Publicados
em sua maioria nos jornais Correio da Manhã e Jornal do Brasil, nos quais o
autor ocupou cadeira cativa durante muitos anos, os textos de Quando é dia de
futebol mostram um Carlos Drummond de Andrade atento ao futebol em suas
múltiplas variantes: o esporte, a manifestação popular, a metáfora que nos
ajuda a entender a realidade brasileira. São crônicas e poemas escritos a
partir da observação do autor sobre campeonatos, Copas do Mundo, rivalidades
entre grandes times e lances geniais de Pelé, Mané Garrincha e outros.
Selecionados
por Luis Mauricio e Pedro Augusto Graña Drummond, netos do poeta, os textos
oferecem um passeio - muito drummondiano, e portanto leve, inteligente e arguto
- por nove Copas do Mundo: de 1954, na Suíça, até a última testemunhada pelo
autor, em 1986, no México. Não são, claro, resenhas de certames nem tentativas
de análise futebolística. Vão além, em seu aparente descompromisso, pois
capturam no futebol aquilo que mais interessava ao autor: a capacidade que o
bate-bola tem de estilizar, durante os noventa minutos de duração de uma
partida, as grandes paixões humanas.
“Confesso que o futebol me aturde, porque não
sei chegar até o seu mistério”, anota o mineiro em um dos textos. Pura
modéstia, como se verá na leitura deste Quando é dia de futebol, pois, se houve
algum escritor brasileiro habilitado à decifração desse esporte apaixonante,
foi mesmo Carlos Drummond de Andrade.
Via
Companhia das Letras
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