Debate em Altaneira: Uma democracia que não barre a força popular

DESENHO FEITO POR RICARDO SOUSA



A Rádio comunitária Altaneira Fm realizou neste último sábado (22) o debate entre os prefeituráveis de Altaneira, Delvamberto Soares (PSB), atual prefeito e, Joaquim Rufino (PTB). O mesmo foi mediado pelo professor mestre da URCA e atual presidente da ABA – Associação Beneficente de Altaneira, entidade responsável pela manutenção da emissora, Carlos Alberto Tolovi.

Pós debate, nada mais justo do que tecer comentários a respeito. A maioria das pessoas via rede social facebook e nos portais de comunicação (os blogs do município), elogiaram a iniciativa da emissora, uma vez que permitiu a construção de um momento de exercício democrático, além de constituir mais uma chance do eleitor indeciso fazer a escolha do melhor candidato.

No entanto, é preciso que se faça uma análise profunda de como foi construído, desenvolvido e finalizado tal debate e que se vá além do que se pode observar. Desta feita, pode-se afirmar que o debate foi importante. Um momento de exercício de cidadania e da prática democrática. Toda via, deve-se frisar que o projeto do debate realizado não permitiu a participação efetiva do povo, uma vez que um dos momentos que iria proporcionar isso, a saber, as perguntas direcionadas aos candidatos não foram feitas pelo povo, mas sim por pessoas ligadas às duas coligações, como por exemplo, as secretárias, vereadores, etc, o que foge a prática democrática de fato.

Diante deste cenário, é preciso que se faça a seguinte pergunta: de “qual a democracia se fala”? Afinal de contas, sendo bem simplista, todo gestor, na esfera federal, estadual e, nesse caso, municipal, governa para o povo. No modelo comunista e, ou socialista governa com o povo. Nesse caso se ele governa para o povo ou com o povo, é esse povo, aqui entendido como as massas populares que deveriam realizar perguntas ao candidato e, não o secretariado, os vereadores, etc. Nunca é demais lembrar que secretários e vereadores são partes constitutivas da maquina administrativa. Dessa forma, utilizando a teoria do corporativismo é como se os pés perguntassem as mãos como ela faz para coça-lo.  A controvérsia não pode ser amarrada no velho discurso de que a massa não tem comportamento para tal evento e, que assim sendo, o debate corria risco de não terminar.

Neste contexto, a forma como foi desenvolvido o debate excluiu a massa da participação, na medida em que se teve um público escolhido. Deve-se lembrar também que  para poder transferir o poder dos poderosos para o povo, esse processo terá que estar acompanhado da participação das massas a fim de reverter a situação.  Assim, uma administração, apenas, não pode fazer isso. É fundamental que se cria novas instituições democráticas ou que as já existentes se conscientizem desse papel; é preciso criar instituições sociais e políticas para levantar as forças do povo que, neste momento, estão marginalizadas dentro do sistema e não tem nem participação, nem poder.

Feita essa análise, cabe frisar também o lado positivo e inovador do debate. Poucos municípios do Ceará tem essa iniciativa. Altaneira está aquém de muitos outros espaços sociais, principalmente se levarmos em consideração a polarização do poder politico – partidário o que dificultaria a realização de momentos como esses. 

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