No
Centro de Ensino Fundamental 12 em Ceilândia, no Distrito Federal, os alunos do
9º ano aprendem por meio da valorização do papel da mulher a evitar práticas
como sexting, o compartilhamento de imagens ou gravações íntimas por meio de
aplicativos ou rede sociais.
O
projeto teve início quando a professora de português Gina Vieira Ponte de
Albuquerque decidiu criar uma página em uma rede social como ferramenta
pedagógica e para conhecer melhor os alunos. A educadora ficou surpresa quando
uma das alunas postou um vídeo dançando com pouca roupa e com um forte apelo
sensual. ”Me incomodou que ela se
sentisse valorizada com os comentários grosseiros deixados na postagem”,
disse Gina.
Esse
episódio deu surgimento ao projeto de valorização da mulher e incentivo à
leitura Mulheres Inspiradoras. Os alunos leram livros como Eu sou Malala, o
Diário de Anne Frank e Quarto de Despejo, que mostram exemplos de mulheres
fortes, de diferentes classes sociais, cor da pele, nível de alfabetização e
nacionalidade. Os estudantes também conheceram biografias de mulheres que
lutaram por uma causa e que fugiam do estereótipo de objeto sexual.
Para
finalizar o projeto, os alunos foram convidados a escrever a história de
mulheres de sua convivência que os inspirassem, como mães e avós.
Segundo
ela, muitos alunos conheceram suas origens e a luta pela qual passaram mulheres
de sua própria família. “Nós ficamos
surpresos com a beleza das histórias, foram mais de cem, e que são o retrato
daquela comunidade. Histórias de mulheres que foram abandonas por parceiros,
que viviam situação de violência ou que saíram da zona rural, contadas por
filhos e netos.”
Além
de refletir sobre os casos de exposição como o sexting e sobre o conteúdo
seguro para internet, a professora também aplicou um questionário para saber o
que eles acessam na rede e o motivo de utilizarem as redes sociais. Na opinião
dela, ao decidir postar um selfie com conotação sexual os alunos não tem
consciência dos riscos envolvidos.
Mateus
Lucas de Araujo, 15 anos, diz que os meninos que espalham fotos das namoradas “querem aparecer” o que, para ele, é uma
forma de machismo. “Ele só quer crescer
entre os amigos”, avalia. Já a aluna Larissa Dantas, 13 anos, diz que o
conceito de privacidade mudou. “Hoje em
dia, com esse avanço da tecnologia, Whatsapp, Facebook, a nossa vida se tornou
um livro aberto porque você posta fotos com seu namorado e acaba mostrando para
todo mundo.”
Para
a professora, é missão da escola ajudar a refletir sobre os problemas
cotidianos. “A escola fechada em si
mesma, voltada apenas para o conteúdo dos livros, não serve para a complexidade
do que estamos vivendo. A escola deve
ter mais do que um compromisso para aprovação no vestibular. Ela não
pode se furtar da responsabilidade de trazer esses temas para a sala de aula.”
O
projeto Mulheres Inspiradoras recebeu, do Ministério da Educação, o Prêmio
Nacional de Educação de Direitos Humanos e o Prêmio Professores do Brasil.
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