logo, não
cabe discussão. Não interessa aqui se há sociedades mais ou menos desiguais,
pensarei apenas a nossa, a sociedade brasileira.
Diante
da desigualdade, existem duas (entre centenas) de atitudes básicas. Destacarei
apenas estas duas (há mais sim)
01)
A desigualdade é provocada pelas diferentes energias aplicadas ao trabalho,
pelo empreendedorismo de cada um, pela capacidade de crescer quanto à renda e
quanto ao conhecimento. Logo, a desigualdade registra pessoas mais ou menos
aptas e é, de certa forma, a recompensa pela inteligência, pelo trabalho, pela
estratégia e pelo esforço. A desigualdade será resolvida pela energia das
próprias pessoas quando estas pararem de esperar coisas, pararem com sua
dependência do Estado e começarem a produzir e trabalhar mais. A ambição
individual e o trabalho são a chave. Esta seria, grosso modo, a postura liberal
(com muitas variações ) e a defesa Adam Smith do trabalho.
02)
A desigualdade é dada estruturalmente pelo capitalismo e suas formas de
dominação. Ela não é um acidente e nem pode ser eliminada porque o capitalismo
precisa de massas desiguais. Mesmo que alguns cresçam, a grande maioria nunca
poderá sair de onde está, porque há demanda de mão de obra barata e de controle
político. A saída é quebrar o sistema por uma ação organizada contendo em maior
ou menor grau a noção de revolução. Esta seria a postura, em geral, do
pensamento de Marx e de muitos grupos marxistas.
A
partir destes dois pólos generalizantes (com muitas diferenças, eu sei) as
pessoas se posicionam sobre bolsa família, cotas raciais, reforma agrária ,
incentivos fiscais para áreas pobres etc. A noção básica é: quem é o
responsável pela desigualdade e quem pode resolvê-la? Os exemplos históricos e
dados levantados pelos debatedores não são a base para sua posição política.
São, em geral, a posteriori, ou seja, cada grupo seleciona da história e de
outros países o que acha relevante para embasar sua posição. A posição é
anterior aos fatos, quase sempre. Voltaremos a este fato.
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