Informações em Foco 2015 – sempre a SERVIÇO DA CIDADANIA


2015 foi, sem dúvida, um ano não muito diferente do que foi 2014 para o Informações em Foco (IF). Tanto em audiência (quantidade de acessos/dia) quanto no que diz respeito aos artigos publicados (seja escrito por este signatário ou compartilhado de sites que se aproxime do que pregamos).


Sempre que um ano se finda, temos a ideia de fazermos balanços com o intuito de se saber se trilhamos durante todo o percurso de forma correta para alcançarmos o que propomos quando da criação do portal – estarmos sempre a SERVIÇO DA CIDADANIA. E caminharmos para atingir este fim é nos tornarmos alternativa frente a uma mídia golpista. E ainda assumirmos o compromisso diário de nos afastarmos do sensacionalismo, do disse – me – disse, de informações apelativas e de duplo sentido e do elitismo barato. Buscamos, outrossim, mantermos o compromisso de informarmos para formarmos opinião a partir de temas ligado a vários setores sociais - como a cultura, educação, política, saúde, esporte,  a religiosidade e suas adjacências, discussão de gênero e relações étnico-raciais (estas, inclusive tem sido o foco maior deste ano e que tem nos rendido os maiores acessos no grupo Historiadores, da rede social facebook) – sempre com o intuito maior de propagarmos e incitarmos o exercício da cidadania no meio midiático.

Em artigo publicado em 31 de julho de 2015 chegamos a afirmar que o IF superou as expectativas e se tornou no mês supracitado um fenômeno de acessos. Sempre, ou quase sempre superiores a 900 acessos/dia. Foi em julho ainda, no dia 30 que superamos a marca histórica dos 3.000 acessos/dia. Marca próxima a essa só em 2012 quando em artigo intitulado “Apresentadora demonstra falta de conhecimento ao afirmar que defensores do Estado laico são ‘intolerantes’ rendeu mais de 2.000 acessos.

Este ano é também um dos que mais escrevemos. Foram até o fechamento desta postagem 619 (seiscentos e dezenove) artigos publicados. Marca essa só superada em 2013 quando publicamos 686 (seiscentos e oitenta e seis) artigos.

Para comemorar a passagem dos 04 anos do IF, resolvemos lançar no dia 23 de março do ano em curso a série “Blogueiros de Altaneira”. As publicações visavam discorrer sobre os principais nomes deste município que resolveram dedicar parte do seu tempo a escrever sobre fatos que perpassam a área da educação, política, religião, cultura e outras temáticas que de alguma forma possui ligação com essa municipalidade. Passaram pela série aqueles assíduos e também os que por algum motivo deixaram de atualizar seus portais. Nomes como o de Vinícius Freire, José Evantuil, Paulo Robson, Humberto Batista, Edezyo Jaled, Pedro Rafael, Claudio Gonçalves, Júnior Carvalho, Givanildo Gonçalves, Adeilton Silva e Raimundo Soares Filho protagonizaram nossos artigos. Todos homens. Em 2016 esperamos que no 5º aniversário do IF possamos incluir na série as "blogueiras".

Estamos encerrando o ano com uma marca superior aos 821.000,00 acessos. O que equivale a 303.065 acessos no ano. 172.960 somente neste último semestre, o que nos coloca entre os portais mais visitados do cariri.

Por fim, afirmamos que em 2016 estaremos com a mesma proposta, ao passo que agradecemos aos(as) nossos(as) leitores(as) e colaboradores(as) que são os que fazem acontecer a credibilidade do nosso portal, sendo ainda propagadores(as) de nossas ideias.

Um forte e fraterno abraço!!!

Associação Brasileira de Críticos de Cinema elege os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos




A Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) organizou uma eleição dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, confira o ranking:


1.  Limite (1931), de Mario Peixoto



2. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha
3. Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos
4. Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho
5. Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha
6. O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla
7. São Paulo S/A (1965), de Luís Sérgio Person
8. Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles
9. O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte
10. Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade
11. Central do Brasil (1998), de Walter Salles
12. Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco
13. Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado
14. Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman
15. O Som ao Redor (2012), de Kleber Mendonça Filho
16. Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho
17. Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho
18. Bye Bye, Brasil (1979), de Carlos Diegues
19. Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias
20. São Bernardo (1974), de Leon Hirszman
21. Iracema, uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodansky e Orlando Senna
22. Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri
23. Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra
24. Ganga Bruta (1933), de Humberto Mauro
25. Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci
26. A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1968), de Roberto Santos
27. Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos
28. Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho
29. Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos
30. Tropa de Elite (2007), de José Padilha
31. O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade
32. Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci
33. Santiago (2007), de João Moreira Salles
34. O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha
35. Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (2010), de José Padilha
36. O Invasor (2002), de Beto Brant
37. Todas as Mulheres do Mundo (1967), de Domingos Oliveira
38. Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Julio Bressane
39. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto
40. Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra
41. O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga
42. A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral
43. Sem Essa Aranha (1970), de Rogério Sganzerla
44. SuperOutro (1989), de Edgard Navarro
45. Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach
46. À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), de José Mojica Marins
47. Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles e Daniela Thomas
48. A Mulher de Todos (1969), de Rogério Sganzerla
49. Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos
50. Alma Corsária (1993), de Carlos Reichenbach
51. A Margem (1967), de Ozualdo Candeias
52. Toda Nudez Será Castigada (1973), de Arnaldo Jabor
53. Madame Satã (2000), de Karim Ainouz
54. A Falecida (1965), de Leon Hirzman
55. O Despertar da Besta – Ritual dos Sádicos (1969), de José Mojica Marins
56. Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor (1978)
57. A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha
58. Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles
59. O Grande Momento (1958), de Roberto Santos
60. O Lobo Atrás da Porta (2014), de Fernando Coimbra
61. O Beijo da Mulher-Aranha (1985), de Hector Babenco
62. O Homem que Virou Suco (1980), de João Batista de Andrade
63. O Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes
64. O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto
65. A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Junior
66. O Caso dos Irmãos Naves (1967), de Luís Sérgio Person
67. Ônibus 174 (2002), de José Padilha
68. O Anjo Nasceu (1969), de Julio Bressane
69. Meu Nome é… Tonho (1969), de Ozualdo Candeias
70. O Céu de Suely (2006), de Karim Ainouz
71. Que Horas Ela Volta? (2015), de Anna Muylaert
72. Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bondanzky
73. Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda
74. Estômago (2010), de Marcos Jorge
75. Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes
76. Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira
77. Pra Frente, Brasil (1982), de Roberto Farias
78. Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1976), de Hector Babenco
79. O Viajante (1999), de Paulo Cezar Saraceni
80. Anjos do Arrabalde (1987), de Carlos Reichenbach
81. Mar de Rosas (1977), de Ana Carolina
82. O País de São Saruê (1971), de Vladimir Carvalho
83. A Marvada Carne (1985), de André Klotzel
84. Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna
85. Inocência (1983), de Walter Lima Jr.
86. Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis
87. Os Saltimbancos Trapalhões (1981), de J.B. Tanko
88. Di (1977), de Glauber Rocha
89. Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de Andrade
90. Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), de José Mojica Marins
91. Cabaret Mineiro (1980), de Carlos Alberto Prates Correia
92. Chuvas de Verão (1977), de Carlos Diegues
93. Dois Córregos (1999), de Carlos Reichenbach
94. Aruanda (1960), de Linduarte Noronha
95. Carandiru (2003), de Hector Babenco
96. Blá Blá Blá (1968), de Andrea Tonacci
97. O Signo do Caos (2003), de Rogério Sganzerla
98. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger
99. Meteorango Kid, Herói Intergaláctico (1969), de Andre Luis Oliveira
100. Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade (*)
101. Bar Esperança, o Último que Fecha (1983), de Hugo Carvana (*)

(*) Empatados na última colocação, com o mesmo número de pontos.

Quais órgãos são essenciais à sobrevivência?


Do BBC

O corpo humano é formado por inúmeros órgãos responsáveis por garantir nossa sobrevivência. Mas alguns deles não são exatamente essenciais – e são até dispensáveis para a vida.

Algumas partes do nosso corpo não são essenciais à sobrevivência.
O número de órgãos considerados "prescindíveis", que não são estritamente necessárias à vida, é até surpreendente.

As amígdalas, por exemplo, ainda que protejam as vias respiratórias de uma invasão bacteriana, perdem sua importância após os três anos de idade.

Além disso, por causa de sua função, elas podem ser infectadas facilmente – e é exatamente por isso que, quando as dores e infecções na garganta se tornam recorrentes, a medida aconselhada pelos médicos é a extração das amígdalas. A ausência delas não afeta a resposta imunológica do organismo.

Outro órgão desnecessário – e que muitas vezes nos causa problemas, como apendicite – é o apêndice. Ele não tem função específica no corpo humano e tudo indica que foi útil a nossos ancestrais para digerir alimentos duros, como cascas de árvores. Mas, atualmente, ele não serve para nada.

Alguns cientistas acreditam que, com a evolução da espécie, o apêndice tende a desaparecer. No entanto, esse órgão é rico em células linfoides que combatem infecções e poderia ter algum papel no sistema imunológico.

Ainda assim, tendo ou não uma função, ele pode ser retirado sem causar dano algum ao corpo humano.

Diferente do apêndice, a vesícula, esse pequeno saco verde em forma de pera que se esconde atrás do fígado, é, sim, útil. Ela se encarrega de armazenar a bile e ajuda a digerir os alimentos.


No entanto, quando começa a causar muitos problemas – principalmente nos casos de pedras na vesícula -, ela pode ser eliminada. Quando isso ocorre, é apenas necessário ter alguns cuidados a mais na alimentação – o consumo de comida picante ou gasosa, por exemplo, pode causar diarreia e inchaço.

Outros órgãos que não são estritamente necessários para a nossa sobrevivência são os reprodutores, tanto das mulheres, quanto dos homens: útero, ovários, testículos e próstata. Eles são essenciais para criar novas vidas, mas é possível viver sem eles.

De todos esses,  apenas o coração é imprescindível para a sobrevivência.
Outro "mistério" que persiste por muito tempo é a existência dos mamilos nos homens. A exemplo do apêndice, os mamilos são partes ou órgãos chamados de "vestigiais", que ao longo da evolução da espécie foram perdendo sua função. Mas no caso dos mamilos, podem causar sérios problemas, pois seus tecido podem formar tumores tão fatais quanto aqueles que acometem mulheres nas mamas.

Danos menores

Com algumas consequências adversas, ainda é possível viver sem mais órgãos. Como as glândulas da tireóide (é possível viver sem elas com a ajuda de tratamentos hormonais), o baço (mas ficamos mais propensos a infecções) e várias veias (temos muito mais do que precisamos).

O próprio cérebro, apesar de ser essencial à vida, pode ter algumas partes retiradas sem grandes danos. Cirurgiões retiraram até metade do cérebro de centenas de pacientes por problemas que não poderiam ser corrigidos de outra forma e, ainda assim, essas pessoas sobreviveram, apesar de carregarem algumas sequelas.

A operação se chama hemisferectomia e não tem efeito na personalidade ou na memória. O que se perde é o uso de um dos olhos e uma das mãos – do lado oposto ao do hemisfério cerebral que foi tirado. Caso o lado ausente seja o esquerdo, também é possível que se tenha mais dificuldade para falar, até que o próprio cérebro se autocorrija.

Há também os casos de órgãos que existem em pares - os pulmões, por exemplo. É possível viver só com um deles, ainda que seja necessário uma preocupação com a respiração, que será mais restrita. Mas é possível ter qualidade de vida com um pulmão só, tudo depende do estado de saúde prévio à cirurgia para a retirada do órgão.

Os rins também existem em pares, mas é possível viver com um só. Sua função principal é "filtrar" os fluidos do corpo e um rim já dá conta de fazer isso, enviando as sobras para a bexiga.

É possível viver com apenas um dos rins com a ajuda da bexiga para filtrar os fluídos.
O intestino grosso é outro que pode ter sua função desempenhada pelo intestino delgado após uma adaptação neste órgão. É possível também viver sem o estômago, conectando o esôfago diretamente ao intestino delgado.

Há também um osso da perna, a fíbula ou perônio, que não tem função de sustentação de peso do corpo, então também é de certa forma dispensável. Ela até pode ser utilizada como peça para reparar outros ossos.

Por fim, a última parte das vértebras: o cóccix. Ele é o único vestígio que nos resta de uma cauda. E pode nos causar muitas dores quando caímos e batemos essa parte ao final da coluna. Mas ele pode ser retirado sem maiores sequelas.

Valor do novo salário mínimo fixado em R$ 880,00 representa aumento de 11,7%



A presidenta Dilma Rousseff assinou, nesta terça-feira (29), decreto que define o valor de R$ 880,00 para o salário mínimo, de acordo com nota publicada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República.



A nova quantia, que entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2016, é R$ 92,00 maior do que o piso pago em 2015, que é de R$ 788,00.

A decisão beneficia cerca de 40 milhões de trabalhadores e aposentados, que atualmente recebem o piso nacional.

Confira a nota na íntegra:

Decreto assinado nesta terça-feira (29/12) pela presidenta da República, Dilma Rousseff, fixa o salário mínimo que entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2016: R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais). O decreto será publicado no Diário Oficial da União de quarta-feira (30/12).

Com o decreto assinado hoje pela presidenta Dilma Rousseff, o governo federal dá continuidade à sua política de valorização do salário mínimo, com impacto direto sobre cerca de 40 milhões de trabalhadores e aposentados, que atualmente recebem o piso nacional.

O ministro Miguel Rossetto falará à imprensa às 15h na sede do Ministério do Trabalho & Previdência Social.

Secretaria de Imprensa
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

Leonel Brizola é incluído no “livro dos Heróis da Pátria”



A presidenta Dilma Rousseff sancionou lei aprovada pelo Senado que inclui o político gaúcho Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria, que homenageia brasileiros que se destacaram na defesa e construção da história nacional. A lei foi publicada hoje (29) no Diário Oficial.

O livro, com páginas de aço, fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Leonel Moura Brizola. Foto: Reprodução do Blog  do Memorial do RS.

Fundador do PDT, Leonel de Moura Brizola nasceu em 1922, em Carazinho, no Rio Grande do Sul, e morreu no Rio de Janeiro, em 2004. Foi o único político brasileiro a governar dois estados diferentes: o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro. Também foi prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e deputado federal.

Brizola, teve participação expressiva na luta contra a ditadura militar e, após o golpe de 1964, viveu no exílio no Uruguai, Estados Unidos e Portugal até voltar ao Brasil com a Lei da Anistia. Foi candidato à Presidência da República por duas vezes e candidato à vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 1998, quando foram derrotados por Fernando Henrique Cardoso.

O nome do político gaúcho vai aparecer no livro ao lado de nomes como Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, Duque de Caxias, Alberto Santos Dumont, Chico Mendes, Getúlio Vargas, Heitor Villa Lobos e Anita Garibaldi, entre outros.

Prazo

A lei sancionada por Dilma também altera o tempo necessário para que uma personalidade possa ser homenageada no Livro dos Heróis da Pátria após sua morte, de 50 para dez anos. “A distinção será prestada mediante a edição de lei, decorridos 10 (dez) anos da morte ou da presunção de morte do homenageado”, diz a nova redação.



E porque tu só escreve sobre negro e negra?


- Teu blog recebe patrocínio? Perguntou um moço (que por questão de ética não revelarei o nome).

- Não. Respondi.

Ele tentando justificar a pergunta disse:

- É porque tu só escreve sobre negro e negra. 


- Ah! Disse pra ele com um ar de desconfiança. Sutilmente lhe disse: em primeiro lugar sou negro e esse já se configura como um fato importante, pois um negro que não conhece a história de seus ancestrais não é capaz de se libertar das correntes que aprisionam a mente, já que judicialmente não se pode mais acorrentar o corpo. E em segundo lugar, como consequência da primeira, porque gosto de escrever sobre as ações afirmativas de negros e negras que lutaram e lutam para se libertar e por igualdade em todos os campos. E em terceiro lugar não só escrevo sobre negros e negras. Escrevo sobre várias temáticas com maior afinco para a área educacional. Falo sobre política, saúde, esporte, cultura e suas adjacências que podem ser a desigualdade social ou a inclusão social e racial. 

Marinha libera documentos de João Cândido (o Almirante Negro), depois de 98 anos


Do PCO

Pela primeira vez a Marinha brasileira torna público documentos sobre o marinheiro de 1ª classe João Cândido Felisberto (1880-1969), o almirante negro que pôs fim aos castigos corporais na Marinha após liderar a Revolta da Chibata, em 1910.

Os documentos históricos vieram à tona somente 98 anos depois devido à iniciativa de uma equipe de historiadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) a serviço do Projeto Memória da Fundação do Banco do Brasil, que iniciou uma pesquisa sobre o líder da revolta.

Coordenado por Marco Morel, a pesquisa levantou uma série de documentos do Arquivo Nacional até então jamais revelados, baseando-se na lei 11.111/05, que permite a liberação de documentos oficiais.

Nem os filhos e nem o próprio João Cândido nunca puderam ter acesso aos papéis. O almirante negro "nunca existiu na Marinha", contestou certa vez ele mesmo.


O documento mais importante é a ficha funcional do marinheiro. Tendo ingressado na Marinha em 10 de dezembro de 1895, João Cândido iniciou sua carreira militar como grumete e chegou a ser promovido a cabo, mas foi rebaixado - duas vezes - algum tempo depois. Ao todo permaneceu na Armada durante 15 anos até ser expulso em 1910 e relegado ao esquecimento. Em todo o tempo de Marinha foi punido nove vezes, variando de dois a quatro dias em uma solitária até o rebaixamento na hierarquia.

Em sua ficha de 24 páginas escritas à mão não há nenhum registro sobre espancamento, fato comum naquela época que durou mais de duas décadas.

Os castigos físicos contra os marinheiros foram extintos pela primeira vez em 1889, mas voltou a entrar em vigor com o Governo Provisório um ano depois.

O estopim para o levante liderado por João Cândido, então com 30 anos de idade, foi a punição do marinheiro Marcelino Rodrigues, condenado a 250 chibatadas. O movimento foi deflagrado no dia 22 de dezembro de 1910.
De acordo com os registros, até três meses antes da revolta João Cândido recebeu o último elogio por bom comportamento.

A revolta que acabou definitivamente com as chibatadas na Marinha causou a expulsão de João Cândido e o seu banimento da quase totalidade dos livros de história.

João Cândido liderou mais de três mil marinheiros que exigiam o fim das chibatadas e chegaram a apontar os canhões dos navios de guerra para São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, sede do governo federal.

A revolta terminou com a promessa do presidente da República, Hermes da Fonseca, de acabar com os castigos e anistiar todos os revoltosos, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, João Cândido e outros líderes da Revolta foram presos e submetidos às piores condições.

Como vendedor de peixes, morreu na completa pobreza, sem patente nem aposentadoria, no dia 6 de dezembro de 1969, no Rio de Janeiro, sendo perseguido até o fim de seus dias.

Vida de Luiz Gama é retratada no filme “prisioneiro da liberdade”



Dirigido por Jeferson De, “Prisioneiro da Liberdade” retrata a vida de Luiz Gama, homem negro que, apesar de nascer livre, é vendido pelo próprio pai e sofre na pele todas as dores de um escravo. O filme, que tem o apoio do Instituto Luiz Gama e distribuição garantida da Europa Filmes, retrata uma jornada cheia de drama e aventura, que retrata um herói pouco conhecido dos brasileiros.


Mesmo com os preconceitos e as dificuldades que lhes são impostas, Luís Gama consegue se alfabetizar, estudar e se tornar não só seu próprio advogado, mas também um dos melhores profissionais da época. Foi um intelectual que libertou mais de mil pessoas nos tribunais usando as leis e se transformou um ícone na luta pela abolição da escravatura.

Pouco conhecido da maioria dos brasileiros, a Panaoid começa a trabalhar em seu novo longa-metragem, sob o comando de Jeferson De, o mesmo de Bróder (2010) e de Dogma Feijoada (2005). A produtora será responsável por levar aos cinemas esse evento histórico que marcou o século XIX.

Em entrevista ao Jornal Meio Norte, Jeferson De relata que a intenção é mostrar este personagem desconhecido para muitos brasileiros, sobretudo, os mais jovens, mas que lutou pela a liberdade, por aspectos importantes do que hoje se chama exercício de cidadania.

Nossa idéia é retratar a infância de Luiz Gama, na Bahia, ao lado de sua mãe, mostrando o cotidiano de um menino negro livre que é vendido pelo próprio pai. Sua trajetória como escravo até tornar-se o mais importante defensor da liberdade em São Paulo”, diz o diretor.

O título, segundo o diretor, conta muito sobre do que se pretende mostrar. “Luiz Gama desejou a sua liberdade com uma intensidade extrema, em seguida pensou além de si, por isso o chamamos de Prisioneiro da liberdade”, diz, acrescenado que o roteirista Luis Antonio conseguiu narrar um momento da história brasileira que diz respeito ao fim da escravidão e o fim do império através do olhar de um menino que torna-se um dos homens mais importantes da história brasileira, cujo ideal de vida foi a liberdade e não somente noque se refere a escravidão. “Gama foi além de um abolicionista, este é apenas um aspecto de sua vida. O prisioneiro tratará de corrigir esta visão”, declara.

Jeferson diz que “Prisioneiro da Liberdade” trata-se de uma biografia histórica que requer muita preparação. “Desta forma é importante cuidar de cada detalhe da produção. Demanda tempo para que tudo saia como queremos”, diz, lembrando que o filme está ainda na fase bem inicial, com alguns pontos definidos, como as locações nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

O diretor conta que o elenco segue em aberto. “Ficamos nos últimos dois anos trabalhando junto com nosso roteirista e dimensionando o tamanho e o que será o filme. Escolher o elenco é sempre um momento delicado e pretendemos realizar testes para encontrar parte deste grupo. Obviamente, alguns nomes surgem em nossas reuniões e sempre comentamos e debatemos as possibilidades”, explica.

A respeito da vida de Gama, o diretor diz que é difícil saber se ele superou o trauma de nascer livre, ser vendido pelo paí e sofrer todas as agruras da escravidão. “Acho que não. Depois que foi vendido, nunca mais encontrou sua mãe, imagino que seja um acontecimento insuperável. Mas acho que ele soube conviver com a dor. Para mim -e o filme não deixa de ser uma visão pessoal- ele continuou a caminhar. Luiz Gama foi um ótimo observador do Brasil e entendeu profundamente o que estava acontecendo a sua volta”, comenta.


Coleção de livros de Carolina Maria de Jesus estão disponíveis para download



O ano era 1958 e o jornalista Audálio Dantas tinha ido até a favela do Canindé, em São Paulo, para fazer um registro do cotidiano dos seus moradores. Carolina de Jesus, mulher negra, catadora de papel, já há algum tempo procurava alguém que publicasse os seus escritos. Ao saber da presença do jornalista na favela, convidou-o a ler algumas linhas que escrevera nos cadernos que encontrava no lixo. O encantamento de Audálio foi imediato. Rapidamente, percebeu que ninguém melhor que Carolina para contar sobre as mazelas daquele lugar. Em 1960, quando o livro Quarto de despejo foi lançado, vendeu mais de 100.000 cópias, batendo todos os recordes editorias para a época. Traduzido em 13 línguas, o livro foi vendido em 40 países, tornando-se um best seller.


O livro é um registro categórico das dificuldades da população negra e mestiça que vivia em condições sub-humanas na periferia de São Paulo na década de 1950. Mãe solteira de três filhos, Carolina lutava diariamente para conseguir se alimentar, bem como a seus filhos. Em um trecho do livro, a autora revela:

Ontem eu ganhei metade de uma cabeça de porco no frigorífico. Comemos a carne e guardei os ossos. E hoje puis os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos estão sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar”. Carolina Maria de Jesus. 10 de maio de 1958.

Carolina lia muito, sabia das coisas, acompanhava os jornais, as discussões políticas e tinha claro entendimento de que a pobreza estava ligada à falta de políticas públicas:

” …Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? um leito em Campos de Jordão?. Eu quando estou com fome quero matar o Jânio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos políticos”. Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus. 10 de maio de 1958.

Para ela, o fim da desigualdade social no Brasil só viria quando o governo fosse assumido por políticos que tivessem sofrido na carne as agruras do povo humilde:

O que eu aviso aos pretendentes a política, é que o povo não tolera fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la”. Carolina Maria de Jesus. 10 de maio de 1958

Definitivamente, Carolina de Jesus é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que tenha pretensão de discutir os programas sociais de combate a fome no Brasil. O que Carolina de Jesus mostra em sua prosa é a condição degradantes a que milhares de crianças, homens e mulheres eram submetidos na década de 1950. Vivendo dos restos daqueles que viviam nas “casas de alvenaria”, os moradores dos barracos sofriam com a total falta de saneamento básico e atendimento médico. Seu relato é comovente e avassalador e precisa ser difundido entre os brasileiros.

Para ter acesso a coleção que composta por mais cinco livros além do “Quarto de Despejo, clique aqui.

Se preferir clique no link de cada obra abaixo:






Nietzsche e o cristianismo. “Na verdade, o único cristão morreu na cruz”.



Interessa ao filósofo não a verdade histórica, ou seja, o texto da verdadeira pregação do Cristo, mas a reconstituição de seu tipo psicológico.
 
Que possibilidades restam hoje para um diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo? Tomemos a frase de O anticristo que, de imediato, nos lança no campo filológico das relações entre texto e interpretação: “Eu volto atrás. Conto a autêntica história do Cristianismo (des Chirstenthums). Já a palavra ‘Cristianismo’ (Christenthum) é um mal entendido – no fundo houve um único cristão, e este morreu na cruz. O ‘Evangelho’ morreu na cruz.”1.

O Cristianismo (Christenthum) é um mal entendido porque resulta de uma falsa interpretação do Evangelho, da vida de Jesus de Nazaré. “O ‘Evangelho’ morreu na cruz” – isso significa que o mal entendido consiste na fé cristã, tal como esta se apresenta no Cristianismo histórico. Desvirtua-se a Boa Nova de Jesus, considerando-a sob a óptica teológica do pecado, da culpa e do castigo; tomando-o como vítima expiatória de um sacrifício vicário.

Nietzsche estabelece uma oposição entre Christenthum (Cristianismo) e Christlichkeit e Christ-sein (respectivamente Cristianicidade e ser-cristão). O Cristianismo ‘oficial’ consiste na redução do Ser-cristão, da espiritualidade própria à Cristianicidade, a dogmas, fundamento da crença eclesiástica.

Reduzir o Ser-cristão, a Cristianicidade a um ter-por-verdadeiro, a uma mera fenomenalidade da consciência, significa negar a Cristianidade. De fato não houve em absoluto cristãos. O ‘cristão’, aquilo que há dois milênios se chama cristão, é meramente um mal entendido psicológico.!”2?

A Cristianicidade não se expressaria em estatutos, organização institucional com cerimônias e rituais; ela consiste antes numa práxis, num fazer e se abster, numa forma de ser.3? A Christlichkeit é uma condição natural de vida, não uma causalidade psicológica, ativada por crenças e estados mentais. Para Nietzsche,  essa práxis – esta é autêntica Boa-Nova.

O Cristianismo (das Christenthum), por oposição a isso, é uma religiosidade da fé. “Estados de consciência, alguma crença, um ter-por-verdadeiro, por exemplo – todo psicólogo o sabe –, são, com efeito, estados completamente indiferentes e de quinta ordem considerados em relação ao valor dos instintos: dito de maneira mais rigorosa, o inteiro conceito de causalidade espiritual é falso.”4?

Porque considera real uma causalidade imaginária, o Cristianismo dogmático degenera a práxis cristã; esse é o sentido da frase: De fato não houve em absoluto cristãos. Essa degeneração resulta de uma interpretação falsificadora. O ‘cristão’ é aquele cuja forma de vida é pretensamente determinada pelo que se acredita, por artigos de fé, pela verdade revelada.

O anticristo visa resgatar a Cristianicidade. A reconstituição da autenticidade perdida, cujos traços desfigurados ainda se conservam nos Evangelhos, é o resultado de uma refinada hermenêutica que, desfazendo o mal entendido, traz à luz o ‘verdadeiro tipo psicológico do Redentor’. Trata-se de uma confusão entre o que Jesus de Nazaré pregou e o modo como foi sentido e interpretado. O equívoco talvez só desaparecesse com o rigoroso exame histórico dos textos, empregando-se métodos científicos para apurar a “verdade sobre o que ele fez, disse, sobre como ele propriamente morreu”.5?

Nada mais longe, porém, dos propósitos de Nietzsche. Usar os métodos científicos sobre o que foi “traditado” pelos Evangelhos seria cometer um atentado filológico. Quando os documentos essenciais são Heiligen-Legenden (legendas sagradas), a cientificidade é fracasso antecipado, ociosidade erudita.6?

Interessa a Nietzsche não a verdade histórica, ou seja, o texto da verdadeira pregação do Cristo, mas a reconstituição de seu tipo psicológico. É a pergunta genealógica pela personalidade que poderia ter vivido e ensinado aquilo que os Evangelhos a ele atribuem que desfaz o mal entendido. “O que a mim me importa é o tipo psicológico do Redentor. Este poderia, com efeito, estar contido nos Evangelhos, apesar dos Evangelhos, ainda que muito mutilado ou sobrecarregado com traços estranhos.”7?

Como agiografia, os Evangelhos são, para Nietzsche, um gênero literário. Eles fornecem o palimpsesto para o trabalho filológico, do qual brota uma “re-interpretação” do perfil psicológico de Jesus. A hermenêutica do Anticristo consiste, por um lado, em despojar o tipo psicológico do Redentor de traços alheios com os quais foi sobrecarregado e, de outro lado, em reparar as mutilações que o desfiguram.

Não é com erudição filológica e com metodologia que Nietzsche quer se aproximar da figura de Jesus, mas por meio de uma reconstituição de seu tipo psicológico […] Nietzsche se coloca perante a tradição evangélica de modo inteiramente crítico. No entanto, como obtém ele a figura positiva de Jesus, o tipo psicológico do Redentor? Duas passagens bíblicas ofereceram-lhe claramente um ponto de ancoragem8?; por que essas duas, não o esclarece o próprio Nietzsche. A despeito de seu professado rigor de fisiólogo, é necessário constatar: a reconstrução ou re—cons–tituição do tipo do Redentor funda-se em conhecimento intuitivo, em intuição (Einfühlung).”9?

Nietzsche intui os traços da vida e do ethos de Jesus para, a partir daí, liberá-lo dos acréscimos incompatíveis com sua natureza. Essa intuição congenial é viabilizada pela literatura. É por meio dessa fonte que se pode compreender por que Nietzsche resume o essencial do Evangelho nos dois versículos de Mateus e Lucas acima mencionados. Numa passagem de Ma Religion escreve Tolstoi: Le passage qui devint pour moi la clef de tout fut celui qui est renfermé dans les 38e. E 39e. Versets de Math. V: Vous avez appris qu’il a été dit: œil pour œil et dent pour dent; et moi, je vous dit de ne point résister au mal que l’ont veut vous faire.10? Nietzsche complementa: “O reino de Deus está dentro de vós”; “Não resistais ao mal” (Lucas XVII, 21 e V, 39); nisso ele discerne a medula espiritual do autêntico ensinamento de Jesus, a única doutrina compatível com seu tipo psicológico. O acesso é franqueado pela literatura:

Conheço apenas um único psicólogo que viveu num mundo onde o Cristianismo é possível, onde um Cristo pode surgir a qualquer instante… É Dostoievski. Ele adivinhou Cristo: e ele permaneceu sobretudo instintivamente protegido de se representar esse tipo com a vulgaridade de um Renan.”11?

Para Nietzsche, Jesus pregara uma religião do amor, um budismo dos inocentes de Deus, para quem a bem-aventurança consistiria na vivência atemporal da realidade interior, na fuga de qualquer rigidez moralista. “Que significa a ‘Boa Nova’? A vida verdadeira, a vida eterna foi encontrada – ela não é prometida, está aqui, está dentro de vós: como vida no amor, no amor sem subtração, nem exclusão, nem distância. Todos são filhos de Deus – Jesus não reclama nada exclusivamente para si –, enquanto filho de Deus, todo homem é igual ao outro.”12? Aqui não são firmados artigos de fé; trata-se, antes, de uma prática evangélica13? de comunhão com o “Pai” e com o próximo. O mundo externo adquire a consistência diáfana da parábola, alegoria da verdadeira realidade interna, sem pecado, culpa ou expiação.

Sem distância entre o homem e Deus, apenas a comunhão universal na inocência, como na pureza das crianças (‘Olhai os lírios do campo’; ‘contemplai as aves do céu’).

A vida, a mensagem e a morte do Redentor não eram, para Nietzsche, senão essa prática, nenhuma fórmula, nenhum rito, nenhum cerimonial.

O ‘reino de Deus’ é um estado do coração – não algo situado ‘acima da terra’ ou a que se chegue ‘depois da morte’ –, a hora, o tempo, a vida física e suas crises não existem em absoluto para o Mestre da Boa Nova… O reino de Deus não é algo que se aguarde, não tem um ontem, nem um “além de amanhã”, não chega ‘dentro de mil anos’ – é uma experiência em um coração, está em toda parte, não está em lugar algum.”14?

Essa ventura suprema, que transpõe o abismo entre Deus e homem, assim como entre os homens, conduziu Jesus à morte, em conseqüência da pregação. O que dela permanece não é uma doutrina, mas um ethos perante os acusadores, a não-resistência ao ódio, mesmo à morte na cruz, antes compadecer-se de quem pratica o mal contra si.

As palavras ditas ao ladrão na cruz contêm todo o Evangelho. Este foi, em verdade, um homem divino, um ‘filho de Deus’, diz o ladrão. Se tu sentes isso – responde o Redentor –, então também estás no Paraíso, és tu também um filho de Deus… Não se defender, não se encolerizar, não tornar responsável, não opor resistência, nem sequer ao mau, amá-lo.”15?
Em jargão político, Jesus seria, para Nietzsche, um “santo anarquista”16, que atraíra o povo simples, os ‘pecadores’ e excluídos do Judaísmo oficial, em conjuração contra a ordem dominante; pois a linguagem empregada por ele, “caso fosse para confiar nos Evangelhos, ainda hoje também teria conduzido à Sibéria”.17? Para seus contemporâneos, sua pregação o tornava um contestador político da ordem vigente. Contradição, porém, que não se encontrava nele, mas em sua interpretação.

Para Nietzsche, Jesus não era um revolucionário, e sim, ‘com alguma tolerância na expressão’, um espírito livre. Que essa tolerância não lhe deve ser imputada apenas a descrédito, pode-se depreendê-lo da psicologia do ressentimento. Segundo Nietzsche, o espírito que se tornou livre teve de amargar em si muita negatividade, já que não se libertou sem ter ultrapassado muito de seus mais arraigados preconceitos. Jesus, porém, não valora negativamente homem e mundo. Consideradas as coisas mais de perto, afirma Nietzsche, “jamais teve ele um motivo para negar o mundo, ele jamais cogitou do conceito eclesiástico do mundo. Precisamente a negação é para ele inteiramente impossível”.18?

Aqui seria oportuno cotejar o tipo psicológico do Redentor com a valoração moral escrava e ressentida, tal como essa se apresenta em Para a genealogia da moral. Nessa obra, ao descrever a dupla gênese da oposição entre Bem e Mal, Nietzsche assim diferencia a moral afirmativa dos senhores da moral negativa dos escravos:

Toda moral nobre brota de um triunfante dizer sim a si próprio, a moral dos escravos diz não, logo de início, a um ‘fora’, a um ‘outro’, a um ‘não si mesmo’: e esse não é seu ato criador. Essa inversão do olhar que põe valores – essa direção necessária para fora, em vez de voltar-se para si próprio – pertence justamente ao ressentimento: a moral dos escravos precisa sempre, para surgir, de um mundo oposto e exterior – sua ação é, desde o fundamento, por reação”.19?

Ao tipo psicológico do Redentor não pertence negatividade, oposição, nem também o ressentimento. Sua práxis é, pois, afirmativa, tendo sua fonte na vivência da bem-aventurança interior. Nele, a liberdade espiritual é a libertação do espírito de vingança. Ora, espírito de vingança é, para Nietzsche, torturante prisão e impotência. Sendo assim, a vida de Jesus é um caso paradoxal: depurado do espírito de vingança, a práxis evangélica não constitui uma modalidade de ressentimento; vivendo de sua própria plenitude, ela se configura como afirmativa, porém numa ambiência histórico-espiritual de negatividade. Isso a aproxima do Budismo, na medida em que nesse se valoriza “uma grande mansidão de ânimo e liberalidade de costumes, a ausência completa de militaris-mo… Como meta suprema, busca-se a jovialidade, a calma, a ausência de desejos, e essa meta se alcança”.20?

Sabemos que, para Nietzsche, Budismo e Cristianismo são religiões da decadência. Entre elas, porém, vigora uma diferença abissal: o Budismo é manifestação da decadência ingênua, enquanto o Cristianismo se configura como decadência hostil, que aspira pelo domínio:

O Budismo é uma religião para homens tardios, para raças que se tornaram bondosas, mansas, superespiritualizadas, que sentem dor com demasiada facilidade (a Europa está longe de estar madura para ele): ele é uma recondução dessas raças à paz e à jovialidade, à dieta espiritual, a certo endurecimento no corporal. O Cristianismo quer dominar sobre animais de rapina – a debilitação é a receita cristã para o amansamento, para a ‘civilização’. O Budismo é uma religião para a conclusão e o cansaço da civilização, o Cristianismo sequer a encontra diante de si, sob certas circunstâncias, ela a funda”.21?

Isso enseja um novo paralelo: para Nietzsche, também a Europa do final do século 19 vive um período de ocaso – os ‘espíritos livres’ são homens tardios, legatários dessa herança espiritual acumulada. Por isso, Nietzsche pressente, como fenômeno característico do declínio cultural da Europa de seu tempo, a ascensão de um budismo europeu.

Ora, sendo essa a situação da Europa, de acordo com a genealogia de Nietzsche, caberia perguntar: não estaria se anunciando, para o futuro da Europa, um amadurecimento possível daquele budismo ocidental? Não seria esse o kairós para um renascimento da Christlichkeit? Não seria por isso que Nietzsche vislumbrava não no Cristianismo histórico, mas no Ser-Cristão uma permanente possibilidade de vida?

O Cristianismo é em todo instante ainda possível… Ele não está ligado a nenhum dogma insolente que se enfeitou com seu nome, não necessita da doutrina de um Deus pessoal, nem da culpa, nem da imortalidade, nem da redenção, nem da fé, ele simplesmente não tem necessidade de qualquer metafísica, menos ainda do ascetismo, menos ainda de uma ‘ciência natural’ cristã. Quem diz hoje: ‘Eu não quero ser soldado’, ‘eu não me preocupo com tribunais’, ‘os serviços, a polícia, não são exigidos por mim’, esse seria um cristão… justamente aquilo que é, em sentido eclesiástico, o cristão, é o anticristão. A práxis do Cristianismo não é nenhuma fantasmagoria, tampouco a práxis do Budismo o é: é um meio para ser feliz.”22? Utopia presentista dos simples de coração, sem arché nem escatologia, sem tribunal da história ou final apocalíptico dos tempos – o Cristianismo é um estilo de vida, a todo instante possível.

Essa reflexão comporta duas indagações: 1) a reconstituição genealógica da psicologia do Redentor deriva de duas realidades fisiológicas o essencial do Evangelho. Essas ‘realidades’ são mais indicativas de debilidade do que de força ascendente:

Ódio instintivo à realidade: conseqüência de uma extrema capacidade de sofrimento e excitação, que já não quer, de modo algum, ser tocada, pois sente de um modo demasiado profundo todo contato. A exclusão instintiva de toda aversão, de toda inimizade, de todas as fronteiras e distâncias no sentimento: conseqüência de uma extrema capacidade de sofrimento e excitação, que sente com desprazer […] insuportável todo opor-se”.23? Essa ‘realidade’ fisiológica é interpretada por Nietzsche como uma forma sublime de hedonismo, de epicurismo. Jesus e Epicuro seriam, assim, decadentes típicos, figuras crepusculares da civilização. “A fuga da dor, até mesmo no infinitamente pequeno na dor – ela não pode terminar em nada além do que numa religião do amor.”24?

2) Seria isso, porém, apenas esgotamento, ou também sinal de uma nova potência, que teria alcançado um poder sobre si mesma e, como supremo autodomínio, se tornado forte o suficiente para poder renunciar às formas mais grosseiras de vontade de poder?  Não estaríamos aqui em presença de uma figura de auto-superação e auto-supressão por sublimação?

Em todo caso, há indicações abundantes dessas vertigens do paradoxo em Nietzsche. Em seu Zaratustra, por exemplo: “Quando o poder se torna clemente e desce até o visível: beleza denomino eu tal descender. E de ninguém quero mais beleza do que precisamente de ti, violento: seja tua bondade tua derradeira autoviolentação. Esse é, com efeito, o mistério da alma: só quando a abandonou o herói é que se aproxima dela, em sonhos, o além-do-herói”.25?

Conversão da força em beleza, uma vez atingido o ponto culminante no desenvolvimento de uma potência cultural – não é isso mesmo que Nietzsche chama de catástrofe? Não significa ela um momento de crise que completa e consuma as virtualidades inscritas no destino de um ciclo cultural e, ao fazê-lo, descerra um novo começo, uma transvaloração de todos os valores?

Argumentando em favor de uma resposta positiva a essa questão, pode-se invocar o exemplo da própria filosofia de Nietzsche. Esse ‘homem tardio’ vivenciou como o proprium de sua inscrição na tradição metafísica precisamente a crise que marca o final de um ciclo histórico da cultura no Ocidente. Destruídos os ‘ídolos’ supremos dessa cultura, que possibilidades restariam para a moral e seus valores? Ao identificar na probidade intelectual a derradeira virtude, Nietzsche recorreu a essa metáfora da catástrofe.

A própria moralidade cristã, o conceito de veracidade, tomado cada vez mais rigorosamente, o refinamento de confessores da consciência cristã, traduzido e sublimado em consciência científica, em asseio intelectual a qualquer preço […] é por esse rigor, se é que por alguma coisa, que somos justamente bons europeus e herdeiros da mais longa e mais corajosa auto-superação da Europa.”26?

Não se poderia retomar nesse sentido a pergunta pelo Cristianismo como uma práxis sempre ainda possível? Isto é, como cuidado para com o que permanece seminal nas raízes éticas mais profundamente implantadas em nossa história de formação?