Da senzala para o cartão postal: minha carne não é do seu carnaval



Atualmente um fato específico causou grande polemica no que se refere à contribuição da mídia brasileira para manutenção e reforço da erotização da mulher negra, que foi o concurso para eleição da “Globeleza”, onde se inicia a “caça as mulatas” para representar a propaganda de uma das maiores festas do país, o carnaval. 

Esta é a única vez onde a beleza da mulher negra, reduzida a região inferior traseira, ganha vez na televisão para anunciar o produto bom, bundudo e barato ofertado para o entretenimento dos foliões estrangeiros que movimentam a economia turística do país. No resto do ano, sabemos bem o espaço que a televisão brasileira nos reserva: a cozinha ou a prisão.

Nós, mulheres negras, lutamos com livros, unhas e dentes buscando escrever nossa história para além da relação sexual com seu senhor, buscando superar o titulo de “vadia” que nos tatuaram a pele e que nos apresenta como objeto legitimador da escravidão atenuada.

Convivemos cotidianamente com diversos tipos de violência associados a esta imagem mercantilizada do nosso corpo, patrocinada e propagada pela mídia brasileira. Esta violência é de ordem moral, uma vez que a nós difama e fere nossa honra e reputação; é física ao por em risco a integridade de nosso corpo, já que somos tidas como “disponíveis”; e também psicológica, por implicar diretamente na percepção que temos de nós mesmas e interferir no nosso comportamento afetivo e sexual que se ampara nessa cruel identidade hipersexualizada em que somos vistas e que muitas vezes acaba implicando no reflexo que vemos no espelho.

Tirem seus rótulos do meu corpo negro!


A análise é do Grupo de Mulheres Negras do Cariri Cearense e foi publicado originalmente no Pretas Simoa

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