Lev
Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade perto de Minsk, a
capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia (e que só se tornou
independente em 1991, com a desintegração da União Soviética, adotando o nome
de Belarus). Seus pais eram de uma família judaica culta e com boas condições
econômicas, o que permitiu a Vygotsky uma formação sólida desde criança. Ele
teve um tutor particular até entrar no curso secundário e se dedicou desde cedo
a muitas leituras. Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou,
mas acabou cursando a faculdade de direito.
Formado,
voltou a Gomel, na Bielo-Rússia, em 1917, ano da revolução bolchevique, que ele
apoiou. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um
laboratório de psicologia - área em que rapidamente ganhou destaque, graças a
sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade,
tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos. Em 1925, já sofrendo da
tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo
sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado.
O
psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky morreu há 74 anos, mas sua obra ainda está
em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o
Brasil. "Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos
da pedagogia contemporânea", diz Teresa Rego, professora da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de
contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da
argentina Emilia Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos.
A
parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo
de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em
particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um
papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente
pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo
ou sociointeracionismo.
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