Em Altaneira, Cícero Chagas fala sobre sistema educacional no encerramento do Projeto Nossas Raízes




Alunos da Escola Estadual Santa Tereza na culminância
do "Projeto Nossas Raízes". Foto: Prof. Paulo Robson.
A Escola de Ensino Médio Santa Tereza, do município de Altaneira, a partir dos professores da área de Ciências Humanas lançaram no dia 13 de maio do corrente ano, dia em que os negros vindos forçados da África para trabalhar como escravos foram tornados livres pela princesa Isabel em 1888, mas sem receber as condições de socialização, o projeto intitulado “Nossas Raízes” como parte de encaminhamento para a efetivação da Lei nº 10. 639/2003.

O Projeto teve a coordenação do professor de História Vinicius Freire e tem como uma das finalidades trabalhar a participação da cultura africana na formação da sociedade brasileira e durante todo o percurso os alunos tomaram contato com as diversas formas de manifestação cultural do povo negro a partir de oficinas de confecção de instrumentos musicais africanos. 

Laelba Batista, professora de
Sociologia.
Neste dia 20, data histórica para o povo negro, esse corpo de professores realizaram a culminância do projeto durante os períodos da tarde e noite com exibições de vídeos produzidos pelo alunado contando em depoimentos dos próprios educadores e outras personalidades a construção do racismo no Brasil e as diversas maneiras de enfrentamentos destes. Houve ainda a demonstração das principais características do povo negro referenciadas através da musicalidade e de danças compostas por diferentes ritmos e instrumentos construídos pelo próprio corpo discente.

A professora de Sociologia, Laelba Batista se utilizou de um artigo produzido por Lorena Morais com o propósito de refletir sobre a questão do racimo no Brasil. O texto fala dos percalços enfrentados diariamente por Lorena e conta um pouco do quanto foi difícil superar o preconceito contra sua cor. “Ser negra vai além de uma questão de pele... O racismo me fez chorar durante anos, me fez odiar minha pele e meu nariz, fez me esconder no fundo da sala de aula, não querer namorar, fugir dos homens e acreditar que 'aquele olhar não era pra mim' ”, diz o texto. Lorena é jornalista e agente comunitária de saúde. Acesse essa reflexão aqui.

Cícero Chagas - Membro da
RECID.
Vale registrar que as oficinas foram desenvolvidas por Cícero Chagas e teve como foco a confecção dos instrumentos Afoxé e Xequerê. Cícero que é membro da Rede de Educação Cidadã – RECID, da Associação Raízes Culturais de Altaneira e colaborador da Associação Beneficente de Altaneira – ABA, entidade mantenedora da Rádio Comunitária Altaneira FM falou sobre o sistema educacional que continua sendo burocrático e emperra a efetivação de projetos importantes como esse. “O sistema é racista e a escola é racista quando se utiliza de uma educação em grade. Qual é a única função de uma grade?”, indagou. “Ela só tem uma função. Prender. E essa prisão não permite que vocês, alunos, façam a única coisa que sabe melhor fazer, que é aprender. O aprendizado por obrigação não funciona. Por outro lado, não permite que o professor também faça o que de melhor ele sabe fazer, que é educar. Não permite que ele ultrapasse essas grades impostas pelo sistema”, arguiu. Ao falar das escolas Cícero argumentou que o simples fato de dividir o alunado em tipos de classes, a “A” para os ‘bonzinhos” e a “C” ou “D” para os ‘danados’ se configura como uma forma camuflada de discriminação.

Não nos iludamos. A Lei nº 10.639/2003 é um marco histórico importante das lutas do povo negro neste país. Muita coisa mudou nesses dez anos, mas muito ainda precisa mudar. Continuemos na luta.

Confira fotos das apresentações dos alunos







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